Privatizações já permitem chegar aos 10bi Euros para Portugal, diz governo

Mundo Lusíada
Com agencias

As várias privatizações em curso em Portugal permitem ao Estado ganhar 10,1 mil milhões de euros, segundo declarou o secretário de Estado dos Transportes, no Parlamento português.

A receita global das privatizações conduzidas na atual legislatura corresponde a cerca de 9,2 mil milhões de euros, segundo divulgou a Lusa. O documento do Governo português a que a agencia teve acesso destaca que o valor das receitas obtidas no final do programa de assistência financeira, em maio de 2014, “ultrapassou o objetivo fixado no Memorando de Entendimento”, estando ainda prevista a concretização de mais privatizações.

Os 9,2 mil milhões de euros incluem todas as alienações de capital feitas até ao momento: EDP, REN, ANA – Aeroportos de Portugal, CTT – Correios de Portugal, Galp e os negócios segurador e de saúde da Caixa Geral de Depósitos. Entre as operações concluídas, o documento destaca as privatizações dos CTT, com uma receita total de 909 milhões de euros, e do negócio segurador do Grupo CGD, que rendeu 1,6 mil milhões de euros. Foi também concluída a última fase de reprivatização da REN através da venda de 11% do capital da empresa detido pela Parpública e CGD.

Entre as vendas a concretizar ainda incluem-se a alienação do capital da EGF, a ‘holding’ do Grupo Águas de Portugal direcionada para os resíduos urbanos – já em curso e que deve estar concluída em 2015 – e o processo de reprivatização da TAP. Além da privatização da CP Carga, tendo o Governo decidido pedir uma nova avaliação da empresa.

“O saldo do processo todo de privatizações é de uma receita 9,3 mil milhões de euros e uma poupança de juros, em 20 anos, de 7,1 mil milhões de euros”, disse o secretário Sérgio Monteiro. “Mesmo com os dividendos que perderá, se se mantivessem, em 20 anos, há um ganho de 10.100 milhões de euros”.

O secretário falava sobre o recente relatório do Tribunal de Contas (TdC) sobre a Rede Elétrica Nacional (REN) e a Energias de Portugal (EDP). Essa semana, o primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, afirmou que o Governo está “de consciência tranquila” em relação aos processos de privatização da REN e da EDP, depois que o Tribunal de Contas ter declarado que o Governo não tomou medidas legislativas “que acautelassem os interesses estratégicos do Estado Português”, já que não foi prevista “qualquer cláusula de penalização para o seu incumprimento”.

A oposição vem criticando cada uma das privatizações realizadas, como o secretário-geral do PCP, Jerónimo de Sousa, que defendeu o fim da política de privatizações, que classificou de “negociatas” prejudiciais ao país. Jerónimo de Sousa apontou que a privatização da ANA, Aeroportos já está a ter consequências como é o caso dos aumentos das taxas aeroportuárias e das tarifas de acesso ao aeroporto por empresas de transporte de turistas e até o despedimento de alguns trabalhadores. Privatizações como é o caso da ANA e da TAP são, para ele, “um ato criminoso” para o país que tem de ser revertido.

Também a eurodeputada Ana Gomes (PS) pediu em 03 de julho à Comissão Europeia esclarecimentos sobre uma possível violação das regras comunitárias de exploração de serviços aéreos na União Europeia (UE) na venda da TAP ao consórcio Gateway. “Sendo conhecido que o senhor Humberto Pedrosa, cidadão português e sócio maioritário do consórcio vencedor, não tem qualquer experiência no negócio da aviação civil internacional, um setor altamente especializado, tem a Comissão Europeia conhecimento da existência de algum acordo parassocial ou de uma qualquer solução jurídica que permita o controlo efetivo da TAP por parte do sócio minoritário, o sr. David Neeleman (…)?”, questiona.

O secretário de Estado das Infraestruturas, Transportes e Comunicações sublinhou os “elogios” do Tribunal de Contas (TdC) sobre aspectos “decididos” pelo Governo português na privatização da EDP e REN. “Sobre os aspetos que são decididos pelo Governo, que são o preço, o método de venda e a transparência e competitividade, só há elogios naquele relatório”, disse o governante em declarações aos jornalistas no parlamento.

Na última semana, Sérgio Monteiro havia declarado ser exigente na forma como se gere o que é público é essencial para oferecer as mesmas oportunidades a todos os habitantes do país, embora traga “impopularidade”. “Poupamos hoje mais de 300 milhões de euros por ano em dinheiro que era dado à Carris, Metro, CP ou outras empresas que só servem Lisboa e Porto e que a partir de 2015 recebem zero. Somos exigentes na forma como gerimos a coisa pública, mas claro que isso traz bastante impopularidade”, alegou.

Segundo ele, o governo português deve ainda concretizar na próxima semana a alteração dos contratos de parcerias público-privadas (PPP) de seis concessões de auto-estradas.

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