Da Redação
Dando sequência ao calendário cultural do Experimenta Portugal ’17, o Consulado Geral de Portugal em São Paulo inaugura, em colaboração com a Fundação de Serralves (Porto, Portugal), a exposição “Tempo: ilusão imprecisa – Obras de E. M. de Melo e Castro na Coleção da Fundação Serralves”, na Sala Fernando Pessoa.
A abertura será feita no dia 12 de junho, às 19h, e o evento fica em cartaz, de forma gratuita, até 5 de agosto.
A mostra destaca a produção em poesia experimental produzida pelo artista português residente no Brasil Ernesto de Melo e Castro no contexto do pós-guerra, nas décadas de 1960 e 1970, presente na Coleção da Fundação de Serralves, na Cidade do Porto.
A exposição será composta por obras, livros, documentos e vídeos e incluirá ainda um livro, produzido especialmente para a ocasião, que irá enfocar a relação do artista com o poeta brasileiro Haroldo de Campos, autor cuja obra teve grande divulgação por Melo e Castro no contexto português.
“Em um contexto de censura e repressão, marcado pela ditadura do Estado Novo de Salazar, o movimento da poesia experimental portuguesa significou um regresso dos artistas do país a uma cena artística internacional, e Melo e Castro foi um dos pioneiros deste movimento, que se articulou com a poesia visual de países como Inglaterra e França e a poesia concreta brasileira”, diz Isabella Lenzi, curadora da exposição.
“Sua relevância ultrapassa os campos das artes visuais, da poesia e os limites do país. Além de uma radicalidade plástica e conceitual, com a rede de contatos internacional que construiu, Melo e Castro contribuiu para a conexão de Portugal com o mundo e teve um papel fundamental na divulgação dos poetas concretos brasileiros no contexto português e europeu, como Haroldo de Campos e Décio Pignatari”, completa.
No dia da abertura, a mostra terá a presença de João Fernandes, subdiretor artístico do Museu Nacional Centro de Arte Reina Sofía (Madri), que foi diretor da Fundação Serralves por mais de dez anos e responsável pela exposição O “O Caminho do Leve” (2006), uma das principais sobre a obra de Melo e Castro.
Nascido em 1932, em Covilhã, Ernesto de Melo e Castro trabalhou por 40 anos na indústria têxtil, mas sempre esteve ligado à literatura de invenção e vanguarda. A dupla atividade, como poeta e engenheiro têxtil, caracterizou sua produção artística, marcada pelo experimentalismo e o uso das tecnologias da comunicação. Também atuou como professor, crítico e teórico da linguagem. Desde 1960, pratica a poesia Concreta e Visual e integra o Movimento da Poesia Experimental Portuguesa. Em 1962, publicou o primeiro livro de poesia concreta em Portugal e é considerado por muitos o pioneiro da vídeo poesia. No contexto da ditadura do Estado Novo de Salazar, teve um papel fundamental no processo de abertura e internacionalização do país, atuando como um importante polo de conexão do com o restante do mundo. Desde 1996, reside em São Paulo, dedicando-se unicamente à literatura. É Doutor em Letras pela Universidade de São Paulo em 1998, onde leciona. No Brasil, publicou numerosos livros de poesia e ensaios. Realizou exposições em diversos países, entre elas uma grande retrospectiva em 2006, denominada O Caminho do Leve, no Museu de Arte Contemporânea da Fundação de Serralves, no Porto, Portugal.
SERVIÇO
Abertura: 12 de junho, às 19h
Exposição: 13 de junho a 5 de agosto (exceto aos domingos), das 10h às 18h
Onde: Consulado Geral de Portugal em São Paulo (Sala Fernando Pessoa) – Rua Canadá, 324 – Jardim América – SP
Entrada: Gratuita (não há necessidade de inscrição)