Temer participa de cerimônia que escolhe Sérgio Moro como “Brasileiro do ano”

Prêmio de Título de “Brasileiro do Ano” pela revista Istoé. Foto: Marcos Corrêa/PR

Da Redação
Com agencias

O juiz Sérgio Moro foi o homenageado da noite, pela revista IstoÉ, recebendo o prêmio de “Brasileiro do ano” no evento da publicação que homenageia personalidades das áreas de política, negócios, cultura e esporte que mais se destacaram em 2017.

A cerimônia, realizada dia 5 no Tom Brasil, em São Paulo, recebeu entre os convidados o presidente Michel Temer, além do governador do Estado de São Paulo, Geraldo Alckmin; o Governador do Estado de Goiás, Marconi Perillo; o ministro da Ciência e Tecnologia, Gilberto Kassab, o ministro da Secretaria-Geral da Presidência da República, Moreira Franco, o prefeito de SP João Doria, e outros.

A imprensa brasileira relata o momento constrangedor da nomeação de Moro em que o presidente Temer não se levantou ou aplaudiu a premiação. O atual presidente, que já foi um dos ganhadores no ano passado, participou como convidado, em um momento que tem a mais baixa aprovação de seu governo entre a população.

“Graças ao infatigável trabalho no combate à corrupção, norte que perseguiu com desassombro ao longo dos últimos 12 meses, o juiz é homenageado pela IstoÉ”, diz a revista ao anunciar a premiação. A publicação fez perfil de Moro, destacando as ações do profissional no combate à corrupção. Moro já condenou 114 pessoas na Operação Lava Jato – sobretudo políticos, ex-diretores da Petrobras e empreiteiros –, sentenciadas a penas que somam mais de 2.100 anos de cadeia. Além disso, é abordado o posicionamento do juiz contra o foro privilegiado e quanto às especulações acerca de uma eventual candidatura a presidente da República.

“Meu trabalho não é um trabalho individual, é um trabalho em conjunto com a PF e com órgãos que estão diretamente envolvidos. Mais que os números, a Lava Jato possibilitou acreditar na Justiça, que executivos e políticos incondenáveis podem ir para prisão. Esses casos nos dão esperanças”, disse Moro em discurso, reforçando a importância das eleições do ano que vem. “Em 2018, devemos rever em quem vamos votar. Isso será um ponto decisivo na mudança do nosso País”.

Ele ainda defendeu o fim à corrupção sistêmica no Brasil e do foro privilegiado de políticos e juízes. “Eu diria que mais que uma questão de justiça, é questão de política de Estado. Eu queria dizer para o presidente Temer utilizar o seu poder para influenciar que esse precedente jurídico não seja alterado”, ressaltou. “Todas as pessoas devem ser tratadas perante a lei. Não se justifica o privilégio, não quero isso para mim” disse Moro, que ainda prestou homenagem ao ministro Teori Zavascki, morto em janeiro deste ano. “Ele conduzia os processos da Lava Jato no Supremo Tribunal Federal com muita eficiência e com muita coragem”.

Entre os premiados deste ano, estiveram ainda Henrique Meirelles na economia, Antônio Carlos Magalhães Neto (ACM Neto) na política, Milu Villela na cultura, o maestro João Carlos Martins na ética, Alan Ruschel no esporte, o apresentador Luciano Huck na comunicação, Juliana Paes e Isis Valverde na televisão, João Paulo Guerra Barreira na educação, e Ilan Goldfajn como empreendedor do ano.

Protestos em Portugal

Ainda essa semana, o juiz Sergio Moro foi alvo de protestos em Portugal, quando da sua passagem pela Universidade de Coimbra, uma das instituições portuguesas que mais recebe alunos brasileiros. A palestra, que ocorreu no dia 4, debatia o combate a corrupção.

“Tendo em visto que os métodos de atuação no processo judicial adotados por Sergio Moro são contestados justamente no Comitê de Direitos Humanos das Organizações das Nações Unidas, a Apeb/Coimbra manifesta sua perplexidade com a escolha desse personagem para participar no evento que trate de tais temáticas na qualidade de conferencista”, declarou a Associação de Pesquisadores e Estudantes Brasileiros em Coimbra, ao jornal Folha de SP.

Também a Esquerda Brasileira em Coimbra (Ebrac) declarou em nota que o juiz neglicencia “preceitos constitucionais e liberdades básicas”, e a imparcialidade, citando a divulgação da conversa entre a então presidente Dilma Rousseff e o ex-presidente Lula, para “desestabilização de um governo democraticamente eleito”.

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