Da Redação
Com Lusa
Cerca de 130 mil pessoas precisam de assistência alimentar nas províncias afetadas pelas cheias no centro e o norte de Moçambique, disse à Lusa a porta-voz do Instituto Nacional de Gestão de Calamidades (INGC), Rita Almeida.
“Os dados constam do nosso plano para assistência alimentar. São pessoas que, na sua maioria, estão a ser encaminhadas para os bairros de reassentamento. Outras ainda permanecem nos centros de acomodação temporária. Todas precisam de assistência alimentar, ” afirmou Rita Almeida.
A última atualização dos dados oficiais, disponibilizada à Lusa em 25 de fevereiro, indica que pelo menos 160 pessoas morreram e mais de 188 mil foram afetadas pelas cheias nas províncias do centro e do norte do país.
De acordo a porta-voz do INGC, apenas quatro centros de acomodação temporária permanecem abertos, tendo a maioria sido encerrada à medida que as populações foram realojadas em terrenos seguros.
“Apesar de termos encerrado a maioria dos centros de acomodação, temos ainda muitas pessoas que permaneceram lá. Mas o processo de realojamento está num bom ritmo. Só na província da Zambézia, já demarcámos mais de 6.400 terrenos, dos quais 6.200 já estão ocupados”, informou a porta-voz.
Em coordenação com as autoridades locais, o INGC está levar a cabo campanhas de sensibilização junto das populações para que abandonem as regiões habitualmente afetadas pelas enxurradas durante a época chuvosa em Moçambique, que decorre entre outubro e abril em todo país.
“Em alguns casos, como forma de incentivar as pessoas que resistem em zonas consideradas perigosas, realojamos os afetados em lugares já habitados e prestamos assistência básica às famílias, dando tendas e outros objetos básicos”, declarou Rita Almeida.
Ao mesmo tempo, nas províncias afetadas pelas calamidades no centro e no norte de Moçambique, as autoridades moçambicanas enfrentam um surto de cólera, que já matou 37 pessoas e atingiu outras 2.903 em Tete, Niassa e Nampula e ameaça agora também a província da Zambézia.
“Nós estamos a monitorar a situação do surto da cólera. Foram registrados alguns casos, por exemplo, em Quelimane. Mas, no geral, o surto não atingiu as zonas dos centros de reassentamento temporário”, afirmou Rita Almeida.
O centro e norte de Moçambique foram atingidos, desde 12 de janeiro, por violentas cheias, que desalojaram cerca de 50 mil pessoas, alagaram campos agrícolas e destruíram escolas, estradas e pontes, interrompendo durante um mês a N1, a única estrada que liga o centro ao norte de Moçambique, que ficou também, no mesmo período, privado de eletricidade.
O Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, iniciou na quarta-feira uma visita de trabalho às províncias atingidas pela catástrofe.