Da Redação
A Faculdade de Educação da PUCRS – Pontifica Universidade Católica do Rio Grande do Sul, realiza nesta quinta-feira, 25 de junho, a conferência internacional Cabo Verde 40 anos Independente. O evento deverá ser aberto por uma mensagem em vídeo do presidente caboverdiano sobre os 40 anos de independência.
Durante a atividade, será apresentado o painel Pré-Independência de Cabo Verde, com as palestras Nacionalismo nos Palops e a singularidade cabo-verdiana, às 16h30min, ministrada pelo professor da Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas Marçal de Menezes Paredes.
Também o doutorando Ricardo Ossogô, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, falará sobre o tema Luta e libertação conjunta de Guiné e Cabo Verde até a separação em 1981.
A partir das 18h, ocorrerá o segundo painel com a temática Pós-independência de Cabo Verde. Além de palestras, será realizada a apresentação de danças típicas de Cabo Verde e uma sessão de autógrafos e doação do livro Portugal, África, Brasil: História, identidades e fronteiras, escrito pelo professor Paredes.
Os encontros acontecem das 16h às 21h, no auditório do prédio 15 do Campus (avenida Ipiranga, 6681 – Porto Alegre). O evento, aberto ao público e gratuito, é organizado por estudantes cabo-verdianos radicados em Porto Alegre, em parceria com a Universidade. Não serão necessárias inscrições prévias, mais informações pelo telefone (51) 3320-3527.
Modelo de democracia
Em entrevista à Lusa, o ex-Presidente e antigo primeiro-ministro recordou as negociações para a independência do país, na década de 1970 e o processo de descolonização, além do país visto como um modelo de democracia em África.
“Cada um de nós deve ter um sentido na vida e um de vida. Eu escolhi esse, o de lutar pela independência do meu país, de lutar e participar na construção de um Estado independente. Depois disso, escolhi agir, de acordo com as minhas responsabilidades para estimular e facilitar o desenvolvimento do país, a construção do bem-estar dos cabo-verdianos. Agora, o que é que isso nos trás? Se isso nos traz satisfação? Claro que sim, porque todos nós precisamos de algo na vida, que é sentirmo-nos realizados” declarou Pedro Pires.
A antiga colônia portuguesa de Cabo Verde, constituída por nove ilhas ao largo da costa ocidental de África, alcançou a independência em 05 de julho de 1975. O arquipélago partilha com a Guiné-Bissau uma história comum de centenas de anos, marcada especialmente pelo comércio internacional de escravos, desde a chegada dos portugueses à região, no século XV.
Em resultado da luta de libertação, protagonizada desde 1963 pelo Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC), o arquipélago e a Guiné-Bissau foram depois governados pelo mesmo partido de inspiração marxista, até 1980. O PAICG, criado em 1956, tinha declarado unilateralmente, em 1973, a independência da Guiné-Bissau, que Portugal reconheceu em 1974, após a Revolução do 25 de Abril. Aristides Pereira, líder do partido único em Cabo Verde, foi empossado como primeiro Presidente do novo país insular.
Pela sua localização, no Atlântico Sul, Cabo Verde funcionou durante séculos como entreposto, ocupando uma posição estratégica ímpar nas rotas marítimas entre a Europa, a África e as Américas que proporcionou aos portugueses um lugar de destaque no comércio de escravos, capturados na costa ocidental de África e embarcados depois, a partir das ilhas, para as produções de cana-de-açúcar, café e algodão no Brasil e nas Antilhas.
Quarenta anos depois da independência, residem 400 mil cabo-verdianos nas nove ilhas habitadas do arquipélago, que se dividem em dois grupos: Barlavento (Santo Antão, São Vicente, Santa Luzia, S. Nicolau, Sal e Boa Vista, mais os ilhéus de Branco e Raso) e Sotavento (Maio, Santiago, Fogo e Brava, a que se juntam os ilhéus Secos ou do Rombo).