FESTLIP apresenta peça reunindo atores de 8 países lusófonos que teve ensaio a distância

FESTLIP terá desdobramento em Portugal com nova montagem de A vida como ela é, de Nelson Rodrigues, em coprodução com o Teatro da Garagem.

 

Da Redação

O primeiro festival internacional de teatro a reunir todos os países lusófonos, promover coproduções entre artistas e companhias internacionais, o FESTLIP – que amplia seu escopo e passa a se chamar Festival Internacional das Artes da Língua Portuguesa –, apresenta mais um projeto pioneiro em sua nona edição, no Rio de Janeiro.

O evento gratuito, entre 13 e 23 de dezembro, recebe pela primeira vez, uma montagem teatral que reunirá oito atores das oito nacionalidades que falam português, com a maior parte dos ensaios realizados à distância.

Publicado originalmente em 1962, no livro Primeiras Estórias, o conto A Terceira Margem do Rio, de Guimarães Rosa, sobre um homem que deixa família e amigos para viver isolado em uma canoa no meio de um rio, foi o texto escolhido pelo diretor brasileiro Paulo de Moraes para o projeto inédito. A montagem terá quatro ensaios presenciais, após outros 25 realizados por meio digital, e será o destaque da programação teatral.

As apresentações acontecem na Casa de Cultura Laura Alvim, que abriga a maior parte dos eventos, incluindo uma mesa de debates com os oito atores; a peça portuguesa Solange – Uma conversa de cabeleireiro, da Cia Nómada Art & Public Space; o FESTLIPshow, que recebe a festa Disritmia; as oficinas infantis do FESTLIPinho e uma exposição de poesia com estátuas humanas. A exceção é a premiada peça Kiwi, com direção de Lucianno Maza, que será apresentada no Teatro SESI Centro.

Paralelamente, o restaurante Zazá Bistrô sedia mais uma vez a mostra culinária FESTGourmet, apresentando um prato tradicional brasileiro e uma sobremesa com temperos típicos dos países participantes. A estrela do menu é a Feijoada Além Mar, uma versão do famoso prato que ganha sabores inusitados ao levar temperos de cada uma das nações lusófonas. Para a sobremesa, o pudim de leite e tapioca com calda de especiarias destas regiões fecha o menu do festival.

O grande homenageado deste ano é o diretor, ator e gestor cultural João Branco, fundador do Festival Mindelact, criado há 23 anos na cidade de Mindelo, em Cabo Verde. Filho de pais portugueses, João nasceu em Paris e radicou-se em Cabo Verde em 1991. Desde então, tornou-se um nome incontornável do teatro no país, tendo encenado mais de 50 espetáculos em pouco mais de três décadas de carreira, grande parte na ilha africana. Mestre em Artes Cênicas e Doutor em Artes, Comunicação e Cultura pela Universidade do Algarve, João escreveu diversas obras sobre o teatro cabo-verdiano, em especial Nação Teatro – História do Teatro em Cabo Verde, de 2004, considerada a mais importante sobre o assunto do país.

A conectividade estará também presente na abertura para convidados, no dia 13. Os diretores José Mena Abrantes, de Angola, e Gilberto Mendes, de Moçambique, participam da cerimônia, por telão, em tempo real, interagindo com os presentes. No dia seguinte, uma edição do evento será transmitida online para as emissoras internacionais TPA Angola e TV Gungu Moçambique.

Em janeiro de 2018, o FESTLIP, que soma um público de mais de 280 mil pessoas desde sua criação, estabelece mais um importante marco ao se tornar o primeiro festival brasileiro, em língua portuguesa, com desdobramento em outro país. De 11 a 21 de janeiro, uma nova montagem da peça A vida como ela é, de Nelson Rodrigues, será apresentada em Lisboa, em uma coprodução entre o festival e a companhia portuguesa Teatro da Garagem, com elenco exclusivamente feminino.

