Mundo Lusíada
Com agencias
As manifestações contra a corrupção e contra o governo brasileiro ocorreram em todas as regiões do país e reuniram milhares de pessoas nas ruas. Não houve registro de confrontos e os protestos foram pacíficos.
Brasileiros residentes em países europeus também foram às ruas neste domingo dia 15, em protestos convocados pelo Facebook. Em Lisboa, cerca de 50 manifestantes se reuniram na Praça Luís de Camões. Eles vestiam verde e amarelo, seguram bandeiras e até panelas. No Facebook, mais de 3 mil pessoas tinham confirmado presença. Os organizadores também convidaram os brasileiros que vivem em Portugal a pendurarem bandeiras do Brasil nas janelas, como um ato de apoio ao país e protesto contra o governo.
No Brasil, a maior concentração foi na capital paulista, a Polícia Militar informa que pelo menos 1 milhão de pessoas se reuniram na Avenida Paulista. Segundo o Datafolha – instituto de pesquisa e opinião do Grupo Folha –, a manifestação reuniu 210 mil pessoas. Em Campinas, São Paulo, 5 mil pessoas se reuniram de manhã e mais de 10 mil, na parte da tarde, para os protestos. Os manifestantes também já se dispersaram sem que episódios de violência.
No Nordeste, foram registrados protestos no Recife, em Salvador, em Aracaju e em outras capitais. Em Fortaleza, a manifestação se concentrou na Praça Portugal, na Aldeota, bairro nobre da capital. A PM estimou em 15 mil pessoas o número de participantes; os organizadores, em 20 mil. Assim como em outros locais do país, a maioria dos participantes vestia roupas com as cores da bandeira brasileira e levantava faixas com frases de rejeição ao PT e à presidente Dilma. O ato seguiu pela Avenida Beira-Mar, na Praia de Iracema, e terminou no Jardim Japonês, na Avenida Beira-Mar, onde os participantes cantaram o Hino Nacional e trechos da música Pra não Dizer que não Falei das Flores, de Geraldo Vandré, considerada símbolo da resistência contra a ditadura militar.
Em Goiânia, 60 mil pessoas caminharam entre a Praça Tamandaré e o Parque do Areião, num percurso de cerca de 4 quilômetros. No Rio de Janeiro, a primeira grande manifestação do dia ocorreu na orla da Praia de Copacabana. A polícia não informou os números oficiais, mas, segundo estimativa de organizadores, 15 mil pessoas participaram do ato. As duas pistas da Avenida Atlântica chegaram a ser fechadas no meio da manhã e a passeata recebeu apoio de moradores dos prédios da orla.
Em Porto Alegre, houve dois pontos principais de concentração de manifestantes, o Parcão, no bairro Moinhos de Vento, e o Parque da Redenção. De acordo com a Brigada Militar do Rio Grande do Sul, até as 17h, cerca de 100 mil pessoas haviam participado dos protestos na capital gaúcha. Ainda na Região Sul, 80 mil pessoas se reuniram na Praça Santa Andrade, em Curitiba, e seguiram para o Centro Cívico.
Na Região Norte, Manaus reuniu 22 mil pessoas, informou a Polícia Militar. A passeata começou na Praça do Congresso e seguiu pelas principais avenidas do centro da capital amazonense. Em Belém, os manifestantes caminharam pelo centro da cidade até o Theatro da Paz, um dos símbolos da capital paraense, também vestidos de verde e amarelo e levando faixas com críticas ao governo Dilma e pedidos de impeachment da presidente.
Pronunciamento
O ministro brasileiro da Justiça, José Eduardo Cardozo, anunciou que a presidente irá divulgar novas medidas contra a corrupção ainda esta semana e defendeu a reforma política no país.
O governante falou numa conferência de imprensa realizada após a série de protestos contra o governo, com um total de dois milhões de pessoas em 135 cidades de todas as regiões do país, segundo estimativas da Polícia Militar.
Um novo pacote de medidas contra a corrupção era uma das promessas de campanha da atual presidente. Cardozo defendeu que a reforma política inclua uma proibição ao financiamento de campanhas por empresas, ação que gera desentendimentos com partidos da oposição.
O ministro da Justiça afirmou também que as suspeitas de corrupção serão investigadas e aqueles que forem considerados culpados, punidos. Cardozo realçou que as manifestações foram pacíficas e democráticas, típicas de um Estado democrático que rejeita alternativas golpistas.
Também presente na conferência de imprensa, o ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência, Miguel Rossetto, afirmou que as manifestações de hoje foram realizadas por setores da sociedade críticos ao Governo, que não votaram em Rousseff nas últimas eleições.