Ex-presidente Jorge Sampaio comenta morte do músico Zé Pedro: “vazio irreparável”

Mundo Lusíada
Com Lusa

O guitarrista Zé Pedro. Foto: Priscila Roque

O ex-Presidente português Jorge Sampaio, num depoimento enviado à agência Lusa, faz a história da sua relação com os Xutos & Pontapés, e afirma que “a partida do Zé Pedro deixa um vazio irreparável”.

“A partida do Zé Pedro deixa um vazio irreparável, mas quero crer também que a força da Banda vencerá mais esta prova. Hoje, quero apenas prestar a minha sincera homenagem ao Zé Pedro e manifestar toda a minha solidariedade para com a família próxima e a alargada, a dos Xutos que é, afinal, um pouco também, a de nós todos”, afirma Jorge Sampaio, que assinou o prefácio do álbum “Aqui Xutos & Pontapés, 35 anos”, de Rolando Rebelo, editado em 2014.

“Há uns largos meses atrás tive o gosto de falar com o Zé Pedro por telefone, para o desafiar a participar num concerto solidário em prol do projeto humanitário de apoio a estudantes sírios. Não foi surpresa a sua imediata adesão à causa, antes confirmou o que sempre soube e tive por certo, que os Xutos são diferentes, únicos e incontornáveis”, recorda Jorge Sampaio.

“Foi com muita mágoa que soube, há escassos minutos, da morte do Zé Pedro”. “Em 1979, na Amadora, irrompi pelo Pavilhão desportivo onde decorria uma sessão de ensaio dos Xutos. Foi assim que conheci o Zé Pedro pessoalmente, bem como ao Tim, ao Kalú e ao Zé Leonel… afinal erámos então, eles e eu, iniciantes, e estávamos a encetar as nossa carreiras, eles na música, eu na política”, recorda o político socialista.

“Desta coincidência resultou, digamos, uma afeição que me levou a nunca mais perder de vista a trajetória e percurso musical dos Xutos”.

Para o ex-Presidente da República “os Xutos são um caso verdadeiramente à parte no panorama do rock português e, diria mesmo, da música portuguesa em geral”. “Sempre admirei a sua capacidade de fazer pontes e entrecruzar pessoas, gostos, grupos, gerações bem como o seu talento e inesgotável aptidão para unir pela música e pelo som, para fazer pensar com as suas letras e contagiar multidões”.

Marcelo Rebelo quer homenagem

Também o presidente Marcelo Rebelo de Sousa, lamentou a morte do guitarrista. “Manifesto o meu pesar a toda a família e amigos do Zé Pedro, como era assim afetuosamente tratado por todos os portugueses o guitarrista dos Xutos & Pontapés”. “Era um guerreiro da alegria, da vontade de viver, de superar dificuldades, de nunca desistir. Chegou cedo demais o descanso deste guerreiro, que certamente não será esquecido por tantos e tantos amigos que deixou”.

Centenas de pessoas têm passado desde as 16 horas pelo antigo Museu dos Coches em Lisboa, onde decorre o velório do guitarrista. Marcelo Rebelo de Sousa também esteve presente para prestar a “enorme gratidão” a um músico “que deu alegria a milhares de portugueses”.

Segundo ele, no próximo ano deverá realizar-se “uma homenagem em grande” ao guitarrista. “Há ideias para, na primavera ou verão, fazer uma homenagem em grande como ele gostava que fosse, com alegria, com muita gente de todas as gerações, interpretando o que ele deu aos portugueses: uma vida inteira”, disse Marcelo Rebelo de Sousa.

O guitarrista dos Xutos & Pontapés, Zé Pedro, morreu dia 30, em Lisboa, aos 61 anos. Zé Pedro estava doente há vários meses, mas a situação foi sempre mantida de forma discreta pelo grupo, tendo só sido assumida publicamente em novembro, a propósito do concerto de fim de digressão dos Xutos & Pontapés, no Coliseu dos Recreios, em Lisboa.

José Pedro Amaro dos Santos Reis nasceu em Lisboa, em 14 de setembro de 1956, numa família de sete irmãos, “com um pai militar, não autoritário, e uma mãe militante-dos-valores-familiares”, como recordou num dos capítulos da biografia “Não sou o único” (2007), escrita pela irmã, Helena Reis.

No final na década de 1970, Zé Pedro, com Zé Leonel e Paulo Borges, decidiu criar uma banda, batizada Delirium Tremens. Passou depois a chamar-se Xutos & Pontapés, com a entrada de Kalú e de Tim para o lugar de Paulo Borges. O primeiro concerto realizou-se há 38 anos, em 13 de janeiro de 1979, na Sociedade Filarmônica Alunos de Apolo, em Lisboa.

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