Da Redação
O ministro brasileiro da Cultura, Sérgio Sá Leitão, declarou dia 2, que é prioridade do Ministério da Cultura (MinC) a criação do Museu Nacional do Valongo, para resgatar a história da escravidão no Brasil e a herança africana no país. Sá Leitão pretende reunir representantes da Prefeitura do Rio de Janeiro e de instituições do MinC para encaminhar uma solução para a instalação do museu.
Sá Leitão participou de duas audiências relacionadas ao tema, em reunião com o antropólogo Milton Guran, que coordenou a candidatura do Cais do Valongo a patrimônio da humanidade, foi entregue ao ministro um abaixo-assinado de intelectuais brasileiros defendendo a criação do Museu Nacional do Valongo – Memorial da Diáspora Africana. Na audiência com a deputada federal Laura Carneiro (PMDB-RJ), o diretor-executivo da ONG Ação Cidadania, Rodrigo Afonso, e representantes da Secretaria do Patrimônio da União do Ministério do Planejamento, Desenvolvimento e Gestão, Anna Cristina de Moura Cruz e Valéria Veloso Soares, o ministro buscou mediar soluções para estabelecer um espaço para a construção do Memorial.
No mês passado, a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) reconheceu o Cais do Valongo, localizado na zona portuária do Rio de Janeiro, como patrimônio da humanidade. Entre os compromissos assumidos pelo poder público brasileiro na candidatura está a criação do memorial da história africana no país, condição obrigatória para a manutenção do título da Unesco. O Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), o Instituto Brasileiro de Museus (Ibram) e a Fundação Cultural Palmares (FCP) já estão envolvidos nesse processo.
O abaixo-assinado entregue por Guran tem a assinatura de 57 intelectuais, entre eles o historiador Alberto da Costa e Silva (membro da Academia Brasileira de Letras e do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro), a professora Ana Lucia Araújo (Howard University), a pesquisadora Elisa Larkin Nascimento (Instituto de Pesquisas e Estudos Afro-Brasileiros), o professor João José Reis (Universidade Federal da Bahia), o cientista político e historiador José Murilo de Carvalho (Universidade Federal do Rio de Janeiro), o professor congolês Kabengele Munanga (Universidade de São Paulo), a professora Lilia Moritz Schwarcz (Universidade de São Paulo), o professor Paulo Knauss de Mendonça (Universidade Federal Fluminense) e o professor Rafael Sanzio Araújo dos Anjos (Universidade de Brasília).
“O Estado Brasileiro deve à matriz africana um museu nacional que reconte a história do tráfico de escravos e dos africanos escravizados no Brasil e nas Américas, para dar visibilidade às suas realizações e estabelecer um diálogo efetivo com os demais países envolvidos na Diáspora Africana nas Américas e na África”, disse Guran.
Rio
Também no Estado, um cronograma de eventos que podem impulsionar a geração de renda e empregos no estado do Rio foi divulgado dia 3 pelo ministro, no Palácio do Planalto, após reunião do grupo interministerial “Rio de Janeiro a Janeiro”, criado pelo Governo Federal para auxiliar a cidade e o estado do Rio a se recuperar de dificuldades econômicas.
O marco inicial ocorre a partir do Réveillon do próximo ano, e vai até dezembro de 2018, com um calendário de 120 a 150 eventos estratégicos que abarcam todo o espectro da diversidade cultural, assim como as áreas de turismo e esportes. São eventos considerados estratégicos e com alto potencial de geração de emprego e renda nas áreas de economia criativa, turismo e esporte.
O desfile de Carnaval, feiras de livro, festivais de cinema, shows musicais, encontros de área audiovisual e digital, dentre outros, compõem a agenda prevista. A previsão é que a programação seja divulgada em outubro deste ano para que, em novembro, seja realizado um encontro entre as empresas produtoras das atividades e potenciais patrocinadores.
“A vocação da economia da Cultura no estado é evidente, corresponde por 4,1% do seu PIB. São eventos já realizados com alto índice na geração de empregos e renda, que vamos potencializar para que atinja novos públicos”, acrescentou o ministro ao informar dados de que a média salarial da área cultural no estado é três vezes maior do que a das demais atividades econômicas.
O investimento para viabilizar o calendário é de R$ 200 milhões, sendo R$ 150 milhões de patrocínio aos eventos e outros R$ 50 milhões de promoção das ações, inclusive no exterior. Além dos investimentos estatais (das esferas Federal, Estadual e Municipal), ainda será possível contar com apoio por meio das leis de incentivo à Cultura, patrocínios de empresas privadas e estatais e do “Sistema S”.