Exportadores: deslocalizar produção ajuda a resolver crise cambial

Da Redação
Com Lusa

CPLP_LinguaPortuguesaO presidente da União de Exportadores da CPLP considerou que a melhor solução para evitar os efeitos da crise cambial em Angola e Moçambique é produzir localmente em vez de exportar para esses países.

“Temos de deixar de encarar cada vez mais os negócios entre países da Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP) como um negócio em que um compra matérias-primas baixas, coloca valor acrescentado e repatria todo o dinheiro, e passar a pensar em estar no local, internacionalizar-se, deslocalizar as empresas”, disse Mário Frota.

Em declarações à Lusa, o presidente da associação de exportadores neste espaço geográfico sublinha que a solução “não é exportar, é as empresas internacionalizarem-se, abrir uma empresa de direito local, levar ‘know-how’, maquinaria, dar formação aos locais, e produzir e reinvestir em moeda local tudo o que receberem e depois tentar exportar para os outros países [das regiões económicas] que não têm tanto problema em repatriar o dinheiro”.

O espaço da CPLP é “um mercado de oportunidades” porque, na sua opinião, “o problema é cambial, não é económico, e esse é o mais delicado, mas estamos a viver um período de especulação [com as moedas nacionais] e guerras petrolíferas que afeta gravemente estas economias”.

Mário Forta admitiu que a crise cambial tem efeitos adversos, mas considerou que podem ser transformados em oportunidades, e exemplificou: “Moçambique restringiu muito as exportações de madeira, mas isso incentiva a que as empresas vão para lá, principalmente porque há muitas fábricas desativadas em Portugal, com as máquinas paradas, e essa desvalorização deixa de fazer sentido se o dinheiro que estas fábricas fazem voltar a ser investido no próprio mercado”.

A desvalorização cambial em Angola e Moçambique, motivada pela quebra do preço do petróleo e consequente descida da entrada de divisas, “preocupa muito os empresários que estão nestes países, mas temos aconselhado a que não tenham em moeda as margens e os lucros, mas sim reinvestir no país e exportar” para outros mercados.

“Os mercados tradicionais continuam a ser importantes mas as empresas começam a ir para o desconhecido, porque Angola e Moçambique todos conhecem, mas Cabo Verde, Guiné Equatorial nunca foram vistos como oportunidades dada a dimensão do mercado, mas se pensarem em termos de abrangência das zonas de comércio que existem já estão a perceber que existem oportunidades de negócio”, acrescenta o líder da união dos exportadores lusófonos.

Sobre a evolução da crise cambial, Mário Frota diz que “todos pensam que o preço do petróleo não vai ficar nestes níveis por muito mais tempo”, e acrescenta que em dois ou três anos o valor subirá “não para os níveis especulativos anteriores, mas também não os atuais, e já não teremos o problema da depreciação”.

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