Da Redação
Com Lusa
O número de médicos dentistas portugueses a emigrar e que não pretendem regressar a Portugal quase duplicou em dez anos e continuam a sair anualmente das faculdades profissionais em excesso, segundo a Ordem destes profissionais.
O documento “Número da Ordem” relativo a 2016, a que a agência Lusa teve acesso, mostra que só num ano aumentou em 19% o número de dentistas com inscrição suspensa na Ordem, sendo a emigração o principal motivo desta suspensão.
O número de dentistas com inscrição suspensa e anulada, portanto inativos, quase duplicou, passando de 689 em 2007 para 1.300 ano passado.
“Continua a aumentar a emigração de médicos dentistas. Verificamos que cada vez está mais consolidado este fenômeno da emigração. Colegas que se dirigiam para outros países, como França e Inglaterra, têm vindo a anular essa inscrição mostrando que não fazem tenções de voltar a exercer em Portugal pelo menos nos próximos tempos”, afirmou à agência Lusa o bastonário da Ordem dos Médicos Dentistas.
Orlando Monteiro da Silva sublinha que a par destes profissionais há “muitos outros” que estão a exercer fora de Portugal mas que continuam por enquanto com inscrição ativa na Ordem.
“No surto emigratório que na medicina dentária se acentuou com a crise em 2007, 2008, 2009, o que verificamos é que este surto não teve retorno e as pessoas estão a ficar nos países por razões diversas, mas a empregabilidade atual da profissão em Portugal é uma questão crucial”, comentou.
Reino Unido e França são os principais países de destino dos médicos dentistas que emigram, com a Ordem a destacar que ainda é uma incógnita o que irá acontecer após a saída do Reino Unido da União Europeia.
Dos dados do documento “Números da Ordem”, constata-se ainda que o número de inscritos na Ordem continua a aumentar, estando nos 10.688 em 2016, um crescimento de 660 em relação ao ano anterior. É um aumento acima das necessidades do país, sublinha o Orlando Monteiro da Silva.
“A emigração atingiu valores nunca vistos, mas não tem sido suficiente para diminuir o número de médicos a exercer em Portugal. Das universidades continuam a sair anualmente centenas de profissionais sem qualquer perspetiva de trabalho estável. Um problema que tem de ser resolvido pelos ministérios da Saúde e do Ensino Superior quanto à limitação de vagas”, afirmou o bastonário.