Mundo Lusíada
Com Lusa
O ex-Presidente português Mário Soares mantém-se em coma profundo e o seu estado de saúde “não sofreu alterações substanciais nas últimas 24 horas”, segundo o porta-voz do Hospital da Cruz Vermelha, onde está internado.
Segundo José Barata, o estado de saúde de Mário Soares continua a ser “muito crítico e com prognóstico muito reservado”.
Internado desde o dia 13 de dezembro, o antigo Presidente fora transferido na passada quinta-feira dos Cuidados Intensivos para a “unidade de internamento em regime reservado” do Hospital da Cruz Vermelha, depois de sinais de melhoria do estado de saúde.
No entanto, no sábado, um agravamento súbito da situação clínica obrigou ao regresso do antigo chefe de Estado à Unidade dos Cuidados Intensivos.
Após visita ao hospital, o histórico socialista Manuel Alegre salientou o papel do antigo Presidente como “construtor principal” da democracia em Portugal, e disse que a sua herança é a liberdade, que por todos deve ser preservada.
“Não se pode mutilar a biografia de Mário Soares nem adaptá-la às conveniências e foram os seus combates, o seu espírito de resistência – foi um grande resistente à ditadura – que lhe deu força e o estatuto para ele depois liderar o combate pela democracia, de que ele foi o construtor principal”, enalteceu.
O antigo candidato presidencial – que defrontou Mário Soares na campanha a Belém em 2006, quando Cavaco Silva foi eleito pela primeira vez Presidente da República – recordou que Mário Soares “disse uma vez que a liberdade é em si mesmo um valor revolucionário, a liberdade de palavra, de pensamento, de discordar”.
“E disse também que não há liberdade sem igualdade nem igualdade sem liberdade. Essa é a herança dele, é a herança que todos devemos preservar”, defendeu.
Manuel Alegre explicou que veio dar um abraço à filha Isabel Soares e “pedir-lhe para dar ao pai um beijo e um abraço” por ele.
“Nós vamos recordar Mário Soares a sua vida toda, os seus combates todos, ele viveu mais tempo em ditadura do que em democracia, foi 13 vezes preso pela PIDE, foi deportado por ordem de Salazar para São Tomé e depois exilado por ordem de Marcelo Caetano”, recordou.
A ex-presidente da Assembleia da República Assunção Esteves também esteve no Hospital da Cruz Vermelha, em Lisboa, e à saída disse aos jornalistas que a visita foi para manifestar “o carinho e a gratidão ao doutor Mário Soares, a quem todos devemos muito”.
Antes, a mãe do primeiro-ministro António Costa, Maria Antónia Palla, saiu de visitar a família de Mário Soares visivelmente emocionada, tendo dito aos jornalistas estar “muito triste”.
“Nunca se pensa que uma pessoa com as qualidades do doutor Mário Soares possa passar pelo momento que ele está a passar. É daquelas pessoas que se julgam quase eternas e que merecem eternidade porque lhe devemos muito e, enfim, gostamos muito dele”, disse.
No mesmo dia, o antigo líder do CDS-PP Freitas do Amaral voltou a deslocar-se ao Hospital da Cruz Vermelha, mas desta vez não falou aos jornalistas, depois de na visita de 14 de dezembro ter sublinhado a “admiração pelo muito que fez” por Portugal Mário Soares.