Da Redação
Com Lusa
A realização de novos negócio e atrair investimentos para ou de Portugal são objetivos dos empresários da diáspora que moram no Brasil, no encontro que começa nessa sexta-feira em Viana do Castelo.
Fernando Dias, que emigrou há mais de 40 anos para a cidade brasileira de Belo Horizonte, onde fundou um grupo de empresas do sector do turismo, disse à Lusa que procurará fazer contatos e descobrir novas oportunidades de investimento durante o evento.
“Neste encontro em Viana do Castelo quero estabelecer relações com outros empresários que atuam na área do turismo. Também pretendo obter informações sobre Portugal para possíveis investidores brasileiros”, afirmou.
O executivo, presidente da Câmara Portuguesa de Belo Horizonte, contou que tem sido muito procurado por pessoas interessadas em investir em Portugal, hoje visto como um destino viável, já que é um país estável com uma economia em crescimento.
“Pretendo mapear oportunidades e atuar como um elo de ligação de empresários brasileiros e portugueses. Firmar parcerias é a melhor forma de internacionalização, principalmente para pequenas e médias empresas”, acrescentou.
Já Eduardo Leal, que nasceu no Brasil e mudou-se para Portugal ainda criança, frisou que estará no evento dos empresários da diáspora para conhecer investidores interessados em abrir ou expandir relações de negócios no país sul-americano.
“A reunião servirá para conhecer produtos e serviços portugueses que podem ser importados ou desenvolvidos no Brasil. Pretendo também entrar em contacto com donos de empresas de pequeno e médio porte interessados em investir”, destacou.
Eduardo Leal, que gere investimentos nos setores imobiliário, de turismo, importação de alimentos portugueses e consultoria na região Nordeste do Brasil, considerou que apesar do fracasso de algumas iniciativas, da crise económica e da instabilidade política, ainda existem boas oportunidades de negócios no mercado brasileiro.
“A experiência de Portugal sobre investimentos no Brasil tem sido negativa. Exemplos disto foram os fracassos da Portugal Telecom [acionista da operadora Oi], do Grupo Espírito Santo e do Grupo Sonae. No entanto, o que não se fala e o que quero mostrar é que este fracasso ficou restrito a projetos de grandes empresas. Muitas organizações de pequeno e médio porte de Portugal funcionaram bem no Brasil”, salientou.
Além de contar com o apoio de executivos, a reunião de empresários da diáspora foi um dos pontos citados pelo secretário de Estado das Comunidades Portuguesas, José Luis Carneiro, no início do mês de dezembro durante uma visita oficial à cidade brasileira de Santos.
Segundo o governante, Portugal já identificou sete mil empresários da diáspora, que vivem em 35 países, de quem o Governo pretende aproximar-se para fomentar o desenvolvimento da comunidade.
Edição em Viana
O II Encontro de Investidores da Diáspora reunirá cerca de 350 empresários entre sexta-feira e domingo, em Viana do Castelo, para fomentar parcerias de investidores da diáspora e a partilha de experiências. Deste total de participantes, 50 inscritos são oriundos do Brasil, país que registou o maior número de interessados.
Para o encontro, estão inscritas empresas, câmaras de comércio e associações de portugueses no estrangeiro, no total de 506 oradores, oriundos de 36 países dos cinco continentes – França, Brasil, Alemanha, Estados Unidos da América e Moçambique são os países mais representados. Entre as áreas de atividade mais relevantes, destacam-se o comércio, a indústria, a construção, a tecnologia e o turismo.
O evento contará com a presença de vários governantes e representantes de entidades e agências públicas de diversos setores, de autarquias locais – através da Comunidade Intermunicipal do Alto Minho – e das regiões, designadamente Açores, Madeira e Galiza.
Segundo o secretário de Estado das Comunidades Portuguesas, José Luís Carneiro, o encontro pretende “criar uma atmosfera propícia ao investimento com origem na diáspora, juntando agentes empresariais e entidades ligadas às mais diversas áreas de atividade”.
O objetivo, explicou, é “fomentar o debate, a partilha de experiências e promover o lançamento de eventuais parcerias”.
“A diáspora portuguesa constitui uma fonte de orgulho para Portugal e uma importante força de afirmação do nosso país a nível global. Pretendemos estimular os cidadãos portugueses residentes no estrangeiro a investir no seu país de origem, inclusivamente criando projetos que lhes permitam regressar à sua terra natal, se esse for o seu desejo”, disse Carneiro.
Com o lema “Conhecer para Investir”, o programa arranca na sexta-feira de manhã com intervenções dos ministros dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva, e da Economia, Manuel Caldeira Cabral, do secretário de Estado das Comunidades e do presidente da Câmara de Viana do Castelo, José Maria Costa.
Até sábado, os participantes debatem “Oportunidades, instituições e instrumentos de apoio ao investimento”, “Participação em rede, níveis e modelos de organização económica: cooperação, associações, serviços, instituições de ensino superior” e “Outras realidades: regiões, autarquias, cooperação regional e transfronteiriça”.
Uma das novidades deste ano é a criação de dois painéis específicos para que empresários, jovens investigadores e acadêmicos portugueses na diáspora apresentem os projetos que se encontram a desenvolver em Portugal e junto das comunidades portuguesas no estrangeiro.
Por outro lado, José Luís Carneiro destacou que Viana do Castelo “tem um tecido económico e empresarial dinâmico, aliado a um contexto de cooperação inter-regional e transfronteiriço, para além de ser terra de origem de um significativo número de portugueses residentes no exterior”.
Para o presidente do município de Viana do Castelo, o encontro será uma oportunidade para “dar um sinal de que há boas condições para investir em Portugal” e “mostrar o que está a ser feito no território do Alto Minho”, um território com “infraestruturas de excelência e parques empresariais qualificados, integrado na euro-região Norte de Portugal-Galiza, com sete milhões de habitantes”.
Durante o evento, será entregue o prêmio “Elevar o Seu Negócio 4.0”, uma iniciativa da Fundação AEP, com o apoio do Governo, que será atribuído “aos empresários portugueses emigrados pelo seu reconhecido sucesso enquanto empreendedores, empresários e gestores”, nas categorias de Indústria e Intensidade Tecnológica; Serviços e Conhecimento e Empresas e Tecnologia.