Mundo LusíadaCom Lusa
Manuel de Almeida/Lusa Portugal >> Vitor Constâncio, governador do Banco de Portugal, durante a apresentação do relatório anual de 2007 e Boletim Econômico de Verão, no Salão Nobre da Assembléia da República, em Lisboa.
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O Banco de Portugal reviu para baixo a expectativa de alta do PIB do país para 2008 que, de acordo com os novos números, deve crescer menos do que seus parceiros da zona do euro pelo sétimo ano consecutivo.
O banco central luso espera, agora, que Portugal cresça 1,2% este ano. Em janeiro, a instituição previa alta de 2% do PIB. Para o ano que vem, o Banco de Portugal prevê crescimento de 1,3%.
O Banco de Portugal, além de diminuir sua expectativa de expansão da economia portuguesa, também recalculou a previsão de inflação para 3% em 2008, contra os 2,4% divulgados anteriormente. A expectativa da redução do crescimento e subida da inflação é atribuída à queda dos investimentos e das exportações.
Há alguns meses, o presidente do Banco de Portugal, Vítor Constâncio, já havia anunciado que o crescimento do país seria revisto para baixo. Segundo previsão de junho do Banco Central Europeu, o conjunto de países que utilizam a moeda única européia deve crescer 1,8% em 2008 e 1,5% em 2009.
Durante entrevista na RTP, o primeiro-ministro português, José Sócrates, anunciou que vai propor um aumento das deduções fiscais no crédito à habitação para as famílias mais carenciadas e medidas para travar o aumento do Imposto Municipal Imobiliário. Segundo ele, Portugal enfrenta “dificuldades econômicas muito fortes”, mas “reduzir os impostos em 2009 seria uma aventura”. Sócrates admitiu também que a economia portuguesa vai passar por um abrandamento, este ano e em 2009, em conseqüência da conjuntura internacional.
Comentando sobre Portugal, que teve um crescimento econômico de 1,9% ano passado e não atingirá esse crescimento este ano de acordo com as previsões, o presidente Cavaco Silva disse que a situação é complexa, justificando o fato com várias situações como a subida do preço do petróleo, de produtos alimentares e das taxas de juro, além das limitações ao crédito.
Menor que países europeus O ministro português da Economia também afirmou que o Banco de Portugal prevê uma desaceleração do crescimento econômico português "bastante menor" que em vários países europeus, que estão em recessão. Manuel Pinho comentou que o fato de Portugal apresentar este ano um abrandamento econômico inferior a outros países "é resultado do que tem sido feito" pelo governo português.
"Face a um choque tão brutal" da conjuntura externa, "temos um rumo claro: apoiamos as PME [pequenas e médias empresas] e as grandes empresas", afirmou Pinho à Agencia Lusa, acrescentando que o Governo irá continuar "a tomar as medidas para apoiar os setores mais atingidos pela situação internacional". Apesar do BdP prever um investimento de 1% este ano, contra os 3,3% anteriormente previstos, Pinho sublinhou que os dados do investimento das empresas demonstram que "os empresários têm agora mais confiança", apesar da conjuntura internacional.
Emprego cresce 0,7%A projeção do BdP para 2008 foi um crescimento de 0,7% no indicador de emprego português e de 0,4% em 2009. "A evolução favorável do emprego, num contexto em que a atividade econômica terá registrado um abrandamento significativo, indicia que os desenvolvimentos mais recentes possam revelar-se de natureza temporária podendo implicar uma reversão desta evolução durante o ano corrente", alerta o boletim da instituição. De acordo com o BdP, a informação disponível para o primeiro trimestre de 2008, que aponta para um forte crescimento do emprego "num quadro caracterizado pelo abrandamento pronunciado da atividade", implica uma redução da produtividade aparente do trabalho.
Cavaco sugere trabalhoAlertando para uma situação “difícil” de Portugal, o presidente português Cavaco Silva frisou que, se o país não aumentar a produção de bens e serviços transacionáveis, o endividamento com o exterior pode ser insustentável. “O país vive uma situação difícil, mas não podemos baixar os braços. O importante é que todos tenhamos a consciência que Portugal não conseguirá voltar a aproximar-se do nível de desenvolvimento médio da União Européia e ultrapassar as atuais dificuldades se não aumentar a produção de bens e serviços transacionáveis”, disse.
Afirmando que todos gostariam de desempenho econômico melhor, Cavaco disse que “temos que ter esperança que no futuro a situação será diferente”. E sugeriu a todos “trabalho, muito trabalho”, “políticas corretas, muito corretas”, e que “os portugueses e os autarcas não esperem tudo do Estado”.