Mundo Lusíada
Com Lusa
O Brasil, que nesta noite acolhe parte das celebrações do Dia de Portugal, Camões e Comunidades Portugueses, é um dos países com o maior número de emigrantes portugueses, com mais de 670 mil inscritos nos consulados.
O Presidente da República Portuguesa, Marcelo Rebelo de Sousa, e o primeiro-ministro, António Costa, participam nas celebrações oficiais do 10 de Junho, uma iniciativa que visa aproximar a comunidade emigrante ao seu país de origem.
O número atual de inscrições consulares de nacionais portugueses no Brasil é de 674.309, mais de metade das quais (345 mil) no Rio de Janeiro, seguindo-se São Paulo com 212 mil inscritos.
“A comunidade portuguesa apresenta uma atividade bastante produtiva e diversificada, fazendo-se sentir em quase todos os ramos econômicos, com uma maior predominância para os setores do comércio e indústria”, uma situação que é “mais predominante entre a comunidade radicada no Rio de Janeiro”, refere a Presidência.
“Apesar do seu envelhecimento estão a fixar-se no país jovens qualificados, quadros de empresas, advogados, engenheiros, arquitetos, médicos, entre outros profissionais, especialmente na área consular de São Paulo”, acrescenta a mesma fonte.
Em 2016, o total de remessas foi de 21,2 milhões de euros, o que representa uma subida de 6% face a 2015.
Com as celebrações no Brasil, este será o segundo ano em que o programa oficial do Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas é repartido entre o território luso e um país estrangeiro, depois da França no ano passado.
Regressar
O presidente do conselho permanente das Comunidades Portuguesas, Flávio Alves Martins, considera que os portugueses no Brasil vivem os mesmos problemas econômicos e políticos que o resto dos brasileiros e muitos pensam em regressar a Portugal.
“A comunidade portuguesa está muito inserida na sociedade brasileira, estamos muito integrados por causa da língua e da cultura. No Brasil, os portugueses não são uma minoria étnica” e, por isso, “aqueles que vivem aqui sofrem das mesmas incertezas que o resto da população brasileira”, disse Flávio Alves Martins, no dia em que o país acolhe as comemorações do dia de Portugal.
Morador da cidade do Rio de Janeiro, Flávio Alves Martins, lembrou os desafios económicos e políticos do país, que está a enfrentar sucessivas crises nos últimos anos. Em 2015 e 2016 o país viu seu Produto Interno Bruto (PIB) encolher, respectivamente, 3,8% e 3,6%, o desemprego duplicar e a inflação a atingir os dois dígitos
Neste mesmo período, uma ampla investigação de corrupção, que começou na petrolífera estatal Petrobras e estendeu-se por outros órgãos, revelando dezenas de escândalos que envolvem funcionários públicos, empresários e políticos.
No ano passado, o Congresso brasileiro validou a destituição da ex-presidente Dilma Rousseff, substituída por Michel Temer. Com pouco mais de um ano de Governo, porém, o próprio Michel Temer luta para se manter no cargo após denúncias de corrupção que o envolvem a ele e muitos dos seus aliados.
Diante de tantos problemas, Flávio Alves Martins admite que muitos elementos da comunidade que pretendem ir para Portugal. “Conheço vários portugueses que vieram para o Brasil há pouco mais de 10 anos e agora voltaram para Portugal onde a situação econômica está, gradualmente, a melhorar. Também percebo que muitos lusodescendentes tentam obter a cidadania para morar lá”, afirmou.
No que respeita à visita do Presidente e primeiro-ministro portugueses ao país, onde comemora o 10 de Junho, o conselheiro salientou o seu valor simbólico. “A visita do Presidente e do primeiro-ministro é um reconhecimento para nós que estamos aqui. No entanto, pelo curto espaço de tempo creio ser uma iniciativa mais simbólica do que prática”, explicou.
Questionado sobre as exigências da comunidade portuguesa que vive no Brasil em relação ao Governo de Portugal, Flávio Martins salientou a regulamentação da lei dos netos, melhoria e expansão dos serviços consulares e a diminuição da burocracia nos processos de obtenção de documentos.