Escola Portuguesa de São Paulo vai funcionar no ano letivo de 2018/19

O presidente de Portugal Marcelo Rebelo de Sousa no espaço que será a Escola Portuguesa de São Paulo, local no Sumaré, capital paulista. Foto Mastrangelo Reino CONFIRA GALERIA >>

Por Odair Sene
Mundo Lusíada

As autoridades portuguesas e o governador de São Paulo Geraldo Alckmin assinaram, na manhã do dia 11, um documento que cede para o governo português o terreno do Centro Educativo Regional Centro-Oeste, no bairro Sumaré, na capital paulista. O local vai abrigar a primeira escola internacional portuguesa no Brasil, a sétima de Portugal no mundo, e deverá começar a funcionar no ano letivo de 2018/19.

Em entrevista ao Mundo Lusíada, o governador agradeceu ao presidente Marcelo Rebelo de Sousa e ao primeiro-ministro, que chegaram a São Paulo na noite anterior, pela efetivação do projeto da Escola Portuguesa, e também da parceria no restauro do Museu da Língua Portuguesa em São Paulo.

“São Paulo é a maior cidade do mundo onde mais se fala a língua portuguesa. Estamos celebrando um convênio onde vamos ceder um prédio e o governo de Portugal montará a Escola Portuguesa, reservará um número de vagas para alunos da nossa rede pública do estado, formação de professores de língua portuguesa, centro cultural e difusor da língua, e de outro lado, uma parceria para o restauro do Museu de Língua Portuguesa” disse destacando a participação da EDP, Rede Globo e Banco Itaú.

“Nós já estamos em pleno trabalho de restauração do prédio na Estação da Luz para mais rapidamente reabri-lo ao público, provavelmente no final do ano que vem” confirmou o governador, tendo como previsão de reabertura no máximo no início de 2019. “Mas este ano já vamos entregar a fachada toda pronta, e o Museu da Língua Portuguesa será mais moderno e interativo. Foi preservada toda a parte de software, o museu era o mais visitado do Brasil” disse Alckmin sobre o museu que já recebeu mais de 4 milhões de pessoas.

Com uma relação histórica com a comunidade portuguesa, o governador falou ainda ao Mundo Lusíada sobre essa que é uma relação “antiga e muito afetiva”. “Nós temos uma comunidade portuguesa aqui em São Paulo muito amiga, muito trabalhadora em todas as áreas do comércio, do serviço, da indústria, do agronegócio, da cultura. Fernando Pessoa dizia que ‘a minha língua é a minha pátria’. Então nós lusófonos temos a mesma pátria, por isso a importância do Museu da Língua Portuguesa aqui em São Paulo, o primeiro museu voltado à língua no mundo, o nosso idioma”.

Escola Portuguesa

Durante o evento no Consulado Geral de Portugal em São Paulo, o secretário estadual de Educação José Renato Nalini e o ministro da Educação de Portugal Tiago Brandão Rodrigues firmaram um protocolo de intenções que contém os termos da cooperação para o estabelecimento da Escola Portuguesa de São Paulo.

De acordo com o Consulado Geral de Portugal em São Paulo, a escolha da capital paulista para sediar a escola se deu em função de sua “dimensão populacional simbólica, pelo número de portugueses e descendentes que residem na cidade e devido à excelente abertura do Governo do Estado de São Paulo a este projeto.”

“Quero agradecer ao Governo do Estado de São Paulo pelo grande empenho para que o sonho de cinco décadas tenha sido concretizado. Quando há vontade política as coisas acontecem”, ressaltou o Primeiro-ministro português, António Costa.

Segundo o decreto de cessão, pelo menos 10% das vagas oferecidas pela Escola serão destinadas gratuitamente para alunos da rede pública estadual. O projeto não terá fins lucrativos e atenderá estudantes dos ciclos infantil, fundamental e médio.

Todos os formados pela futura instituição terão diploma duplo, que garante ao estudante, segundo o consulado português, acesso às instituições de ensino superior público-privadas estabelecidas em Portugal.

O documento estabelece ainda que a Escola Portuguesa de São Paulo deverá manter um curso de formação, capacitação e aprimoramento em língua portuguesa destinado aos professores da rede estadual de ensino, além de instalar um centro de ensino de língua e cultura portuguesa, com gratuidade de acesso a professores, alunos e servidores da rede estadual de ensino.

O Ministério da Educação de Portugal se responsabilizará pela administração da escola, assim como pela guarda e conservação do prédio, enquanto o modelo de gestão operacional deve ser negociado bilateralmente.

Pelo decreto, o terreno será cedido pelos próximos 20 anos. Esta será a oitava escola portuguesa fora de Portugal que já possui unidades (ou entidades congêneres) em Angola, Cabo Verde, Moçambique, São Tomé e Príncipe, Timor Leste e na região administrativa especial de Macau (China).

Museu da Língua

Também foi assinado o Acordo de Cooperação entre o Governo do Estado de São Paulo, o Instituto Camões e a Fundação Roberto Marinho para recuperação do Museu da Língua Portuguesa. O acordo prevê apoio técnico para a recuperação, divulgação, intercâmbio de informações e a possibilidade de agendas/exposições conjuntas envolvendo a promoção da língua portuguesa.

António Costa afirmou que a reconstrução do Museu da Língua Portuguesa “é um projeto que interessa a todos os países da Comunidade de Países da Língua Portuguesa, desde logo a Portugal”. Referindo que “temos empresas que estão a patrocinar a recuperação do museu, desde logo a EDP”, acrescentou que o Estado Português, pela sua parte, através do Instituto Camões, vai contribuir com conteúdos. “O Estado Português está totalmente aberto à cooperação que nos for solicitada para o Museu da Língua Portuguesa”, disse ainda.

O Museu da Língua Portuguesa está em obras de restauro das fachadas e esquadrias desde 21 de dezembro, etapa que deve ser concluída em outubro deste ano. Várias  providências foram tomadas logo após o incêndio que atingiu o espaço em 21 de dezembro de 2015. As ações emergenciais começaram apenas 48 horas após o acidente, com o objetivo de preservar o conjunto arquitetônico, protegendo as áreas descobertas das chuvas e retirando os escombros. Dentre elas, a impermeabilização das lajes expostas, instalação de sistemas de drenagem e construção de uma cobertura provisória, além da limpeza de equipamentos e mobiliário. Em dezembro do mesmo ano, as empresas EDP, Grupo Globo e Itaú consolidaram a Aliança Solidária, anunciando seus patrocínios.

Ao final, as autoridades dos dois países, incluindo o presidente de Portugal, participaram da abertura da exposição “Tempo: ilusão imprecisa – Obras de E. M. de Melo e Castro na Coleção da Fundação Serralves”, destacando a produção em poesia experimental produzida pelo artista português residente no Brasil no contexto do pós-guerra, nas décadas de 1960 e 1970, presente na Coleção da Fundação de Serralves, do Porto. O artista Ernesto de Melo e Castro, na ocasião foi condecorado pelo presidente de Marcelo Rebelo de Sousa, com a Ordem do Infante Dom Henrique.

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