Clientes do Banif ainda não podem usar balcões do Santander Totta, diz banco

Mundo Lusíada
Com agencias

logo-banifO Santander Totta, que comprou o Banif no domingo, disse que os clientes do banco resgatado “estão a usar os balcões normalmente, podendo realizar qualquer operação”, mas que ainda não se podem deslocar às sucursais do banco espanhol.

Em declarações à Lusa, um porta-voz do Santander Totta frisou que “os clientes do Banif estão a usar os 160 balcões e podem movimentar normalmente as suas contas”, não podendo ainda “deslocar-se ao Santander porque ainda não houve uma migração operacional”, até porque “só se passaram praticamente 24 horas desde a decisão da medida de resolução”.

A mesma fonte referiu que o banco de capitais espanhóis “tem uma equipe operacional no Banif que está a identificar todos os passos para que a integração se efetive, não só a nível operacional mas também de negócio, desde o crédito ao risco”.

O porta-voz disse que “o dia de hoje foi prova disso”, porque “tudo está a funcionar normalmente”, sem, no entanto, se comprometer com prazos para que um cliente do Banif possa movimentar a sua conta aos balcões do Santander Totta.

“Não existem prazos mas queremos que a integração se faça rapidamente”, afirmou, acrescentando que ainda não existem datas para começar a fazer a alteração visual dos balcões do Banif para Santander Totta.

A imprensa portuguesa porém divulgou imagens de um edifício Banif que já teve a imagem do banco substituído. Segundo o Jornal de Negócios, seria o edifício-sede do banco, na rua José Malhoa em Lisboa, em menos de 48 horas depois do processo de resolução.

Nesta transição, a medida de resolução decidida no domingo, salvaguarda todos os depósitos no Banif e não apenas aqueles inferiores a 100 mil euros, bem como os detentores de obrigações seniores. Segundo as contas do Banif até setembro, existiam 6.182 milhões de euros em aplicações a prazo e uma carteira de crédito de 3.211 milhões de euros a particulares.

Conforme divulgou o Banco de Portugal (BdP), o Banif porém está proibido de conceder crédito e receber depósitos. Na deliberação, aprovada após uma reunião extraordinária do conselho de administração do Banco de Portugal realizada no domingo à noite, o BdP salienta que ao transferir a “parcela mais significativa da atividade e do patrimônio do Banif para a Naviget e para o Banco Santander Totta, aquele deixou de reunir condições para exercer a sua atividade de forma autônoma ou para continuar a operar no mercado em condições de normalidade”.

No âmbito das “medidas de intervenção corretiva” tomadas para “preservar a estabilidade do sistema financeiro português” o Banif fica proibido de conceder crédito e aplicar fundos em quaisquer espécies de ativos, exceto quando estas aplicações sejam necessárias para preservar e valorizar o ativo, bem como de receber depósitos.

Conselho de Administração
Ainda nesta terça, o Conselho de Administração do Banif demarca-se, numa carta enviada aos colaboradores, da solução encontrada de venda do banco, alegando que “não foi ouvido nem incluído nas negociações” desenvolvidas pelas autoridades.

“A opção que agora foi encontrada pelas autoridades não é a solução deste Conselho de Administração, que não foi ouvido nesta decisão, nem incluído nas negociações que a concretizaram”, lê-se na carta do Banif a que a Lusa teve acesso.

Na missiva, com data de domingo, o Conselho de Administração, que agora cessa funções, salienta que a venda do Banif encerra “um ciclo de vários anos de luta pela sobrevivência do banco, enquanto entidade prestadora de serviços bancários universais, autônoma e independente”.

O Conselho de Administração lamenta “profundamente” que “todos os esforços desenvolvidos não tenham sido suficientes” para dotar o Banif de uma “estrutura acionista estável, com um investidor de referência apto a aportar os capitais de que o banco necessitaria para prosseguir a estratégia de negócio delineada, vendendo a posição do Estado português numa operação de mercado, com criação de valor para os seus acionistas e clientes”.

“Estamos todavia seguros de que fizemos tudo o que estava ao nosso alcance para alcançar tais objetivos e que tal só não foi possível por circunstâncias que não puderam ser previstas”, acrescenta o documento, que termina com um agradecimento a todos os colaboradores pelo “inexcedível esforço e dedicação”.

O Governo e o Banco de Portugal optaram pela venda do Banif ao Banco Santander Totta, por um valor de 150 milhões de euros, no âmbito da medida de resolução aplicada ao banco cuja maioria do capital pertencia ao Estado português, de forma a impedir a sua liquidação.

O Banif (em processo de reestruturação desde 2012) era o sétimo maior grupo bancário português e era líder de mercado nos Açores e na Madeira.

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