Perguntava-me amigo: – Para que serve a liberdade de expressão, se vivemos numa sociedade em que a maioria apenas repete – sem pensar, – o que escuta e vê?
Imitam o que se usa, o que está na moda. Repetem a opinião dominante. Compram o que a publicidade sugere. Viajam para os mesmos destinos e frequentam os mesmos lugares.
Poucos são capazes de raciocinar. De terem pareceres próprios, baseados na observação cuidadosa de factos e comportamentos.
Pretendem ser politicamente corretos, para não parecerem retrógrados ou ignorantes. Seguem o que o líder do partido ou presidente do clube, recomenda. Leem os livros que lhe dizem ser bons ou que todos compram. Veem os filmes que a crítica ou amigos recomendam.
São comandados pela pequena elite pensante. Elite que controla a mass-media e impõe suas ideias.
A Internet, com blogues, sites, redes sociais, onde se publica o que se quer, é boa tribuna para expor ideias, – ainda que, na maioria das vezes, sejam lidos apenas por amigos e conhecidos… por vezes nem isso.
Em regra – infelizmente, – o que se encontra em sites e blogues, são assuntos pessoais ou ecos surdos do que se diz…
A maioria é massa amorfa. Rebanho, manada, que não se dá ao trabalho de pensar; já não digo: refletir.
Escreveu Fulton Sheen: quando se encontra homem de cabeça entre mãos, a meditar, perguntam-lhe se está com dores de cabeça.
Dizia-me então amigo – e com carradas de razão, – para que serve a liberdade se apenas se repete, como papagaio palrador, o que se usa e o que está na moda. Amigo brasileiro, após haver lido e pesquisado episódios da História do seu país, disse-me desiludido:
“ Como andava enganado com as arolas que me ensinaram na escola! …”
E como lhe dissesse que o mesmo acontecia em Portugal, acrescentou:
– “ E eu que afirmava, a pés juntos, que os portugueses eram analfabetos, assim e assado… e afinal nem tudo era como nos contaram…Andávamos enganado!” ….
Os noticiários são ou podem ser manipulados: pelo governo, pelo capital, pelos partidos políticos, associações secretas…e até publicitários.
Certa vez “ La Croix”, jornal católico, recomendou que as crianças, que iam fazer a comunhão solene, não deviam ir vestidas como se fossem para desfile de moda.
Foi o bastante para costureiros parisienses, retirarem a habitual publicidade, como represália…O jornal teve enorme prejuízo, por ter dado o conselho…
Que o digam responsáveis por gazetas locais, o que lhes custa publicar certas notícias e opiniões…Perdem, quantas vezes, subsídios, anunciantes, e até assinantes. Raras vezes lucram em serem independentes e verticais.
Por Humberto Pinho da Silva
De Portugal