Passos declara o fim da coligação PSD com o CDS e espera que maioria se entenda

Mundo Lusíada
Com Lusa

Foto: PEDRO NUNES/LUSA
Foto: PEDRO NUNES/LUSA

O presidente dos sociais-democratas, Pedro Passos Coelho, afirmou em 16 de dezembro que PSD e CDS-PP vão articular posições, coordenar ações e poderão ter entendimentos importantes no futuro, mesmo sem uma coligação de oposição.

Em declarações aos jornalistas, à saída de um encontro de Natal do grupo parlamentar social-democrata, na Assembleia da República, o ex-primeiro-ministro frisou que o acordo de coligação entre PSD e CDS-PP caiu com a queda do anterior executivo: “Não é preciso nenhum ato formal para lhe pôr termo. É assim. Acabou quando o Governo acabou”.

Contudo, acrescentou: “Temos com o CDS uma boa relação, e isso refletir-se-á, tenho a certeza, nos tempos mais próximos, porque teremos possibilidade de articular posições, de coordenar ações. Não precisamos de uma coligação de oposição para o fazer. Os partidos são diferentes, têm cada um deles o seu espaço natural, mas são afins, são próximos, tiveram entendimentos importantes para o país, e podem vir a ter entendimentos importantes para o país no futuro também”.

Passos Coelho salientou também que PSD e CDS-PP “têm um passado de governo”, que qualificou de “importante”, e que os dois partidos “apresentaram em conjunto um programa eleitoral ao país, que foi até sufragado, foi o mais votado pelos portugueses” nas legislativas de 4 de Outubro.

Passos Coelho realçou que o acordo de coligação entre PSD e CDS-PP terminou com o derrube do XX Governo Constitucional no parlamento, e considerou que as pessoas que não deram por isso “com certeza estarão distraídas”.

Oposição
Durante o encontro de Natal do grupo parlamentar do PSD, Passos afirmou ainda que não deseja crises políticas e que espera que a maioria PS/BE/PCP/PEV que suporta o Governo se entenda, admitindo ficar anos na oposição.

“Nós desejamos sinceramente que não haja crises políticas e que a maioria que suporta o Governo se entenda, com mais episódios ou menos episódios burlescos, mas que realmente a maioria que suporta o Governo se possa entender, já que não deixou governar o Governo que os portugueses escolheram nas eleições”, disse.

Referindo-se à maioria parlamentar PS/BE/PCP/PEV, Passos Coelho acrescentou: “Agora, pelo menos, que criem condições para que este possa governar, para que nós não possamos ter crises políticas de cada vez que há desentendimentos, gerando assim na sociedade civil e na economia a angústia, a incerteza que é inimiga do investimento, do crescimento e da criação de riqueza. Não podemos andar em eleições a cada meio ano, nem em crises políticas a cada meio ano”.

Passos Coelho recusou, contudo, quaisquer responsabilidades no apoio ao executivo do PS, defendendo que não é aos sociais-democratas “que cabe gerar situações de estabilidade política para o Governo”, mas sim “à maioria que apoia o Governo”.

Quanto ao comportamento do PSD “nestes anos” de oposição, reafirmou que será em coerência com as posições do partido: “Nós iremos comportar-nos nestes anos que temos pela frente de acordo com os nossos princípios: votaremos tudo aquilo que tiver a nossa concordância em adesão aos nossos princípios”.

“Evidentemente que não deixaremos de assumir uma posição frontalmente contra tudo aquilo que está contra as nossas convicções e os nossos valores. E se algum dia, por essa razão, o Governo se vir atrapalhado em alguma medida que queira tomar, não é para nós que se tem de virar, é para os partidos que o suportam, que foram os partidos que deitaram abaixo o Governo de quem ganhou. Eu acho que isto é muito simples e democrático mesmo”, concluiu.

No início da sua intervenção, o ex-primeiro-ministro considerou que “esta legislatura começou mal, começou com uma crise política” – numa alusão ao derrube do Governo PSD/CDS-PP pelos restantes partidos como assento parlamentar – e que não se sabe “como acabará, nem quando acabará”.

No final do seu discurso, declarou: “Continuaremos a fazer o trabalho de todos os dias, tendo a certeza de que serão os portugueses novamente a julgar-nos, quando for o tempo próprio”.

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