A noite memorável do 10 de Junho em São Paulo: “O que nos une é mesmo a alma” disse o Presidente

O prefeito de SP, João Doria, e esposa, recepcionou o presidente Marcelo Rebelo e o primeiro-ministro Antonio Costa. Foto Odair Sene/Mundo Lusíada

Por Vanessa Sene
Mundo Lusíada

Foi assim que as autoridades portuguesas descreveram a noite do 10 de Junho no Theatro Municipal de São Paulo ao Mundo Lusíada, uma noite memorável. Com a presença do primeiro-ministro e do presidente de Portugal, que prolongou para 28 horas a data em que se comemora o Dia de Portugal, Camões e Comunidades para estar junto aos luso-brasileiros neste 10 de Junho, a celebração foi única.

Os convidados que lotaram o Theatro Municipal, que recepcionou a todos com sua fachada nas cores verde e vermelho, já estavam em seus assentos quando as autoridades mais aguardadas chegaram ao local. Recepcionados pelo prefeito da capital João Dória, o presidente Marcelo Rebelo de Sousa e o primeiro-ministro Antonio Costa seguiram direto para a solenidade no interior do Theatro, onde o ator português Ricardo Pereira deu início às celebrações oficiais, dando ênfase ao atual momento de intercâmbio cultural e econômico entre ambas nações. Um vídeo produzido especialmente para a data narrou os últimos avanços nessa relação bilateral entre Brasil e Portugal.

Logo após o discurso do Primeiro-Ministro, trazendo mais dados do governo, o presidente português fez o que chamou de “discurso do coração”, iniciando com os agradecimentos ao presidente do Conselho da Comunidade Luso-Brasileira de São Paulo, quem o chamou de Almeidinha, além do prefeito Doria por tudo o que foi feito para que estivessem nesta noite em São Paulo. “Não nos esqueceremos João Doria, obrigado. Nós contamos consigo, pode contar com Portugal”.

“Queremos abraçar o Brasil, esta grande metrópole, este grande Estado, esta potência mundial que é o Brasil” declarou Marcelo que sempre defendeu, mesmo antes de ser presidente, que o Brasil seria uma potência mundial. “Nós portugueses admiramos o Brasil, nos orgulhamos do Brasil como potência. (…)Cada vez que o Brasil vence, Portugal vence”.

O dia que começou no Porto, com um “extraordinário desfile militar” teve 28 horas, declarou o presidente, quando continuou com esse encontro em São Paulo, representando todos os portugueses que estão no Brasil afora. E lembrando das comunidades em todo o mundo, defendeu que quanto mais necessitadas, mais elas estão no “nosso coração”, citando especificamente o exemplo da comunidade na Venezuela.

O presidente Marcelo contou a história de um minhoto que no final do Século 19 partiu para o Brasil, viveu em São Paulo onde permaneceu com uma primeira geração, depois assistiu a emigração de uma segunda geração por conta de outra crise econômica e financeira em Portugal, seguida pela vinda do filho ao Brasil, e anos depois, o neto deste minhoto que apostava no futuro do Brasil também escolheu o país para morar, e hoje são os filhos deste neto que vivem em São Paulo. “Se eu conto esta história é porque conheço, porque é a história da minha família. Mas é a história da família de centenas de milhares de portugueses no Brasil, que fizeram do Brasil eu diria mais do que a segunda pátria, uma fusão com sua primeira pátria e vivem como se tivessem uma só pátria, tal como os brasileiros que vivem em Portugal. Uma vitória do Brasil e dos brasileiros é uma vitória nossa. Uma vitória de Portugal e dos portugueses é uma vitória do Brasil e para os brasileiros”.

Citando que brasileiros estão presentes em todos os cantos de Portugal, o presidente declarou que as políticas mudam, os políticos e os tempos passam, mas sempre continua o que une Portugal e o Brasil. “E o que nos une é mesmo a alma, são os mesmos valores, é um patrimônio comum feito de geração em geração, pelo trabalho, pelo esforço desses portugueses no Brasil e dos brasileiros em Portugal”.

Segundo o presidente, Portugal é grande por causa do seu “território espiritual”, muito maior do que seu território físico. “É por causa do território espiritual que Antonio Guterres é secretário-geral das Nações Unidas, é por causa do território espiritual que o Papa Francisco esteve em Fátima, escreveu o que não costuma fazer pelo seu próprio punho uma carta comovedora ao povo português, é por causa do nosso território espiritual que nós temos os melhores do mundo, no futebol, mas também na literatura, na ciência, na medicina. É por causa desse território espiritual que nós temos o peso que temos no mundo, boa porte deste peso é devido a vós. É vossa obra, vosso mérito” finalizou o presidente citando ainda que se orgulha por ser o presidente também destes cidadãos emigrantes.

A noite continuou com um bonito e divertido concerto de fado da portuguesa Gisela João, que animou e fez rir em alguns momentos o público que tomou todo o Theatro Municipal para esta noite. Ao final, um coquetel fechou o evento com as autoridades, a cantora, o apresentador da noite e toda comitiva de ministros, em meio ao público presente que fez muitas fotos com o presidente de Portugal.

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