Beija-Flor é a campeã do carnaval do Rio de Janeiro

Enredo da Beija-Flor leva crítica social à avenida expondo violência, corrupção e desigualdades. Foto Eduardo Hollanda.

Da Redação
Com EBC

A escola de samba campeã do carnaval de 2018 no Rio de Janeiro é a Beija-Flor de Nilópolis. A escola apresentou o enredo “Monstro é aquele que não sabe amar. Os filhos abandonados da pátria que os pariu”, baseado no livro de terror Frankenstein, de autoria de Mary Shelley, que completou 200 anos.

Na obra, um cientista dá vida a uma criatura construída com partes de pessoas mortas, tornando-se uma figura feia. No desfile, a figura foi usada para críticas a problemas sociais como corrupção e desigualdades.

O enredo foi criado pelo coreógrafo da comissão de frente Marcelo Misailidis. “A crítica é sobre a ambição e a ganância desmedida do ser humano, que levam as pessoas a se perderem de si mesmo. É um enredo auto-reflexivo também, não é só voltado para a questão política ou da ganância econômica. É também auto-reflexivo sobre o processo das corrupções em geral e até sobre as questões ecológicos que precisam ser pensadas”, disse à Agência Brasil.

Na alegoria O Abandono, a Beija-Flor mostrou várias cenas entre simulações de assaltos e de violência nas escolas em que alunos levam armas para as salas de aula. E no fim mais uma encenação, os integrantes da ala vestidos com roupas comuns do cotidiano simularam arrastões, mortes pela violência e estamparam mensagens como “quero mais emprego”, “chega de bala perdida” e “cuidar das crianças é cuidar do futuro !!!”

Em uma disputa apertada, a campeã ficou apenas um décimo à frente da segunda colocada, a Paraíso do Tuiuti.

As escolas de samba foram avaliadas em nove quesitos: alegorias e adereços, bateria, fantasia, samba-enredo, comissão de frente, evolução, harmonia, mestre-sala e porta-bandeira e enredo.

Paraíso Tuiuti

A escola Paraíso do Tuiuti desfilou um enredo com a indagação: a escravidão no Brasil verdadeiramente acabou? A apresentação da agremiação da comunidade do Morro do Tuiuti, no bairro de São Cristóvão, emocionou o público no Sambódromo. A comissão de frente foi muito aplaudida. Ela trazia componentes que se revezavam ora como escravos ora como pretos velhos. A escola criticou ainda a exploração do trabalho no campo e nas minas e as mudanças na Consolidação das Leis do Trabalho (CLT).

Salgueiro

O público também respondeu bem à passagem do Salgueiro, que homenageou as mulheres guerreiras africanas e em diversas atividades. A comissão de frente da escola emocionou boa parte do público. Os componentes executaram a coreografia do casal Hélio e Beth Bejani, que estão no Salgueiro há 12 anos, e arrancou aplausos, principalmente quando representavam o momento do nascimento de uma criança negra, em uma alusão à fertilidade.

Portela

A escola contou a história dos imigrantes judeus que tiveram que sair de Portugal por perseguição religiosa e se instalaram, onde inauguraram no Recife, em Pernambuco, a sinagoga Kahal Zur Israel, a primeira das Américas. Mas também precisaram deixar o local após a retomada da área por portugueses. Foram para Nova Amsterdã, que mais tarde se transformou em Nova York. A escola abordou também a intolerância contra a imigração.

União da Ilha

As alegorias da União da Ilha mostraram diversos aspectos da culinária nacional e suas influências, como as que ocorreram com a dos negros e dos indígenas. Mas teve ainda o momento das sobremesas. Conforme os carros iam passando, chegavam, com eles, os cheiros.

O desfile da União da Ilha trouxe de volta para o Grupo Especial a alegria contagiante que a caracterizou em carnavais passados. O último carro, intitulado Ilha prepara a mesa do bar, faz a festa, estava com um time dos melhores chefes de cozinha que trabalham no Brasil. O chefe Claude Troisgros se emocionou de ver a culinária brasileira na avenida. “Foi maravilhoso, deu uma alegria representar a culinária brasileira no carnaval do Rio de Janeiro, que é o melhor do Brasil”.

Unidos da Tijuca

Os desfiles da segunda-feira (12) na Marquês de Sapucaí começaram com a Unidos da Tijuca, que levou para lá um verdadeiro elenco para homenagear o ator, escritor, produtor cultural e até carnavalesco Miguel Falabella. O homenageado chorou no fim do desfile ao ver as arquibancadas populares nos setores 6 e 13 aplaudindo efusivamente. Além de Marisa Orth, Araci e Cláudia Raia, desfilaram na Unidos da Tijuca as atrizes Arlete Salles, Ciça Guimarães, Zezé Polessa, Zezeh Barbosa e Alessandra Maestrini e o ator Marcelo Picci.

Imperatriz Leopoldinense

A verde e branco do bairro de Ramos, na zona da Leopoldina homenageou os 200 anos do Museu Nacional da Quinta da Boa Vista, no bairro de São Cristóvão, na zona norte do Rio. A escola não esqueceu de nada. As alegorias mostravam desde a fachada do Museu, a origem e a evolução da vida até os espaços destinados às culturas egípcia e africana. Teve ainda um carro que representava o Santuário de Ossos.

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