Grécia: PS acusa Primeiro-Ministro de “extrema irresponsabilidade”

Mundo Lusíada
Com agencias

UE-investe-7-bilhoes-eurosO PS acusou o primeiro-ministro de “extrema irresponsabilidade” por assumir uma “postura confrontacional” com Atenas e defende que uma saída da Grécia do euro desatualiza mais o Plano de Estabilidade do Governo do que o programa socialista. Estas posições sobre a crise grega foram transmitidas à Lusa por Porfírio Silva, membro do Secretariado Nacional do PS, que também se demarcou da lógica negocial unilateral de “um contra todos” seguida pelo Governo do Syriza perante as instituições europeias.

“A postura confrontacional dos governos de Portugal e de Espanha foi sinalizada, logo no início, como obstáculo a um entendimento com a Grécia. Usar a expressão ‘conto de crianças’ para falar de um Estado-membro, como fez Passos Coelho, revela absoluta falta de sentido de Estado – e agora Passos Coelho aposta outra vez em que as coisas corram mal, o que é de uma extrema irresponsabilidade, porque qualquer novo agravamento na crise europeia terá consequências imprevisíveis em todas as economias”, advertiu o dirigente socialista.

Porfírio Silva caraterizou também como “uma irresponsabilidade” a tese de que Portugal está preparado para a saída da Grécia do euro, alegando, pelo contrário, que “ninguém sabe o que pode acontecer”, porque “a saída de um país do euro não tem precedentes”. “Ninguém está preparado para um terremoto – e isto pode ser um terremoto”, salientou.

Também o líder parlamentar do PS considerou essencial que se esclareça quem diz a verdade nas negociações entre governo grego e ‘troika’, dizendo que têm sido difundidas “quatro versões” distintas sobre as propostas em cima da mesa, disse Ferro Rodrigues.

“O que se está a passar com a Grécia prova que um país, mesmo que tenha razão, não pode agir sozinho. O povo grego rejeitou em eleições a austeridade excessiva – e nós saudámos o funcionamento da democracia e concordámos com a necessidade de virar a página da austeridade. Mas também sempre afirmámos que na Europa é preciso trabalhar para construir soluções de parceria: Não pode ser um contra todos”, acrescentou Porfírio Silva.

No dia 16, o primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, afirmou que Portugal está em condições para enfrentar qualquer volatilidade nos mercados externos derivada da situação da Grécia até final do ano. Pedro Passos Coelho realçou que é da responsabilidade do Governo prevenir as eventuais restrições de financiamento que possam advir da situação grega, mas que Portugal está prevenido, pelo que, “se alguma coisa de mais grave acontecer com a Grécia, Portugal não cai a seguir”. “Hoje estamos, depois de vários meses de impasse, sem saber se vamos ter ou não vamos ter um incumprimento dentro da zona euro e isso tem causado um efeito que não se dissipará com facilidade. O que é que se passa? Há um país que está à beira novamente da bancarrota e ao cabo de quase quatro meses de negociações não há uma saída, uma solução para o problema? Julgo que isto é, no mínimo, perturbador”.

E no dia seguinte declarou que é importante evitar o incumprimento. “Reafirmo que seria desejável para todos, para a Grécia e para a zona Euro, que qualquer incumprimento grego fosse evitado e a reafirmação disso significa que, nesta altura, Portugal não colocará nenhum obstáculo a que uma solução dessas possa ser encontrada”, afirmou.

Em 18 de junho, o líder parlamentar do PSD, Luís Montenegro, declarou também que Portugal tem “as reservas suficientes” para encarar “com otimismo e tranquilidade” um “processo de turbulência nos mercados” provocado pela situação da Grécia, se “vier a existir”, disse Luís Montenegro.

Grécia no Euro

O presidente do Eurogrupo, Jeroen Dijsselbloem, disse nesta quinta-feira que não está certo de que serão feitos progressos na reunião quanto à Grécia e recusou “especular” sobre um incumprimento do país perante o FMI. A diretora-geral do FMI declarou que a Grécia tem que pagar os 1,6 bilhões de euros que deve à instituição no dia 30 de junho, acrescentando que não há “período de graça” para Atenas.

A menos de duas semanas de expirar o programa de assistência financeira a Atenas e da data limite para a Grécia pagar ao FMI – 30 de junho -, os ministros das Finanças da zona euro encontram-se no Luxemburgo, mas sem qualquer esboço de compromisso sobre a mesa e com as negociações ao nível técnico suspensas face às diferenças entre o Governo grego e os seus credores.

O Governo grego quer ainda uma estratégia para lidar com a elevada dívida do país, o que poderia ser feito através de uma nova reestruturação da dívida, que na Europa parece ser tema ‘tabu’. Sem acordo, a Grécia – com os cofres públicos praticamente sem dinheiro – fica à beira do incumprimento (‘default’) e mesmo de uma saída da zona euro.

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