Mundo Lusíada
O suíço Joseph Blatter demitiu-se da presidência da FIFA, em 02 de junho, na sequência do escândalo de corrupção que abala o organismo máximo do futebol, e anunciou a marcação de um congresso extraordinário para eleição de um sucessor.
Blatter anunciou a sua saída quatro dias após a sua reeleição para um quinto mandado na presidência da FIFA, que aconteceu já depois da detenção sete dirigentes do organismo, na quarta-feira. Blatter, de 79 anos, ocupava o cargo desde 1998 e já disse que não se recandidata.
A organização deve marcar um congresso extraordinário o mais breve possível, que não deve acontecer antes de dezembro deste ano. O reeleito presidente da FIFA demite-se, após recentes casos de corrupção na organização divulgados em todo o mundo.
Blatter foi reeleito a 29 de maio para um quinto mandato, até 2018, ao vencer o jordano Ali bin al Hussein, num sufrágio realizado no 65.º Congresso do organismo que tutela o futebol mundial. Blatter recebeu 133 votos a favor, contra 73 de Ali bin al Hussein.
Ainda em 01 de junho, o português Luís Figo deixou em aberto a possibilidade de se recandidatar à presidência da FIFA e frisou estar “disponível” para tornar o futebol “mais transparente e democrático”, depois de ter denunciado o “sistema existente” no organismo. “Denunciei o sistema que existe. Estou disponível para contribuir para um futebol mais transparente e democrático, mas depende das oportunidades, do momento e dos apoios para voltar a ter uma decisão independente em relação àquilo que quero fazer no futebol”, afirmou o antigo futebolista.
Após o anúncio da renúncia, Figo voltou a se colocar à disposição da Fifa. “Um dia bom para FIFA e para o futebol. A mudança está finalmente a chegar. Como disse na minha declaração de sexta-feira: o dia podia tardar, mas chegaria. Ele aí está! Devemos agora, de forma responsável e serena, procurar uma solução consensual em todo o mundo para que comece uma nova era de dinamismo, transparência e democracia na FIFA” divulgou o português.
Luís Figo desistiu da corrida à presidência da FIFA uma semana antes da realização das eleições, por considerar que não se tratava de um ato eleitoral normal, tendo comparado o atual estado do organismo que rege o futebol mundial a uma “ditadura”.
Denúncia
Nesta terça, a FIFA ainda confirmou que canalizou 10 milhões de dólares (cerca de 9,1 milhões de euros) em 2007, por intermédio do comitê organizador do Mundial2010, na África do Sul, para um projeto de apoio ao desenvolvimento do futebol.
O organismo que superintende o futebol mundial explicou em comunicado que este projeto visava os países “da diáspora africana nas Caraíbas” e que interferiu diretamente na canalização da verba, através do seu comitê de finanças, desresponsabilizando o secretário-geral da FIFA, Jérôme Valcke.
“Os 10 milhões de dólares referem-se a um projeto de desenvolvimento do futebol nas Caraíbas. Nem Jérôme Valcke nem qualquer outro alto responsável da FIFA estiveram envolvidos neste projeto”, garantiu o organismo.
Esta versão confirma as palavras do presidente da federação da África do Sul, Danny Jordaan, diretor-executivo da candidatura sul-africana em 2008, que no domingo tinha dito que o dinheiro transferido a partir da FIFA não era um suborno, mas sim um legítimo pagamento ao fundo de desenvolvimento do futebol nas Caraíbas.
Mas segundo o New York Times, Jérôme Valke fez transferências bancárias no valor de 10 milhões de dólares para contas controladas por Jack Warner, um dos implicados no escândalo de corrupção do organismo.
O New York Times, que citou autoridades federais ligadas ao processo que corre nos Estados Unidos, escreveu que estas transferências são um elemento-chave na investigação sobre corrupção que abala o organismo máximo do futebol, então liderado por Blatter, de quem Valcke é o ‘braço direito’.
O jornal disse que Jérôme Valcke é o alto responsável da FIFA não identificado que em 2008, segundo os procuradores, transferiu 10 milhões de dólares para Jack Warner, acusado de ter recebido um suborno para ajudar a África do Sul a ganhar a organização do Campeonato do Mundo de 2010.
No entanto, o documento que indicia nove dirigentes ou ex-dirigentes da FIFA e cinco parceiros do organismo não diz que o alto responsável da FIFA sabia qual o destino do dinheiro e, ao contrário dos outros envolvidos, Valcke não é acusado de associação criminosa.
Jack Warner era então vice-presidente da FIFA e presidente da Confederação de Futebol da América do Norte, Central e Caraíbas (CONCACAF), cargos dos quais foi suspenso em 2011 por suspeitas de corrupção do processo eleitoral que haveria de conduzir Joseph Blatter ao seu quarto mandato na presidência da FIFA.
Dos restantes dirigentes indiciados, além de Warner, fazem parte o brasileiro José María Marín, membro do comitê da FIFA para os Jogos Olímpicos Rio2016, o costarriquenho Eduardo Li, o nicaraguense Júlio Rocha, o venezuelano Rafael Esquivel e Costas Takkas, das Ilhas Caimão.