Bruxelas revê em baixa a previsão de crescimento de Portugal

Da Redação
Com agencias

bandeira_uniao-europeiaA Comissão Europeia reviu ligeiramente em baixa a previsão de crescimento de Portugal, para os 1,6% este ano, alertando que a “incerteza política” pode aumentar os juros da dívida e atrasar o consumo e o investimento.

Nas previsões econômicas de inverno, divulgadas nesta quinta-feira, Bruxelas escreve que “as perspectivas macroeconômicas estão inclinadas para o lado negativo, sobretudo devido aos elevados níveis de endividamento da economia portuguesa” e deixa um recado ao Governo: “a incerteza política pode aumentar os juros da dívida e levar os consumidores a atrasar o consumo e os empresários a adiar investimentos”.

A Comissão Europeia espera agora que a economia portuguesa cresça 1,6% em 2016 (o que compara com a projeção anterior de 1,7%, divulgada em novembro), estando Bruxelas mais pessimista do que o Governo quanto ao desempenho econômico deste ano, uma vez que o executivo de António Costa espera um crescimento de 2,1%, segundo o esboço de orçamento apresentado a 22 de janeiro.

Para o próximo ano, a Comissão Europeia mantém a expectativa de um crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) de 1,8%, tal como já tinha antecipado há três meses.

O executivo comunitário afirma que os indicadores econômicos de curto prazo “sugerem que a recuperação provavelmente se moderou um pouco no final de 2015” e que o consumo privado deverá ter crescido 2,6% ao longo do ano passado, esperando-se que “continue a crescer robustamente” – 1,9% em 2016 e 1,8% em 2017 – “devido às políticas orçamentais expansionistas e ao aumento do salário mínimo”.

Quanto ao investimento, a Comissão Europeia antecipa que tenha estabilizado no final de 2015 e alerta que “as pressões de desalavancagem das empresas e o ambiente externo fraco deverão limitar o crescimento do investimento” até 2017, o último ano das projeções hoje divulgadas.

Isso fará com que o crescimento do investimento total caia dos 4,3% em 2015 para os 3% em 2016 e, para o próximo ano, a Comissão espera que “o crescimento do investimento ganhe impulso novamente, apoiado pela aceleração da implementação dos fundos europeus”, apontando para um crescimento de 4,7% em 2017.

A Comissão Europeia espera que as exportações, por seu lado, deverão crescer 4,3% este ano (abaixo dos 4,8% previstos há três meses), mas adverte que “as importações deverão anular as exportações durante o horizonte da previsão, tendo em conta a procura interna forte”.

Este desempenho fará com que “a contribuição líquida do comércio internacional para o crescimento do PIB se mantenha negativa, ainda que menos do que em 2015”.

A Comissão Europeia espera que a taxa de desemprego de Portugal caia dos 12,6% em 2015 para os 11,7% este ano e que continue a recuar – “ainda que moderadamente” – também em 2017, ano que deverá ficar ligeiramente abaixo dos 11% (nos 10,8% da população ativa).

Mas Bruxelas nota que o crescimento do emprego abrandou no final de 2015 e que a força laboral encolheu mais “sobretudo devido aos fluxos migratórios negativos”, ou seja, à saída de trabalhadores no ativo. Para 2016 e para 2017, o executivo comunitário espera que a criação de emprego continue a abrandar.

Quanto à inflação, a Comissão prevê que, depois de se ter fixado nos 0,5% considerando todo o ano de 2015, deverá “aumentar apenas moderadamente” para os 0,7% em 2016 e para os 1,1% em 2017, “devido às baixas pressões externas sobre os preços e à acalmia persistente na economia”.

OE 2016
A Comissão Europeia divulgou as previsões numa altura em que Bruxelas e Lisboa tentam ainda chegar a um compromisso sobre o projeto orçamental português para 2016 e o ajustamento no déficit. Portugal é o único Estado-membro ainda sem um orçamento aprovado para o ano em curso.

O primeiro-ministro, António Costa, já declarou que a proposta do Orçamento do Estado para 2016 vai ser aprovada “tranquilamente” em Conselho de Ministros, e que se trata de um documento “responsável” e que “cumpre todos os compromissos”.

Segundo o comissário europeu dos Assuntos Econômicos, as mais recentes propostas do Governo português, no quadro das discussões sobre o plano orçamental para 2016, “vão no bom sentido”, mas afirmou ser cedo para antecipar a decisão final.

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