Mundo Lusíada
Com Lusa
O Governo decidiu em 23 de julho vender 100% da CP Carga, empresa detida a 100% pela CP – Comboios de Portugal que se dedica ao transporte de mercadorias e de bens, à MSC- Operadores Ferroviários, que apresentou a proposta “com maior mérito”.
Em comunicado, o Governo refere “o maior mérito destacado da respectiva proposta final, em especial no que diz respeito à qualidade e credibilidade do projeto estratégico apresentado”, bem como “o valor inerente à proposta financeira global”. “O valor global da transação, entre preço das ações e aquisições dos créditos e os compromissos de capitalização, é de 53 milhões de euros” disse.
À fase de negociações para a privatização da CP Carga tinham passado três dos quatro candidatos à privatização da CP Carga – Atena Equity Partners SCR, S.A., Cofihold Sociedade Gestora de Participações Sociais, S.A., e da Mediterranean Shipping Company Rail (Portugal) Operadores Ferroviários S.A. A MSC- Operadores Ferroviários é atualmente um dos principais clientes da CP Carga.
Oposição
O secretário de Estado dos Transportes acusou o PS de ter “dualidade de critérios” em relação às privatizações conforme esteja no Governo ou na oposição, assegurando que o executivo continuará a criar condições para que as empresas cresçam.
“O PS tem sempre a intenção de privatizar quando está no Governo e opor-se às privatizações quando está na oposição, é uma dualidade de critérios de natureza política a que já estamos habituados”, afirmou o secretário de Estado dos Transportes, Infraestruturas e Comunicações, Sérgio Monteiro, na conferência de imprensa.
Sérgio Monteiro reagia ao apelo do PS para que “pare imediatamente” com os processos de privatizações nas áreas dos transportes, água e ambiente, alegando falta de legitimidade política, sobretudo após o Presidente português ter marcado as eleições legislativas para 04 de outubro.
Sustentando que o PS exige que se pare com as privatizações este ano, tal como já o fez em 2011, 2012, 2013 ou 2014, Sérgio Monteiro assegurou que o Governo está determinado em criar condições – sempre que tal seja possível – para que as empresas cresçam.
Utilizando a CP Carga, SA como exemplo, o secretário de Estado dos Transportes disse acreditar que o compromisso financeiro de capitalização da empresa assumido pelo novo investidor “lhe dará condições de crescimento da sua atividade com paz e estabilidade laboral”.
EMEF
O Governo ainda decidiu em Conselho de Ministros não aceitar a proposta apresentada pela Alstom à compra da EMEF – Empresa de Manutenção de Equipamento Ferroviário, ficando “sem efeito a operação em curso”. Sérgio Monteiro, acusou hoje a Bombardier de querer “eliminar” a EMEF do mercado de manutenção de equipamento ferroviário.
“Seria obviamente mostrar demasiado o jogo a quem quis prejudicar o processo de privatização da EMEF estar a assumir publicamente quais os argumentos em defesa do Estado português e da CP”, afirmou o governante quando questionado sobre a queixa da fabricante canadiana Bombardier à Comissão Europeia, alegando que a EMEF recebeu ajudas estatais no valor de 90 milhões de euros.
“Esta queixa representa uma ameaça muito importante para o futuro da empresa. Tem como principal razão de ser o facto de supostamente o Estado, através da CP, ter dado auxílios à EMEF e é feita por um concorrente que quer eliminar a EMEF nesse mesmo mercado”, acrescentou. A queixa interposta pela Bombardier em Bruxelas contra alegadas ajudas financeiras que a CP terá prestado à sua participada EMEF inviabilizaram o processo de privatização desta empresa.