I Encontro da Comunidade do Norte: Dirigentes são “verdadeiros embaixadores de Portugal”

“É importante que se conheça qual é o sucesso do associativismo do norte que produz essas associações tão influentes” diz Francisco Brandão.

 

Mundo Lusíada
A sede social do Grêmio Literário Português recebeu o I Encontro das Comunidades Portuguesas da região Norte, no dia 30, que contou com a participação do Embaixador de Portugal. O presidente do clube, Alírio Gonçalves, e do Conselho da Comunidade Luso-Brasileira do Pará, Luiz Otavio, deram boas vindas aos cônsules presentes e presidentes de diversas associações do Maranhão, Amazonas e Amapá.

Em seu pronunciamento, o embaixador Jorge Cabral valorizou o trabalho em conjunto em Belém onde fez questão de “ser testemunha desse momento”. “Muito me impressionou a grande representatividade de todas as autoridades do Estado, uma prova de prestígio da instituição Grêmio Português”. O Embaixador se referiu aos presidentes de instituições ali presentes como os verdadeiros embaixadores de Portugal, “que passam a imagem de Portugal, sabem aproximar e integrar a sociedade local, sem deixar de ser Portugal”. Ao final, Cabral anunciou o novo regime legal de apoios ao movimento associativo, que veio rever o anterior regime de 2005, aprovado pelo governo português.

Antes ainda, Alírio Gonçalves agradeceu as autoridades e particularmente ao vice-cônsul em Belém do Pará, Francisco Brandão, por não medir esforços em todos os momentos do 150º aniversário do Grêmio Português. “Temos tido sorte de ter pessoas boas em Belém, pessoas que agregam”. Comentando a festa “brilhante” dos 150 anos, Alírio citou o que todos puderam notar, “o Grêmio é união”. Segundo ele, a presença do Embaixador Jorge Cabral também engrandeceu a festa. “Aprendi com ele nesses dias, mostrou que luta pela comunidade. O Grêmio português é sua casa” agradeceu Alírio ao embaixador.

O vice-Cônsul de Belém citou o Embaixador como “um grande amigo do Pará” desde que confirmou sua presença nos encontros da semana de celebrações. Francisco Brandão elogiou a dedicação do presidente Alírio, e o trabalho unido da comunidade luso-paraense. “As comunidades da região norte do Brasil tem muito em comum, e tem muito a ensinar”. “É preciso que as pessoas se juntem, este é o primeiro encontro das associações e tem tanto em comum” disse o vice-cônsul citando a “CARTABELEM”, divulgada e assinada por todos os participantes ao final do encontro. “É fundamental sempre manter contato com outras associações, sempre manter uma boa parceria com os vice-consulados e os cônsules no Brasil”.

O presidente do Conselho, Luiz Otavio, também parabenizou o Grêmio pelo aniversário, e falou das sete associações portuguesas no Pará, cinco delas centenárias, que ao longo da história muito se apoiaram. Também presente no encontro, o deputado pela emigração Carlos Páscoa que falou da alegria em participar das festividades, citando em especial duas pessoas do Pará: João Vaz Pisco, anterior Conselheiro das Comunidades com quem trabalhou pela ponte aérea Belém-Lisboa; e José Azevedo, empresário de sucesso em Manaus que “sempre encontra espaço para cuidar dos assuntos da comunidade”.

Muito cumprimentado por todos, o ex-vice-cônsul em Belém, Joaquim do Rosário, presente neste encontro, falou do carinho que tem pela comunidade luso-paraense, onde passou seis anos antes de seguir para Paris. “Ninguém faz nada sozinho, em conjunto a obra é muito maior” comentou, elogiando Alírio pelo trabalho “incrível” a frente do Grêmio, descrevendo o clube como um patrimônio dos portugueses e dos paraenses.

Belém do Pará
O Vice-Consulado de Portugal em Belém conta atualmente com mais de 13 mil inscritos, numa forte comunidade local ativa através de sete entidades portuguesas. “Ao visitar, vemos que temos um hospital grandioso, um Grêmio grandioso, uma Tuna que é um grande clube desportivo, e os outros clubes que são importantes, além da Câmara de Comércio. Uma das formas que eles tem de trabalhar é o Conselho da Comunidade, trabalham concertadamente, gera muita união, e o Consulado trabalha muito próximo com eles, tem sido assim e sempre contribuímos para troca de ideias. Eles são uma referência que vale a pena conhecer, é importante que se conheça qual é o sucesso do associativismo do norte que produz essas associações tão influentes” disse Francisco Brandão, citando autoridades presentes na comemoração de 150 anos do Grêmio, no concerto luso-brasileiro ocorrido no Theatro da Paz, e na inauguração de ala no Hospital Beneficente Portuguesa. Além do lançamento da cátedra de estudos portugueses na Universidade Federal do Pará, e as solenidades na Câmara e Assembleia Legislativa.

