Da Redação
Após a visita da comitiva de sete autores moçambicanos no Festival Literário de Poços de Caldas, o Flipoços 2017, foi desencadeado um movimento em Maputo para a reabertura do Centro Cultural Brasil – Moçambique (CCBM). A grande repercussão nacional e em Moçambique da participação inédita com sete escritores ao mesmo tempo em um festival literário no Brasil despertou o interesse das autoridades de cá e de lá, promovendo assim a reabertura da instituição no último dia 11 de maio, em Maputo. O interesse partiu da Embaixada do Brasil em Moçambique, através do embaixador Rodrigo Baena que mesmo ao longe, deu total apoio ao Flipoços 2017.
No evento de reabertura da instituição, esteve presente o ministro das Relações Exteriores no Brasil, Aloysio Nunes Ferreira Filho e o Senador Antônio Anastasia, como autoridades nacionais. O presidente da Câmara Brasileira do Livro (CBL), Luís Antonio Torelli, que durante o Flipoços teve a oportunidade de conhecer o diretor de Cultura de Moçambique, Sr. Roberto Dove, também foi convidado para a solenidade em Maputo, que teve também como intuito estreitar o relacionamento com a Câmara Brasileira do Livro.
Como parte da solenidade de reinauguração do Centro Cultural Brasil – Moçambique, a escritora Paulina Chiziane também recebeu uma homenagem, como primeira romancista de Moçambique. O governo brasileiro entregou-lhe a comenda “Ordem de Rio Branco” em reconhecimento ao trabalho extraordinário como contadora de histórias. A láurea foi entregue pelo ministro de Relações Exteriores, Aloysio Nunes Ferreira Filho. Na ocasião, ele a elogiou e destacou seu trabalho literário e de militância.
Após receber o prêmio, Paulina Chiziane agradeceu ao governo brasileiro e ao povo moçambicano pela homenagem. “Muitas vezes, eu tenho o hábito de dizer vim do chão, vim de lugar nenhum, caminhei pelo mundo e cheguei. Mas não caminhei sozinha. Há muita gente que comigo caminhou ao longo dos dias da minha escrita”, disse.
Em sua fala, Paulina Chiziane dedicou os agradecimentos à organizadora do evento, Gisele Corrêa Ferreira e ao Flipoços, pois foram os pontos de partida para esse reconhecimento em seu próprio país. “Agradeço a oportunidade de ter participado nesse grande evento o Flipoços, em Poços de Caldas, Brasil, onde nosso país e nossos escritores moçambicanos foram homenageados. Queira Deus que consigam manter esta iniciativa apesar de todas as dificuldades que o País enfrenta. Gostei de conhecer a Gisele e toda sua equipe, de conhecer a magnífica cidade e poder partilhar momentos de aprendizagem e alegria impar com muitos amigos que fiz em Poços de Caldas. Guardo essa cidade em meu coração. Espero um dia poder voltar para desfrutar da generosidade daquelas pessoas e da beleza da paisagem”, destacou.
Para Luís Torelli, essa visita à Maputo representa um novo tempo e diálogo entre os países de língua lusófona. “Eu recebi o convite e esta foi a primeira vez que estive na África representando a CBL. Durante a inauguração do centro, me encontrei com o Ungulani Ba Ka Khosa e com o Roberto Dove, os quais conheci no Flipoços e o assunto, claro, foi o festival. Para eles foi muito importante ter estado no Brasil através deste convite, já que antes a literatura lá era muito pautada por Portugal. Na ocasião, falei também com ministros e lideranças sobre os esforços que foram feitos para realizar o Flipoços, apesar dos poucos recursos. Um festival assim tem que acontecer. Em seguida, vimos a homenagem à Paulina Chiziane, que também só aconteceu porque ela foi ovacionada em Poços de Caldas. Agora, já fiz um convite para que os autores voltem ao Brasil para a Bienal de São Paulo em 2018 e espero que consigamos. Por fim, acredito que foi uma visita muito proveitosa e que promete”, comentou.
De acordo com o Centro Cultural Brasil-Moçambique, o local ficou fechado por uma longa temporada para a realização de obras de restauração. Agora, com a reabertura, o recinto passa a contar com o auditório Vinícius de Moraes, preparado para receber espetáculos de música e teatro, sessões de cinema, seminários e palestras. As galerias de arte foram renovadas e contam com nova iluminação. O espaço deve contar também com um café com bebidas e comidas típicas do Brasil. A fachada também foi restaurada, de modo a dar maior visibilidade à arquitetura original do prédio.
Para Gisele Ferreira, curadora do Flipoços, a satisfação foi imensa em poder ter construído tantas pontes através do Festival nessa edição de 2017. “O que sempre buscamos com o Flipoços é isso, encontros, diversidade, oportunidades de difundirmos a literatura sem barreiras”, completou.
Na edição de 2017, o evento anual em Minas Gerais contou com um jantar temático, onde os visitantes e convidados apreciaram um jantar que misturou Brasil e Moçambique em pratos feitos pelo chefe Henrique Benedetti.