Portugueses protestam contra fechamento das estações dos CTT

Francisco de Lacerda (2E), presidente e CEO dos CTT, Luís Laginha de Sousa, presidente e CEO Euronext Lisbon (E), o ministro da Economia Pires de Lima (2D), o secretário de Estado dos Transportes e Comunicações Sérgio Monteiro (2D) e o secretário de Estado das Finanças, Miguel Rodrigues (D) na sessão de Apuramento de Resultados da Oferta Pública de Venda dos CTT, na Euronext em Lisboa, 04 de dezembro. JOSÉ SENA GOULÃO / LUSA
ARQUIVO: Francisco de Lacerda (2E), presidente e CEO dos CTT, Luís Laginha de Sousa, presidente e CEO Euronext Lisbon (E), o ministro da Economia Pires de Lima (2D), o secretário de Estado dos Transportes e Comunicações Sérgio Monteiro (2D) e o secretário de Estado das Finanças, Miguel Rodrigues (D) quando da privatização em 2013. JOSÉ SENA GOULÃO / LUSA

Da Redação
Com Lusa

Dezenas de utentes das freguesias de Aldeia de Paio Pires (Seixal) e de Camarate e Apelação (Loures) manifestaram-se à porta da sede dos CTT, em Lisboa, contra o fecho das respectivas estações dos correios.

Ao mesmo tempo que, no exterior, as cerca de seis dezenas de utentes empunhavam cartazes com palavras de ordem contra o fecho das estações, os autarcas do Seixal, Loures, Odivelas, Alpiarça e Riba de Ave, reuniam-se lá dentro com o administrador executivo dos CTT, António Pedro Silva, responsável pela parte operacional das lojas.

Gritando “Reversão da privatização”, “Só a reversão é a solução” ou “Privatização é roubo à população”, os cerca de 60 utentes esperaram mais de uma hora que os seus representantes autárquicos trouxessem boas novas da reunião.

À saída, o presidente da Câmara Municipal de Loures, Bernardino Soares, adiantou aos jornalistas não ter sido dada “justificação racional” para o fecho das estações, considerando que se tratam “de critérios puramente economicistas”.

“Há uma total insensibilidade para com as populações e para com as empresas”, acusou o autarca, referindo que a administração dos CTT “está completamente alheia às necessidades e longe do interesse público”, além de estar a querer “passar os custos para outras entidades”.

Já o presidente da Câmara do Seixal, Joaquim Santos, frisou que se assiste a um problema de reestruturação da empresa que passa por encerrar estações dos CTT, passando para privados e freguesias, pelo que admitiu sair da reunião com “uma enorme insatisfação” por tudo o que está a acontecer.

“Os correios estão cada vez mais caros, demoram cada vez mais tempo e fecham estações. O serviço público não está a ser bem prestado, logo o Governo tem uma palavra a dizer”, sublinhou.

Em declarações à Lusa, o presidente das coletividades do concelho do Seixal, mais propriamente da Aldeia de Paio Pires, considerou “injustificado este ato criminoso” de fechar a estação dos CTT.

Segundo Hélder Rosa, “grande parte” dos cerca de 15 mil habitantes da freguesia, já tem uma “idade um pouco avançada” e “dificuldades em se deslocar”, considerando não haver “justificação [para o fecho], pois trata-se de uma estação onde a população se desloca abundantemente, assistindo-se a 15/20 minutos do tempo de espera”.

Também Manuel Amaral está contra o fecho da estação de Paio Pires, acrescentando que é “prejudicial à população” que até ela se desloca para “receber as suas pensões e fazer os pagamentos de eletricidade e água”.

“Já se previa que a privatização ia dar este resultado. Só interessa ao capital, a [administração dos CTT] é que está a usufruir dos lucros. Estes estão a ser mal repartidos, só pela administração e não pela população”, acusou.

Pela sua parte, Delfina Vitorino, que utiliza a estação dos CTT de Camarate, uma das 22 previstas para fechar, lembra que a mesma atende “uma média de 200 pessoas por dia”, servindo uma “população idosa que tem de passar a ir à estação mais próxima de Sacavém e não terá mobilidade para se deslocar a pé”.

Neste dia 05, os CTT informaram que vão disponibilizar 19 novos postos, “limitando assim a três a redução” anteriormente anunciada, de 22 lojas.

Em comunicado, os CTT garantem que continuam a “assegurar proximidade às populações, com 2.366 pontos de acesso” e que, no âmbito do plano de “transformação e modernização” da rede, há “já aberto ou assegurado a abertura de 13 novos estabelecimentos postais – postos de correios – nas envolventes das 22 lojas cujo encerramento foi anunciado, encontrando-se ainda em negociação seis adicionais”.

Pedro Silva garantiu ainda que a empresa “não vai abandonar as populações” e sublinhou que esta está “empenhada em encontrar soluções” com autarquias e privados de forma a garantir o serviço.

O responsável garantiu a existência de “algumas negociações” com os autarcas do Seixal, Loures, Odivelas, Alpiarça e Riba de Ave para que seja encontrada uma solução.

Em dezembro passado, os CTT divulgaram um Plano de Transformação Operacional, que previa a redução de cerca de 800 trabalhadores na área das operações ao longo de três anos, em consequência do tráfego do correio, de um total de 6.700, dos quais 6.200 efetivos e perto de 500 contratados a termo.

No final de setembro do ano passado, o grupo CTT contava com 12.843 trabalhadores, enquanto no final de dezembro de 2013 – altura em que a empresa foi privatizada, entrando em bolsa – contabilizava 12.383, ou seja, mais 3,7% (mais 460 trabalhadores em quatro anos).

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