Como vice-cônsul da região norte, do Acre ao Maranhão, Brandão citou a “experiência de êxito” no Maranhão, com um “hospital magnífico” além de um Grêmio Lítero e o seu Conselho da Comunidade. “É semelhante a forma como trabalham em Belém, também pelo sucesso e união que eles tem”. Manaus também conta com hospital e o Sporting Luso, “também de sucesso, um dos segredos é a união”. Além disso, citou uma associação que está surgindo agora em Macapá.

Segundo Brandão, o grande desafio de todas as comunidades é saber rejuvenescer e integrar os seus jovens. “Nós temos pessoas adquirindo nacionalidade, e os clubes são fundamentais para elas praticarem o gosto do Portugal. Essas associações tem uma fortíssima contribuição e fazem integração luso-paraense, luso-amazonense, luso-maranhense, luso-amapaense. Mas é preciso que os jovens continuem a criar esse interesse pelo clube, esse é o grande desafio”.

Em Belém, a comunidade tem tido sucesso com uma integração cada vez mais estreita com a sociedade brasileira. E pode proporcionar o encontro dos portugueses da região com acadêmicos, artistas, governantes do Pará. “Estou felicíssimo, estou nos dias mais felizes da minha vida. Sentimento de dever cumprido porque há mais de um ano e meio estamos preparando tudo. Quando o Grêmio anunciou que iria comemorar 150 anos, todos se reuniram a volta do Grêmio, Conselho da Comunidade e Vice-Consulado. E o que fizemos foi desenhar essa semana inteira de celebrações”, disse citando que todos se uniram para integrar as festividades.

Segundo Brandão, a demonstração de influencia e capacidade de articulação da comunidade ficou visível com a ampla participação do poder público local na semana de eventos luso-paraenses. “É algo que caminhamos lado a lado, o Vice-Consulado e a Comunidade, e sentimos como a comunidade é prestigiada, muitas vezes são as autoridades e entidades locais que nos procuram para firmar parcerias”.

Amazonas
Segundo o Cônsul-honorário em Manaus, José Azevedo, a comunidade luso-brasileira do Amazonas conta com cerca de 4.500 inscritos, é formada por associações portuguesas ativas como Luso Sporting Clube, Beneficente Portuguesa, Conselho da Comunidade, e Câmara de Comércio. “Temos uma comunidade muito expressiva, muito unida e muito bem posta econômica e socialmente. Não é tão grande, como a comunidade de Belém, até porque quando os emigrantes chegavam, o primeiro porto era Belém, então ficavam logo ali”.

Segundo ele, a comunidade da região norte precisa de mais união. “Esse evento que ocorreu em Belém só fortalece as entidades, muito importante e não apenas isso, fortalece e estimula também. Muitos estão apáticos a beira do caminho a aderirem esse trabalho. Nós originalmente portugueses somos trabalhadores. E quando se sai do seu território para outro país, só podemos para vencer na vida. Esses que vieram aqui são mais trabalhadores do que os que ficaram lá”.

Elogiando a comunidade portuguesa em todo o Brasil, o cônsul-honorário sugeriu reunir todas as comunidades dos estados brasileiros para “uma maior demonstração de união e entendimento”, em uma oportunidade.

Maranhão
Abraão Valinhos é o Cônsul-honorário de São Luís do Maranhão. Ao Mundo Lusíada ele citou três instituições locais, a Sociedade Humanitária 1º Dezembro, Conselho da Comunidade Luso-Brasileira e o Grêmio Lítero Recreativo Português. “Essas instituições fazem todo o movimento dos portugueses em São Luis”, diz o cônsul-honorário que tem atualmente 1.073 inscritos, metade deles portugueses enquanto o restante é brasileiro que adquiriu cidadania lusa.

“Os portugueses precisam se integrar mais, são poucos os que participam, convidamos para participar da própria instituição mas eles não tem interesse. Como é uma comunidade formada por antigos, os filhos mais jovens não tiveram interesse em dar continuidade ao que os pais fizeram, são pouquíssimos os que dão andamento a isso”.

Ao Mundo Lusíada, o presidente do Grêmio, Alírio Gonçalves, disse que a visita das comunidades do norte será retribuída. “É o primeiro encontro de muitos que virão. Vamos agora a Manaus, São Luis, Maranhão, Amapá. Essa união/integração é muito importante para as comunidades do norte. Tenho certeza que só vai engrandecer a comunidade portuguesa. E a comunidade portuguesa no Estado do Pará está mais unida do que nunca”.

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