Da Redação
Com Agencias
Representantes de diversos países debatem, no 8º Fórum Mundial da Água, como tragédias ambientais ocorridas no passado ajudaram os governos a se preparar para evitar acidentes como o rompimento de barragens e represas.
O assunto foi discutido na Sessão Especial sobre Desenvolvimento Econômico e Segurança de Bacias Hidrográficas: Riscos, Ações Preventivas e Monitoramento, durante a tarde de 21 de março.
Na Europa, a resposta rápida para qualquer tipo de incidente foi o segredo dos países da Península Ibérica para superar tragédias do passado. Segundo o português Pedro Serra, consultor da TPF-Planege Cenor, uma das principais empresas de engenharia de Portugal, cada uma das represas do país têm suas regras, que buscam, na impossibilidade de impedir grandes problemas, ao menos reduzir os danos.
“Eles têm um plano interno: se algo acontecer de errado, alguém na empresa tem que saber o que precisa ser feito. E planos externos também: se tiver algum risco de colapso, então as autoridades nacionais são chamadas para tomar medidas para evitar perda de vidas”, informou.
Para ilustrar a complexidade da gestão de barragens, Pedro Serra contou que no sul do país foi necessário construir uma estrutura com mais de 600 milhões de metros cúbicos de água para implantar o plano de irrigação do Alentejo, região seca do país.
O Ministério do Ambiente de Portugal é o coordenador do processo regional Europa do Fórum Mundial da Água, que acontece em Brasília até dia 23 de março. O Relatório Europeu reflete a situação na Europa em cada um dos seis temas definidos para o Fórum, clima, pessoas, desenvolvimento, ecossistemas, urbano e financiamento.
A realização, pela primeira vez, do evento num país de língua portuguesa “reclama necessariamente uma presença muito ativa do lado de Portugal”, referiu o Ministro do Ambiente, João Pedro Matos Fernandes.
O Ministério do Ambiente lançou, no início deste ano, o projeto “Portugal rumo a Brasília”. Essa semana, o ministro português ainda defendeu um papel da ONU na gestão da água.
A delegação liderada pelo Ministro do Ambiente integra a Secretária de Estado dos Negócios Estrangeiros e da Cooperação, o Secretário de Estado do Ambiente, o Vice-Presidente do Camões – Instituto da Cooperação e da Língua,I.P., entre outros representantes de diversas instituições como o LNEC, Lis-Water, Agência Portuguesa do Ambiente, Águas de Portugal e Parceria Portuguesa para a Água.
Brasil
A presidente do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), Suely Araújo, também participou do painel. Ao responder a perguntas da plateia sobre o rompimento da barragem do Fundão, em Mariana, há pouco mais de dois anos, ela disse que, ao se deparar com uma “tragédia dessa dimensão” ficou clara a necessidade de se estabelecer uma “política de prevenção efetiva”. Até hoje, atingidos pela tragédia ainda não foram indenizados.
Como prioridades para a região nos próximos meses, Suely destacou o manejo de rejeitos da área diretamente afetada e a retomada da operação da Hidrelétrica Risoleta Neves, conhecida como Candonga. “Talvez as questões sociais sejam mais complexas do que as econômicas. A gestão dos problemas sociais, como pagamento das indenizações e conseguir que as comunidades voltem a ter atividades econômicas, ainda precisa ser feita”, acrescentou.
Chefes de Estado, ministros e especialistas juntam-se esta quinta-feira em Brasília para assinalar o Dia Mundial da Água, igualmente marcado em outras regiões, quando 80% dos países dizem ter falta de verbas para atingir os objetivos sobre água potável.