O Presidente Marcelo Rebelo de Sousa (C), acompanhado pelo presidente da Câmara Municipal de Lisboa, Fernando Medina (2-E), durante cerimônia oficial de inauguração da 88ª Feira do Livro de Lisboa, 25 de maio de 2018. ANDRÉ KOSTERS / LUSA
Mundo Lusíada
Com Lusa
O Presidente português prometeu ouvir mais agentes do setor livreiro, contribuindo para que tenha “a atenção devida”, e anunciou uma nova Festa do Livro em Belém, entre 31 de agosto e 02 de setembro.
No dia da inauguração da 88.ª Feira do Livro de Lisboa, Marcelo Rebelo de Sousa percorreu, durante duas horas, as bancas do lado direito, em passo veloz, e adiantou que regressará no domingo, para ver as bancas do lado esquerdo, e depois mais duas vezes em junho, para fazer compras.
Na cerimônia oficial de inauguração, perante o ministro da Cultura, Luís Filipe Castro Mendes, e o presidente da Câmara Municipal de Lisboa, Fernando Medina, o chefe de Estado afirmou que se tem empenhado em “chamar a atenção para a cultura do livro”, apesar de esta matéria não estar sob a sua “intervenção executiva”.
O Presidente salientou, entre outras iniciativas, a “despretensiosa” Festa do Livro nos jardins do Palácio de Belém, que lançou em 2016, e anunciou que a terceira edição acontecerá nos dias 30 e 31 de agosto e 01 e 02 de setembro deste ano, novamente em colaboração com Associação Portuguesa de Editores e Livreiros (APEL).
Marcelo Rebelo de Sousa defendeu que, enquanto Presidente da República, tem “responsabilidades acrescidas” na promoção da leitura e no apoio aos editores e livreiros.
“Procurarei ouvir – sempre apoiando o testemunho empenhado do senhor ministro da Cultura – nos próximos meses, mais ainda, agentes do mundo do livro para avançar, se possível, mais um modestíssimo contributo no sentido de dar a este setor a atenção devida”, acrescentou.
O chefe de Estado referiu que tem feito o mesmo noutros setores culturais, “promovendo o diálogo” o que, no seu entender, “talvez não seja sempre bem compreendido”, mas “é desejado e é, sobretudo, benéfico”.
Marcelo Rebelo de Sousa considerou que cada visita a esta feira comprova que “o livro tem futuro” e, comparando a imprensa com a internet, declarou, provocando alguns risos: “Leitores ocasionais ou leitores vorazes, somos todos, quando se trata de pensar, ainda filhos de Gutenberg, mais do que de Zuckerberg”.
Segundo o Presidente, o setor livreiro “vive momentos muito difíceis”, mas “nem tudo está perdido” e há “muitos sinais de esperança”, mesmo na internet, que dá espaço a debates literários e alberga comunidades de leitores.
Enquanto cidadão, descreveu-se como “leitor, colecionador de livros antigos, micro e nem sempre bem-sucedido editor e divulgador duas décadas a fio, como poucos o foram”.
Marcelo Rebelo de Sousa encontrou na inauguração da Feira do Livro de Lisboa o antigo presidente da Assembleia da República Jaime Gama, agora presidente da Fundação Francisco Manuel dos Santos.
No passeio de duas horas pelo lado direito da feira, esteve sempre acompanhado pelo ministro da Cultura e pelo presidente da Câmara de Lisboa e dirigente socialista Fernando Medina, a quem no final desejou um “bom congresso” do PS, que começa e termina no domingo, na Batalha, no distrito de Leiria.
A meio do percurso, já tinha falado na reunião magna dos socialistas com Fernando Medina, ao folhear as páginas de um livro sobre culinária macaense: “Vou abrir uma ao acaso: frango vermelho com castanhas. No dia de abertura do congresso do PS, tinha de ser vermelho. Até nisto, gastronomia oriental, veja bem, eu abri logo no vermelho”.
Marcelo Rebelo de Sousa elogiou a qualidade e dimensão desta edição da Feira do Livro de Lisboa e tomou nota de vários livros a comprar, como uma entrevista ao secretário-geral do PCP, Jerónimo de Sousa, por Carlos Ferreira de Almeida, editada pela Modo de Ler.
“Não vou perder aquela entrevista, que não conhecia, do secretário-geral do PCP, já tem uns anos, quero ver”, disse aos jornalistas.
O chefe de Estado ficou também de escolher livros para oferecer ao presidente da Assembleia da República, Eduardo Ferro Rodrigues, e ao primeiro-ministro, António Costa.
Pavilhões
Mais oito pavilhões do que em 2017 e mais 25 marcas editoriais estarão presentes na 88.ª Feira do Livro de Lisboa, de 25 de maio a 13 de junho no Parque Eduardo VII.
Este ano, a feira conta com 294 pavilhões e com a presença de 626 marcas editoriais/editoras, ocupando 23 mil metros quadrados, ou seja, mais 3.000 metros quadrados do que em 2017, referiu o secretário-geral da Associação Portuguesa de Editores e Livreiros (APEL), Bruno Pacheco.
Entre as novidades está a hora de encerramento da feira de segunda a quinta-feira, que passa das 23:00 para as 22:00, o que faz com que a “Hora H” – momento de descontos especiais — seja também antecipada uma hora.
Segundo Bruno Pacheco, a antecipação da hora de encerramento resulta de uma auscultação aos editores, por lhes parecer o horário mais adequado, uma vez que a feira é muito visitada por famílias com crianças.
Outras novidades deste ano serão o espaço ‘selfie’, um local para tirar e partilhar fotografias panorâmicas da cidade, e uma nova coleção de ‘merchandising’, onde a cortiça estará presente.
No sábado, 26, dias depois de completar 95 anos, o ensaísta Eduardo Lourenço marcará presença na feira numa iniciativa em que será exibido o documentário “Labirinto da Saudade”, com a presença do cineasta, Miguel Gonçalves Mendes, e da presidente da Fundação José Saramago, Pila del Río.
A Feira do Livro de Lisboa associa-se à iniciativa Noite da Literatura Europeia e juntará, a 09 de junho, os autores Damir Karakas (Croácia), Felipe Benitez Reyes (Espanha), Laetitia Colombani (França), Errico Buonanno (Itália), Olga Stehlíková (República Checa) e Radu Sergiu Ruba (Roménia) numa conversa moderada por Pedro Vieira.
O autor David Machado, vencedor do Prêmio de Literatura da União Europeia em 2015, estará à conversa com o público no dia 08 de junho.
No recinto estará patente uma exposição retrospectiva de todas as edições da feira, intitulada “88 anos de imagens com história”, onde se poderá revisitar o certame desde o início dos anos 30 do século XX, quando se realizava no Rossio.
A escritora Luísa Costa Gomes, o crítico de cinema João Lopes, os autores Moita Flores, Nuno Artur Silva, Adelino Faria e Luísa Schmidt são alguns dos nomes que estarão presentes nos debates promovidos pela Fundação Francisco Manuel dos Santos, que este ano mantém a parceria com a Rádio Renascença.
Muitos também são os participantes do Brasil no evento. Entre os leitores do Mundo Lusíada, o escritor João da Luz participa no stand da Editora Paulinas fazendo exposição do seu livro “Dicas de Viagens”; e ainda a escritora Renata Goulart estará apresentando sua obra infantil “Conte-me uma história antes que eu aprenda a ler”, pela Editora Chiado. Confira mais no site http://feiradolivrodelisboa.pt.