Presidente regional destaca “fibra” dos Açorianos que partiram para Santa Catarina há 270 anos

Mundo Lusíada

No Brasil, o Presidente do Governo dos Açores afirmou que é um “sentimento avassalador” pensar o que foi, há 270 anos, a dimensão da emigração açoriana para Santa Catarina, o que “diz muito da fibra e da têmpera” dos Açorianos que partiram para o Estado brasileiro.

“Isto é algo de uma força e de uma dimensão que, hoje em dia, com todas as facilidades do mundo moderno, nós, porventura, não nos apercebemos à primeira, mas é algo de muito poderoso e que quer dizer muito da fibra e têmpera daqueles que aqui chegaram e que são os nossos antepassados”, salientou Vasco Cordeiro.

O Presidente do Governo falava quinta-feira num encontro com a comunidade açoriana e descendentes de Santa Catarina, no final do segundo dia da visita oficial a convite do Governador do Estado, Eduardo Pinho Moreira, que incluiu a inauguração de painel exterior de azulejos alusivo aos 270 anos da presença açoriana em Santa Catarina.

“As palavras não são suficientes para vos dar conta daquilo que sinto no final desta visita a Santa Catarina”, frisou Vasco Cordeiro, ao referir uma frase que traduz aquilo que viu em Santa Catarina: “nós podemos tirar um Açoriano dos Açores, nós nunca conseguimos tirar os Açores do coração de um homem”.

Neste encontro, o último ponto da visita a Santa Catarina, o Presidente do Governo adiantou ainda que, a partir desta visita oficial, “há um outro sentido para a expressão ‘Açorianos de coração’, que são aqueles que não nasceram nos Açores e não vivem nos Açores e, em alguns casos, nunca visitaram os Açores, mas sentem a Açorianidade de uma forma muita intensa. Os Açorianos de Santa Catarina”.

Nesta quinta-feira, além do encontro com a comunidade açoriana e açor-descendente, o Presidente do Governo visitou a Irmandade do Divino Espírito Santo de Santa Catarina, o Ecomuseu do Ribeirão da Ilha e o Núcleo de Estudos Açorianos, fundado em 1984 e que está sediado na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).

Reforço de Laços

O presidente do Governo Regional dos Açores sublinhou ainda querer que a política acompanhe a história e a identidade no reforço de laços entre o arquipélago e o estado de Santa Catarina.

Na visita ao Núcleo de Estudos Açorianos da UFSC, Vasco Cordeiro reiterou a mensagem que trouxe ao Brasil, garantindo “querer manter esta ligação, estas raízes” entre os açorianos e os brasileiros de Santa Catarina.

“Esta visita para mim tem sido, utilizando uma expressão bíblica, uma autêntica Estrada de Damasco em relação à questão da diáspora açoriana, das comunidades açorianas, da imigração açoriana”, vincou, numa referência à Bíblia.

Para Vasco Cordeiro, a viagem ao Brasil, que termina no domingo, “não é apenas uma viagem em que se sinaliza a afetividade”.

“É importante que a política acompanhe e reforce aquilo que a história, a identidade e a cultura já estabeleceram há muito”, acrescentou o chefe do Governo dos Açores, que garantiu novamente que irão ser procuradas “novas formas de fortalecer a ligação” entre a região autônoma portuguesa e Santa Catarina.

A primeira deslocação de Vasco Cordeiro ao Brasil enquanto presidente do executivo açoriano decorre na sequência da declaração de 2018 como “Ano dos Açores em Santa Catarina”, onde, entre 1748 e 1754, desembarcaram os primeiros emigrantes da região autônoma.

A deslocação oficial incluirá ainda as cidades de São Paulo e Rio de Janeiro, onde o Presidente do Governo manterá encontros com as comunidades açorianas e presidirá ao lançamento do livro ‘Uma Página sobre Vitorino Nemésio’, que vai decorrer na Casa dos Açores do Rio de Janeiro.

Em São Paulo, a Casa dos Açores promove um coquetel para a recepção da comitiva, com início às 19h40 com apresentação do Cancioneiro Açoriano do Coral Cantares do Basalto da CASP, seguido de apresentação do Grupo Folclórico da Casa dos Açores, antes das falas das autoridades.

A convite de Vasco Cordeiro, a comitiva que se encontra no Brasil integra ainda os presidentes das Câmaras Municipais de Ponta Delgada, Angra do Heroísmo e Praia da Vitória – cidades geminadas com Florianópolis, capital do estado de Santa Catarina -, bem como alguns deputados da comissão de Política Geral do parlamento açoriano.

O Brasil constituiu o destino da primeira vaga sistemática de emigração açoriana a partir do século XVIII, nomeadamente para o sul do país. Após este período verificou-se um grande fluxo migratório, em finais do século XIX e no início e na primeira metade do século XX, para os estados de São Paulo e do Rio de Janeiro.

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