E no dia 13 do mesmo mês, uma mesa de debates reúne na sede da companhia todos os diretores portugueses que já participaram do FESTLIP – Miguel Seabra (Teatro Meridional), João Motta (Teatro Comuna), Carlos J. Pessoa (Teatro da Garagem), Rodrigo Francisco (Teatro Municipal de Almada), Noelia Domínguez (Peripécia Teatro) e Nuno Pina Custódio (ESTE – Estação Teatral) – com mediação da atriz e diretora da Talu Produções Tânia Pires, idealizadora e produtora do festival, para falar da integração e difusão das artes de língua portuguesa no mundo: “Estamos dando um importante passo para estreitar ainda mais os laços culturais dos oito países que integram a CPLP (Comunidade dos Países de Língua Portuguesa). Além da experiência inédita da peça com elenco multinacional, que reúne culturas, escolas e vivências tão distintas, unidas pela língua em comum, esse desdobramento do FESTLIP em Portugal sedimenta ainda mais o intercâmbio entre os oito países lusófonos, que é o propósito maior do festival”, comemora Tânia.

Programa

Outras duas peças compõem a programação teatral deste ano. Com texto do canadense Daniel Danis, Kiwi ganhou montagem brasileira do Projeto Grande Elenco, com tradução e direção de Lucianno Maza, e fala da história de uma jovem que luta pela sobrevivência nas ruas às vésperas dos Jogos Olímpicos. O espetáculo, com Nathalia Kwast e Lucas Lentini, foi premiado em São Paulo com o Aplauso Brasil e indicado a outros dois prêmios e será apresentado nos dias 14 e 15 de dezembro, no Teatro SESI Centro. De Portugal, a Cia Nómada Art & Public Space traz Solange – Uma conversa de cabeleireiro, sobre uma cabeleireira que encontra na poesia de autoras brasileiras e portuguesas uma maneira de ver o mundo, enquanto faz um paralelo entre os dois ofícios. Encenada por Susana Madeira, que assina a criação com o diretor Hugo Cruz, a peça ocupa o Teatro Rogério Cardoso, na Casa de Cultura Laura Alvim, também na quinta (14) e sexta (15).

Na Vitrine Cultural, Tânia Pires será a mediadora da mesa de debates No palco: conexão virtual da língua portuguesa em oito sotaques, que reúne os oito atores que encenam A Terceira Margem do Rio – Leonardo Miranda (Brasil), Suelma Mario (Angola), Lisa Reis (Cabo Verde), Horácio Guiamba (Moçambique), Susana Vitorino (Portugal), Willian Ntchalá (Guiné-Bissau), Joi Bonfim (São Tomé e Príncipe) e Carvarino Carvalho (Timor Leste) –, para falar da experiência inédita da arte através da conectividade.

A exposição deste ano inova ao trocar os tradicionais suportes da fotografia e vídeo das edições anteriores por duas estátuas vivas. Seguindo o mote desta edição, a mostra A vida conectada com a poesia depende da interação do público para acontecer. É preciso jogar uma ficha com o nome de um dos oito países participantes para tirar o artista do estado de imobilidade e ler uma poesia de um autor do país escolhido.

No sábado (16) à noite acontece o FESTLIPshow, em parceria com a festa Disritmia. Comandada pela DJ Lili Prohmann, a festa se notabilizou por abrir mão dos clássicos de sempre para dar vez ao lado B da música brasileira, resgatando músicas dançantes de artistas consagrados ou menos conhecidos, que dão forma a um repertório inusitado de vários cantos e ritmos do país.

Para encerrar a programação cultural, o FESTLIPinho leva para o teatro da Casa de Cultura Laura Alvim no domingo à tarde a oficina infantil Jogos e viagens pelos países da língua portuguesa, ministrada pela arte-educadoras Eliza Morenno e Kika Farias. A atividade mistura jogos de países como Brasil, Angola, Cabo Verde e Moçambique, contos e histórias luso-brasileiras e termina com a confecção de um brinquedo popular brasileiro.

Durante todos os dias do FESTLIP, o Zazá Bistrô recebe mais uma vez a mostra culinária FESTGourmet. Criada pelo chef Juarez França, a Conexão dos Paladares é a recriação de um prato e uma sobremesa tradicionais do Brasil com temperos típicos dos oito países participantes. Confira os horários de toda programação no site www.festlip.com.

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