Da Redação
Com Lusa
O presidente da Corticeira Amorim, António Rios Amorim, afirmou que vai investir cerca de 50 milhões de euros em 2018, entre inovação, reforço de capacidade industrial e novas instalações, para acomodar o crescimento do grupo empresarial português.
No dia em que se comemorou na Euronext, em Lisboa, o 30.º aniversário da admissão da Corticeira Amorim na bolsa portuguesa, o gestor disse à agência Lusa que “a inovação não é o grande desafio” da empresa, “mas sim a grande oportunidade”, lembrando que o setor aerospacial é um daqueles que “mais valor cria à cortiça e que maior potencial de crescimento tem”.
“Ao olhar, 30 anos depois, acho que a admissão à cotação na bolsa portuguesa foi uma decisão muito acertada”, disse o gestor, esclarecendo que a empresa deseja manter-se na Euronext.
A secretária de Estado da Indústria, Teresa Lehmann, disse na ocasião que é com orgulho que nota que o tecido empresarial português “tem sabido modernizar as empresas, investir em tecnologia e inovar”, mas mantendo “orgulho na sua tradição”, numa clara alusão à Corticeira Amorim.
“Muitas das indústrias mais inovadoras portuguesas são tradicionais”, frisou a governante, realçando que a Corticeira Amorim personifica a “inovação na tradição” e a “indústria do futuro”.
A secretária de Estado afirmou que a Corticeira Amorim surge hoje associada a nomes como a NASA e a Agência Espacial Europeia e soube posicionar-se “muito bem num mercado estratosférico”, isto é, gracejou, “passou da terra para outros níveis”.
O presidente da Corticeira Amorim explicou ainda à Lusa que se mantém “a relação histórica entre a empresa e a NASA, através de uma filial nos Estados Unidos que foi comprada em 1992.
“Essa relação mantém-se e tem-se vindo a intensificar ultimamente, pois têm-se multiplicado o lançamento de satélites no espaço, e esse vai e vem constante significa uma utilização crescente da cortiça, mais recentemente ainda com a redução de custos dos satélites no espaço através de novos operadores”, disse, lembrando que é um dos negócios com “mais potencial de desenvolvimento futuro”.
Mas, advertiu, há outras aplicações na área da cortiça que a empresa está a desenvolver, nomeadamente a utilização da cortiça com borracha e para desporto.
O líder da Corticeira Amorim considerou ainda que a entrada na bolsa portuguesa, há 30 anos, permitiu “claramente financiar” a empresa e reforçar a estrutura de capitais próprios, processo que foi fundamental para a sua internacionalização e constituição de mais de 40 empresas que hoje distribuem grande parte dos produtos no mundo.
A bolsa foi também para o gestor, entre outros aspetos, uma “alavanca essencial” na profissionalização da gestão e no redesenho do modelo de governança.
A capitalização da Corticeira Amorim, aquando da sua admissão à bolsa, atingia os 165 milhões de euros, em dezembro de 2008 caiu para 108 milhões de euros, mas em abril deste ano situou-se em 1.463 milhões de euros.
A entrada em bolsa da Corticeira Amorim teve lugar em abril de 1998, seguindo-se a Ipocork e a Amorim & Irmãos, em junho desse ano, e a Champcork, um mês depois.
Um ano mais tarde foi lançada uma oferta pública de troca de ações da corticeira Amorim pelos títulos das restantes empresas.
Ao longo de 30 anos, a Corticeira Amorim teve níveis diferentes de dispersão de capital.
Nos anos mais recentes (2015 e 2016), a empresa reforçou significativamente o ‘freefloat’ (capital disperso) até cerca de 25%, em duas operações participadas por investidores institucionais, portugueses e estrangeiros.