Porto: Nutricionistas, pediatras e psicólogos ajudam famílias com crianças a comer saudável

Mundo Lusíada
Com agencias

A partir de junho, o Porto recebe a primeira Unidade de Intervenção Alimentar da Criança para ajudar as famílias com crianças a comer saudável e travar as birras à mesa dos que não querem legumes e frutas.

A Unidade de Intervenção Alimentar da Criança (UnIAC) começa em junho por iniciativa das faculdades de Ciências da Nutrição e da Alimentação (FCNAUP), Psicologia e Ciências da Educação e a de Medicina da Universidade do Porto, bem como do Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto.

A criação da UnIAC, anunciada publicamente na terça-feira na celebração do 42º aniversário da FCNAUP, tem o objetivo aproveitar a pesquisa que a Universidade do Porto faz no domínio da nutrição e alimentação, e trabalhar em conjunto com as várias faculdades da Universidade do Porto para ajudar as famílias a comer saudável e a prevenir a obesidade infantil e outras doenças, explicou o diretor da FCNAUP, Pedro Moreira.

Dar sopa com palhinha a crianças avessas a legumes pode ajudar a travar conflitos entre pais e filhos às refeições. Para aprender a comer saudável, especialistas do Porto decidiram avançar com a UnIAC.

“Hoje em dia, a nossa sociedade é muito hedônica, temos a ideia que tem que dar prazer, mas a solução da palhinha é um belo exemplo para mostrar que não é tanto a questão do prazer, é mais a questão da motivação para o comer. De fato a palhinha é um método” fácil para pôr uma criança a comer mais saudável sem travar guerras, porque muitas vezes a refeição é um “fator de grande estresse entre o casal”, explica Pedro Moreira, um dos impulsionadores da criação da unidade no Porto.

A recompensa
O “recurso à recompensa” em dar um doce em troca de comer a sopa é um erro apontado pelo especialista em nutrição, alertando que depois é “muito difícil sair dessa armadilha” de comer saudável com “contratos de recompensa” com sobremesas doces.

No leque de serviços oferecidos pela UnIAC inclui-se a orientação prática sobre os estilos e práticas alimentares da família, bem como atividades de educação alimentar junto das crianças, com recurso a metodologias ativas, interativas e digitais. Está ainda prevista a realização de oficinas sobre alimentação saudável para pais e filhos.

“Prevemos com cada caso haver uma avaliação inicial que é feita conjuntamente pelo psicólogo e pelo nutricionista (…) e partir daqui é depois elaborado o plano de intervenção e será programada o tipo de estratégias que vão ser conduzidas”, explicou Sandra Torres.

A psicóloga, que integra o projeto universitário da UnIAC, considera que “há muito trabalho a fazer com os pais, porque na faixa etária das crianças entre os dois e cinco anos quem “toma as grandes decisões” são dos progenitores.

“Aumentar o tempo de exposição de alimentos saudáveis e brincar com eles é um caminho a percorrer nas consultas, disse, explicando que no contexto de intervenção e de consulta vai haver um “supermercado montado” com os produtos alimentares mais desejáveis, onde se vai pôr a criança a brincar e a simular escolhas, com o objetivo de no futuro resultar numa escolha melhor da comida”.

A UnIAC pretende ser “uma resposta” para que um conjunto de profissionais de saúde junto das famílias e das crianças possam trabalhar “colaborativamente com o objetivo de promover um estilo de alimentação saudável da criança”, explicou Pedro Moreira à Lusa.

As consultas com as crianças são uma forma de chegar aos pais também, porque “tem de haver exemplos em casa e uma unidade de discurso na família coerente”, resume Pedro Moreira.

“Sabemos que a biologia humana, regra geral, não nos empurra muito para as coisas que são mais desejadas em termos de alimentação saudável, nomeadamente uma ingestão adequada de produtos hortícolas. Sabemos que comer vegetais é uma coisa muito complicada nas famílias”, acrescenta o diretor da FCNAFP, lembrando que a pesquisa demonstra que o “consumo de vegetais” pode aumentar com a “exposição repetida de alguns vegetais” ou que a “interação de sabores diferentes dos vegetais com outros que a criança gosta”.

As consultas “inovadoras pelo espírito colaborativo entre nutricionistas, pediatras e psicólogos”, vão ter “normas” e “ferramentas” devidamente adaptadas e validades como por exemplo pelo Geração XXI, um projeto de investigação da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto que tem estudado 8647 crianças, que mostra que crianças portuguesas escolhem doces aos legumes, referiu Pedro Moreira.

As marcações de consultas de nutrição e psicologia devem ser feitas por telefone ou ‘e-mail’ para a Faculdade de Nutrição e Psicologia, com dias disponíveis às segundas-feiras, das 09:30 às 16:00, e aos sábados das 09:00 às 13:00. O preço das consultas é de 30 euros.

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