Da Redação
Com Lusa
A vida de Óbidos entrou em 11 de dezembro no universo das “cidades da literatura” da UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Ciência, Educação e Cultura). A UNESCO atribuiu também hoje o estatuto de “Cidade da Música” a Idanha-a-Nova, no distrito de Castelo Branco.
A UNESCO Creative Cities Network (UCCN), criada em 2004, escolheu Óbidos, na Estremadura, como uma das “cidades da literatura”, no âmbito da rede mundial ‘The Crative Cities Network’, que agrupa 69 cidades em diferentes áreas, da gastronomia ao artesanato, passando pela literatura.
Óbidos é a 12ª classificada na lista da organização, ao lado de Edimburgo (Escócia), Melbourne (Austrália), Iowa City (EUA), Dublin (Eire) Reiquejavique (Islândia), Norwich (Inglaterra), Cracóvia (Polónia), Heidelberg (Alemanha), Dunedin (Nova Zelândia), Granada (Espanha) e Praga (República Checa).
A ‘The Crative Cities Network – Crafts & Folk Art, Design, Film, Gastronomy, Literature, Music and Media Arts’ integrava, até hoje, 69 cidades com um objetivo comum: “colocar a criatividade e as indústrias culturais no centro dos seus planos de desenvolvimento a nível local e cooperar ativamente a nível internacional”, segundo comunicado da UNESCO, com sede em Paris.
Responsabilidade
Para o presidente da Câmara de Óbidos, Humberto Marques, é com “muita responsabilidade” que encara a entrada da vila no universo das “cidades da literatura”.
“Ter hoje o selo da UNESCO, sabendo que é uma entidade muito credível, é o selo mais importante que podemos ter para que Óbidos não seja vista apenas como lugar da história e para passar férias, mas também lugar onde se pode ser criativo, e onde os investidores podem investir”, afirmou à agência Lusa Humberto Marques.
Para o autarca, esta classificação é a oportunidade de afirmação “num contexto mais global” de um “percurso de afirmação de criatividade” que Óbidos tem vindo a trilhar nos últimos anos.
Dentro dessa estratégia, Humberto Marques lembrou a abertura de uma dezena de livrarias em lugares improváveis da vila, entre os quais uma igreja, um mercado biológico, uma antiga adega e uma escola primária desativada, e a realização, pela primeira vez este ano, do Folio – Festival Literário Internacional de Óbidos.
Geridas em conjunto com a câmara, foram igualmente abertas livrarias em dois dos museus da vila (Municipal e Abílio), na galeria NovaOgiva e no Centro de Design de Interiores (CDI).
A candidatura de Óbidos à rede de cidades literárias da Unesco foi apresentada em junho, numa parceria entre a autarquia e José Pinho.
Ouvido pela agência Lusa, o livreiro espera que a classificação tenha um “efeito incrementador” para a afirmação de Óbidos enquanto vila cultural e para continuar a organizar o Folio, facilitando o relacionamento com entidades públicas e privadas.
Desenvolvimento
Já o presidente da Câmara de Idanha-a-Nova, Armindo Jacinto, disse à Lusa que a classificação da vila como Cidade da Música da UNESCO vai trazer “muito desenvolvimento” para o concelho.
“Passamos a ser uma das cidades da música da UNESCO, no âmbito da rede de cidades criativas, o que vai trazer muito desenvolvimento para o concelho”, afirmou o presidente da Câmara.
O autarca entende que o investimento que tem sido feito ao nível do setor cultural neste concelho do distrito de Castelo Branco “é também uma aposta na economia e no desenvolvimento” de Idanha-a-Nova.
“Sentimo-nos muito honrados com esta decisão. Este é o reconhecimento da cultura de Idanha-a-Nova e do investimento que temos feito nesta área”, adiantou.
Armindo Jacinto disse ainda que este desfecho “vem confirmar que apresentamos uma candidatura com argumentos muito fortes, mesmo sendo Idanha-a-Nova uma vila e não uma cidade”, concluiu.
A riqueza patrimonial do concelho, onde a herança cultural associada à música assume rara expressão, fundamentou a candidatura da vila a Cidade da Música, no âmbito da rede de Cidades Criativas da UNESCO, após um vasto trabalho de inventariação, preservação e divulgação da identidade musical e cultural de Idanha-a-Nova, das suas características etnográficas e etnológicas.
O adufe, o maior representante da riqueza e da tradição musical de Idanha-a-Nova, inspirou o símbolo desta candidatura portuguesa
A Câmara de Idanha-a-Nova preparou durante um ano e meio a candidatura, que teve o envolvimento de diversos intervenientes nacionais e internacionais.
Entre as entidades que apoiaram esta candidatura encontra-se o Governo português, a Associação Portuguesa de Educação Musical, o Sindicato dos Músicos, dos Profissionais do Espetáculo e do Audiovisual, a Comissão Portuguesa da UNESCO e várias cidades que já têm o título de Cidade da Música, com destaque para Mannheim, na Alemanha, Bolonha, em Itália, Sevilha, em Espanha, e Hamamatsu, no Japão.
O objetivo desta rede de cidades é promover o desenvolvimento social, econômico e cultural das respectivas comunidades, tendo por base as indústrias criativas.