Mundo Lusíada
Com Lusa
Nesta sexta-feira, o primeiro-ministro português, António Costa, sublinhou em visita ao parlamento de Moçambique um ‘slogan’ muito usado em 1975, que em democracia “o voto é a arma do povo”.
“Quero desejar os maiores sucessos à consolidação do processo de paz e, recordando uma frase que dizíamos muito em Portugal em 1975, na época da Revolução, é que o voto é a arma do povo e que em democracia o voto é a única arma que se deve fazer ouvir. É o que desejamos a Moçambique e todos os moçambicanos”, afirmou, no final da visita à Assembleia da República.
A presidente do parlamento moçambicano, Verónica Macano, que conduziu a visita, salientou o “grande orgulho” na visita do primeiro-ministro português e deixou uma garantia a António Costa. “Vamos efetivamente utilizar essa arma para continuarmos a melhorar a vida dos moçambicanos”, afirmou. Ainda este ano Moçambique terá eleições autárquicas e no próximo eleições gerais.
Durante a sua visita oficial de dois dias, Costa tem salientando o papel do atual Presidente, Filipe Nyusi, na consolidação do processo de paz em Moçambique. Tal como tem acontecido em vários pontos da visita, o primeiro-ministro português foi recebido na Assembleia da República com música e danças tradicionais.
Confiança para investir
Antes, Costa elegeu um quadro de estabilidade e confiança como “a primeira condição para o investimento”, elogiando o esforço do Presidente de Moçambique, para concluir o processo de paz.
“Ao nível político, esse processo está criado. É por isso que apoiamos ativamente a estabilização e a concretização do grande esforço do Presidente Nyusi para retomar e concluir o processo de paz, muito bem encaminhado, e que culminará certamente dentro de alguns meses em eleições autárquicas e a conclusão do processo de descentralização”, afirmou António Costa, no encerramento do seminário empresarial Portugal-Moçambique.
António Costa considerou que Portugal apoiará esse processo, quer através do programa quadro de cooperação na área da Defesa já assinado em fevereiro, quer com os acordos assinados na quinta-feira na área da administração interna, no âmbito da III Cimeira Luso-moçambicana.
Como segunda dimensão essencial do investimento, Costa voltou a apontar a importância do financiamento às empresas e a aposta em instrumentos multilaterais, em especial a CPLP, que na sua próxima cimeira – em Cabo Verde, dentro de 15 dias – irá assinar um acordo com o Banco Africano de Desenvolvimento (BAD) para criação de um fundo dedicado a investimento nos países de língua oficial portuguesa.
“Sair de crises profundas exige esforço, trabalho, persistência e também alguma paciência, mas se há algo que é absolutamente imprescindível é a capacidade de resiliência dos agentes econômicos e essa as vossas empresas sempre demonstraram bem, quer em Moçambique quer em Portugal”, elogiou.
Por seu lado, o ministro da Economia e das Finanças de Moçambique, Adriano Maleiane, saudou a elevada participação no seminário empresarial: “Nunca tinha visto a nossa sala assim tão cheia”. “A realização deste seminário é o culminar do compromisso entre autoridades dos dois países em desenvolver ações mútuas de cooperação empresarial entre os países”, sublinhou.
O ministro da Economia e Finanças fez questão de salientar a evolução positiva dos mais recentes indicadores de mercado do país, que depois dos baixos níveis de 2016 – devido à descoberta das dívidas ocultas de 2 mil milhões de dólares com garantias estatais -, registram “melhorias significativas” desde o verão passado e, sobretudo, no primeiro trimestre de 2018.
Armando Maleiane destacou a assinatura, no fim do seminário, de um protocolo entre a Agência para o Investimento e Comércio de Portugal (AICEP) e a Agência para a Promoção de Investimento e Exportação de Moçambique (APIEX).
“Portugal tem sido um dos dez principais investidores estrangeiros em Moçambique, e nos últimos cinco anos financiou cerca de 500 projetos envolvendo investidores privados portugueses e que criaram mais de 28 mil postos de trabalho”, destacou.