Da Redação
Com Lusa
A Eletricidade de Moçambique (EDM) admitiu não ter prazo para resolver uma avaria numa subestação nos arredores de Maputo e que há três meses causa perturbações no fornecimento de energia e de água à capital moçambicana.
A informação foi avançada em 08 de dezembro pelo diretor da área operacional do sul da empresa pública, Neves Xavier, durante uma conferência de imprensa, citado pela Agência de Informação de Moçambique.
Desde outubro, a capital moçambicana enfrenta sérias restrições no fornecimento de energia, devido à avaria de um transformador na subestação da Matola, arredores da capital, juntando-se a outro que já se encontrava inoperacional. Devido às restrições de energia, a capital moçambicana vive também uma crise no fornecimento de água.
Segundo dados avançados há três meses pela empresa, a reparação dos dois transformadores do sistema de abastecimento de energia a Maputo iria custar cem milhões de meticais (1,7 milhões de euros ao câmbio atual) e deveria durar 45 dias.
Durante a conferência de imprensa, realizada em conjunto com as Águas de Moçambique para explicar as restrições, Neves Xavier disse que a reparação da subestação, a cargo de uma equipe de técnicos portugueses, chegou concluída, mas o equipamento voltou a falhar quando foi submetida a um teste.
As peças danificadas foram entretanto enviadas para Portugal para serem reparadas. Neste momento, Maputo usa a linha alternativa da subestação de Infulene, arredores da capital, e que funciona acima das suas capacidades.
Biomassa
Cerca de 80% da população moçambicana usa energia de biomassa, uma situação que contribui para o aumento dos níveis de desmatamento das florestas em Moçambique, segundo o Fórum de Energia e Desenvolvimento Sustentável de Moçambique.
“Quase 80% dos moçambicanos usam lenha e carvão, este é um dado alarmante, na medida em que afeta as nossas florestas”, disse à Lusa Manuel Cardoso, coordenador de projetos do Fórum de Energia e Desenvolvimento Sustentável de Moçambique, à margem de uma conferência sobre energias renováveis, organizada pela Associação Lusófona de Energias Renováveis (ALER) em Maputo.
Destacando o “enorme potencial do país” no que respeita às energias renováveis, Manuel Cardoso sublinhou que o Governo moçambicano precisa criar mecanismos para o aproveitamento de outros tipos de energia, evitando a dependência da energia hidroelétrica e de biomassa.
“Há uma necessidade do país aproveitar outras formas de energia que possui, energia eólica e solar, por exemplo”, afirmou, reiterando que investindo nestas fontes alternativas o Governo vai conseguir evitar a pressão que está a ser exercida sobre as florestas.
Além da adoção de fontes de energia alternativas, Manuel Cardoso apontou a falta de investimentos e a consciencialização das populações, através da educação ambiental, como alguns dos principais desafios para Moçambique no setor.
“Por exemplo, a maior parte da nossa população que usa energias de biomassa não tem noção das consequências ambientais disso e nós precisamos educar estas pessoas”, lamentou Manuel Cardoso.
Isabel Cancela de Abreu, diretora executiva da ALER, disse, por sua vez, à Lusa que Moçambique precisa de dar acesso a formas modernas e alternativas de energia às populações das zonas mais recônditas, lembrando que apenas 25% da população moçambicana tem acesso a eletricidade.
“O país tem uma enorme capacidade ao nível de energias renováveis, com mais de 23 mil gigawatts de potencial, e é imperioso que se aproveita tudo isto “, declarou, apontando a capacitação de mão-de-obra e o financiamento de projetos que incentivem o uso de fontes de energia renovais como os principais desafios para o país nos próximos anos.