Da Redação
Com Lusa
O Presidente português, Marcelo Rebelo de Sousa, defendeu um orçamento da União Europeia pós-2020 mais ambicioso e mais justo do que aquele proposto pela Comissão Europeia e disse esperar que Portugal encontre “aliados” nas negociações.
O chefe de Estado, que participou na conferência anual organizada pelo Instituto Universitário Europeu em Florença sobre o “Estado da União”, este ano consagrada à “Solidariedade na Europa”, considerou que “a Europa tem agora uma oportunidade única para tomar decisões que foram congeladas, adiadas, num ano de eleições [em vários Estados-membros] como foi 2017”, e, “entre essas decisões particularmente importantes”, destacou a aprovação do orçamento para 2021-2027.
“A nossa posição, a posição portuguesa, que é boa para a Europa é esta: não adiar para depois das eleições europeias [previstas para maio de 2019], porque isso é um cheque em branco, ninguém sabe o que se passará depois quanto à formação da Comissão, quando será, como será”, começou por alertar.
Marcelo Rebelo de Sousa apontou quatro metas que gostava de ver atingidas: “ter mais ambição do que aquilo que se teve em termos de orçamento”, “não ter medo de haver recursos próprios da própria União Europeia”, “ser mais justo em termos de Política de Coesão e de Política Agrícola Comum” e, por fim, “para os países que estão no Eurogrupo, a fazer convergência, a reduzir o défice e a dívida, haver apoio às reformas estruturais, com financiamento próprio”.
Reportando-se à proposta inicial de orçamento plurianual para 2021-2027 apresentada na semana passada pela Comissão Europeia, que prevê cortes em torno dos 7% na Política de Coesão e dos 5% na Política Agrícola Comum (PAC), o Presidente da República reiterou que “foi uma notícia má, no sentido em que é um mau ponto de partida”.
“Podia ser mais ambicioso e, da nossa ótica, mais equitativo, mais justo. Não foi. Mas, nós agora estamos a trabalhar, continuamos a trabalhar, e estas metas para que apontamos são metas para serem trabalhadas nos próximos meses”, disse.
Marcelo Rebelo de Sousa acrescentou que é possível Portugal encontrar “outros países europeus” que sejam “aliados no sentido de perceberem que isto é tudo importante para a Europa: decidir rápido, decidir com ambição, ser justo na coesão e na PAC e olhar para os países da zona euro”, que estão a fazer os sacrifícios como Portugal fez para reduzir o défice, “e apoiar as reformas estruturais”.
Antes da sua intervenção na conferência, o chefe de Estado reuniu-se com a comunidade acadêmica portuguesa do Instituto Universitário Europeu, e participa à noite num jantar oficial oferecido pelo Presidente da República Italiana, Sergio Mattarella, em honra dos seus homólogos de Portugal, República da Irlanda e Grécia.