Mundo Lusíada
Com Lusa
A Europa registrou no ano passado mais de 142 mil casos de contágio de VIH/HIV (Vírus da Imunodificiência Humana), o que representa um recorde anual, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS).
O aumento de casos foi causado pela subida no leste do continente, onde na última década duplicaram os diagnósticos de VIH, de acordo com um relatório da OMS Europa e do Centro europeu de prevenção e controlo de doenças (ECDC), com sedes em Copenhaga e Estocolmo, respetivamente.
Na Europa de Leste, a subida do número de casos aconteceu em transmissões heterossexuais, enquanto na UE se deu em relações homossexuais.
“Os diagnósticos de VIH em relações homossexuais cresceu a um ritmo alarmante, de 30% em 2005 para 42% em 2014, com aumento em toda a UE e no Espaço Econômico Europeu, à exceção de seis países”, alertaram a OMS e a ECDC em comunicado.
No relatório indica-se que dois em cada três novos infectados nasceram na Europa, enquanto as pessoas oriundas de fora do continente, incluindo migrante, representam outro terço.
Metade dos infectados com VIH na região europeia, composta por 53 países e quase 900 milhões de pessoas obtêm um diagnóstico tardio, o que multiplica riscos de doença, morte e transmissão do vírus.
O elevado número de casos de SIDA (Síndrome de ImunoDeficiência Adquirida) no leste europeu confirma o papel determinante de um diagnóstico tardio, atraso no início da terapia com antirretrovirais e a fraca cobertura de tratamentos.
“Apesar de todos os esforços para combater o VIH este ano a região europeia superou as 142 mil infeções, o número mais elevado registado até agora. É uma preocupação séria”, declarou a diretora da OMS Europa, Zsuzsanna Jakab, em comunicado.
Jakab pediu a todos os países europeus medidas para baixar a curva ascendente “de uma vez por todas”. A diretora em funções do ECDC, Andrea Ammon, criticou a “resposta ineficaz” da região.
Países de língua portuguesa
Em novembro, um congresso permitiu trocas de experiências entre os programas de combate ao HIV/aids em países de língua portuguesa.
A representante do Instituto Nacional de Luta Contra a SIDA em Angola, Lúcia Furtado, a integrante do Conselho Nacional de Combate ao SIDA em Moçambique, Aleny Couto, e o diretor do DDAHV do Brasil, Fábio Mesquita, relataram experiências dos três países.
Além disso, Cristina Rabádan (EUA) falou de iniciativas de cooperação Sul-Sul, e Vilma Cervantes, do CRT-São Paulo, relatou ao público sua experiência em Moçambique.
Um dos métodos adotados pelo Brasil para ampliar a testagem em populações vulneráveis é a testagem entre pares. ONGs que atuam com profissionais do sexo, por exemplo, procuram esses profissionais e os convidam a se testar. É o projeto Viva Melhor Sabendo, adotado como referência pela Organização Mundial da Saúde e indicado para vários países.
Em Moçambique, devido ao baixo número de profissionais de saúde com formação superior, profissionais de nível médio são treinados para desempenhar atividades que, em outros países, seriam exclusivas de médicos ou enfermeiros.
No Brasil, os principais desafios atualmente são avanços da doença entre jovens homossexuais masculinos entre 20 e 29 anos, que respondem por cerca de 40% dos novos casos entre esta população no ano passado, e a alta prevalência do HIV entre as mulheres transgênero.