Autora portuguesa recebe título do Real Gabinete Português de Leitura no Rio

Da Redação
Com Lusa

No Rio de Janeiro, o Real Gabinete Português de Leitura vai distinguir Maria Teresa Horta com o título de Sócia Honorária da instituição com 180 anos.
“Esta é uma distinção que recebo com muito gosto e muita honra”, disse Maria Teresa Horta, realçando que o faz “com muito respeito” pelo Real Gabinete, uma instituição que desde a sua fundação até à atualidade tem feito um percurso “com grande dignidade e honestidade”.
A autora de “As Luzes de Leonor” afirmou que sempre foi “muito bem recebida” no Real Gabinete, onde regressa sempre que visita o Brasil, recordando ainda que, em simultâneo, estão ligados à instituição antepassados seus, “tanto do lado paterno, como materno”.
“Receber esta distinção é muito importante para mim, principalmente nesta altura”, disse a escritora, que recentemente não aceitou o Prêmio Oceanos, atribuído pela fundação brasileira Itaú Cultural.
“Sou livre de receber ou não um prêmio”, disse a autora de “Minha Senhora de Mim”, justificando que renunciou o prémio, “sobretudo pelo respeito” que deve a si própria e à sua “já longa obra”.
A poeta afirmou não compreender como é possível um Grande Prémio Literário apreciar, tanto obras de ensaio, como romance e de poesia, e atribuir quatro prémios.
“Por exemplo, como se pode comparar o romance ‘As Ondas’, de Virgínia Woolf, com as ‘Elegias de Duíno e Os Sonetos a Orfeu’, de Rainer Maria Rilke?”, questionou a poeta e romancista.
O 1.º lugar do Prêmio Oceanos do ano passado foi atribuído ao romance “Karen”, da portuguesa Ana Teresa Pereira, a primeira mulher que foi distinguida com o prémio máximo, nas suas 15 edições.
O brasileiro Silviano Santiago ficou em 2.º lugar, com o romance “Machado”, e, no 3.º, ficou “Golpe de Teatro”, do poeta português Helder Moura Pereira.
A obra “Anunciações”, de Maria Teresa Horta, ficou em 4.º lugar, ex-aequo com o romance “Simpatia pelo Demônio”, do autor brasileiro Bernardo Carvalho.
Maria Teresa Horta fez questão de esclarecer que foi a sua editora que apresentou a obra a concurso e não ela.
Referindo-se ao título honorífico que vai receber, em data ainda não prevista, a autora de “Ambas as Mãos sobre o Corpo” afirmou “foi com gosto” que recebeu a notícia, “pelo belo que representa, desde a sua fundação, a construção, e até aos dias de hoje, o Real Gabinete Português de Leitura, no Rio de Janeiro, que é muito belo, não só esteticamente como na sua prática e no que representa”.
“Eu sempre procurei o belo na minha poesia”, rematou.
Apresentando-se como “Catedral da Cultura Portuguesa”, o Real Gabinete é uma entidade filantrópica com fins culturais, que inclui uma biblioteca e um centro de estudos, tendo sido fundado a 14 de maio de 1837. Atualmente é presidido por Francisco Gomes da Costa.
A 10 de setembro de 2007, Maria Teresa Horta apresentou, neste espaço, uma palestra sobre a sua vida e obra. Esta vista inspirou o seu livro “Poemas do Brasil”.
Maria Teresa Horta, de 80 anos, foi distinguida em 2016 com o Prêmio de Consagração de Carreira, atribuído pela Sociedade Portuguesa de Autores.
Nessa ocasião, em declarações à Lusa, Maria Teresa Horta afirmou que “os escritores estão muito fechados no seu mundo literário”, ao contrário da sua geração que sempre “se habituou a lutar pela liberdade e contra o fascismo”.
“A participação do escritor não pode ser apenas através da palavra escrita, tem de ser também através da sua posição na sociedade, como ser humano, como pessoa. É extremamente importante e, nesta altura, está outra vez a voltar a ser muito importante”, sublinhou.
A poeta considera que “se perdeu o sentido de comunidade, de grupo e a noção de solidariedade”.
Maria Teresa Horta tem sido distinguida com alguns dos mais importantes prémios literários portugueses.
Jornalista de profissão, durante décadas, é uma das autoras das “Novas Cartas Portuguesas” e possui uma vasta obra poética e também de ficção narrativa.
Em 2012, foi distinguida com o Prêmio D. Dinis, da Fundação Casa de Mateus, pelo romance “As Luzes de Leonor”, galardão que também se recusou a receber das mãos do então primeiro-ministro Pedro Passos Coelho.

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