Da Redação
Com agencias
O Presidente português considerou que o país entra num “novo ciclo” de crescimento sustentado, mas avisou que para tal é preciso atrair investimento privado e alcançar um quadro de estabilidade.
“Todos sentimos que estamos a entrar num novo ciclo e esse ciclo vai dominar os nossos próximos anos, certamente os próximos três ou quatro anos, mas o ideal fora que fosse um ciclo bem mais longo, para além de legislaturas, para além de mandatos presidenciais, e que é um ciclo do crescimento sustentado”, declarou o chefe de Estado, Marcelo Rebelo de Sousa.
Marcelo Rebelo de Sousa, que falava durante um congresso em Faro, sublinhou que aquilo que vai fazer crescer Portugal “é, sobretudo, o investimento privado, interno e externo”, mas, fundamentalmente, um quadro de estabilidade em diversos setores.
Segundo o chefe de Estado, o país precisa não só de estabilidade política, “desejavelmente governos de legislatura, governos fortes e oposições fortes”, mas também de estabilidade institucional, legislativa, fiscal, para não haver “alterações de caminho”, laboral e, por fim, estabilidade social.
“Mas o quadro de estabilidade que vos referi é o fundamental, porque está ligado à palavra-chave: confiança”, sublinhou, observando que investe “quem tem confiança, quem não tem confiança, espera para investir”.
Dificuldade em convencer empresários
Recentemente, o Presidente declarou que no início do seu mandato teve dificuldades em convencer os empresários, nomeadamente estrangeiros, a investir em Portugal e a confiar na estabilidade do país.
Em entrevista à rádio TSF divulgada pela Lusa, quando questionado sobre a existência de preconceito ideológico por causa de um governo apoiado pelo PCP e Bloco de Esquerda, Marcelo Rebelo de Sousa admite que “foi uma luta”, durante 2016, convencer os empresários a investir em Portugal.
“No início do meu mandato eu encontrei de fato esse preconceito. Vários investidores internacionais e alguns, não todos, não muitos, internos, sistematicamente tinham muitas dúvidas sobre o cumprimento dos compromissos europeus. Vai mesmo cumprir-se aquilo que são compromissos em relação ao equilíbrio das contas públicas? Vai mesmo haver estabilidade política?”, disse o Presidente da República.
Na entrevista, Marcelo Rebelo de Sousa disse que foi “uma luta ao longo do ano de 2016 para que esses setores aceitassem e percebessem que estava a haver um processo que não correspondia às suas expectativas, porque as expectativas eram baixas e nalguns casos negativas”.
Questionado sobre se entretanto o medo dos investidores mudou, o Presidente da República avançou que a postura alterou-se, mas salientou que é “uma luta diária”. “Mudou muito apreciavelmente, mas é uma construção no dia-a-dia, O problema dos investidores é que eles têm o dinheiro. Têm a última palavra a dizer em termos de onde é que vão investir”, afirmou.