Situação de Portugal é “muito diferente” da Grécia, diz Portas

Da Redação
Com Lusa

Foto: PEDRO NUNES/LUSA
Foto: PEDRO NUNES/LUSA

O vice-primeiro-ministro português defendeu que a situação de Portugal é “muito diferente” da grega, em resultado do “mérito e esforço” dos cidadãos. “A nossa situação, felizmente, é diferente e eu não arriscaria aquilo que nós já conquistamos com confusões, com amálgamas que acho que não fazem sentido”, declarou Paulo Portas, em 26 de janeiro.

Anunciando que irá aguardar pelas iniciativas que o novo governo grego venha a tomar antes de comentar a influência que essas poderão ter na política europeia, o governante insiste que “a situação de Portugal, felizmente, é muito diferente”, em resultado do “mérito e esforço” dos cidadãos nacionais.

Para Paulo Portas, foi desse esforço que resultaram as razões que agora justificam a diferença entre os dois países, começando pelo fato da Grécia ainda ter a ‘troika’ em Atenas, enquanto Portugal terminou o programa. “Portugal teve um só resgate, [enquanto] a Grécia vai no segundo e ninguém sabe se não precisa de um terceiro”.

Por fim, Paulo Portas refere também que, no contexto da dívida nacional, “Portugal tem os seus juros a 10 anos a 2,2 % e a Grécia tem-nos a 8,8%”. O vice-primeiro-ministro concluiu, por isso, que “Portugal tem melhores expectativas de confiança econômica e redução progressiva do desemprego do que a Grécia”.

Também o primeiro-ministro português comentou que o programa do Syriza é dificilmente conciliável com as regras europeias, mas disse esperar que o novo Governo grego as cumpra e possa manter-se na zona euro e na União Europeia.

Pedro Passos Coelho apelidou de “conto de crianças” a ideia de que “é possível que um país, por exemplo, não queira assumir os seus compromissos, não pagar as suas dívidas, querer aumentar os salários, baixar os impostos e ainda ter a obrigação de, nos seus parceiros, garantir o financiamento sem contrapartidas”.

“É sabido que o programa do partido que ganhou as eleições é difícil de ser conciliado com aquilo que são as regras europeias. O meu desejo é que seja possível conciliar, porque nós reconhecemos o enorme esforço que os gregos fizeram e esperamos que a Grécia se possa manter como um parceiro europeu da mesma moeda e da União Europeia. É esse o meu voto sincero”, acrescentou.

Já o secretário-geral do PS, António Costa, considerou que a vitória no partido Syriza nas eleições na Grécia é “mais um sinal” da mudança da orientação política que está em curso na Europa. “É mais um sinal da mudança da orientação política que está em curso na Europa, o esgotamento das políticas de austeridade e da necessidade de termos uma outra política que permita fazer com que a moeda única seja efetivamente uma moeda comum”.

Para o líder nacional do PS, a Europa tem que ter “uma moeda que gere ganhos para todos os povos e todos os países e todas as economias da zona euro e que não seja uma moeda que, como tem acontecido, provoque resultados muito assimétricos com grandes benefícios para alguns e uma enorme pressão e austeridade para todos os outros”.

Eleições
Alexis Tsipras, líder do partido vencedor das eleições gregas, Syriza, afirmou que “o povo grego escreveu História” e “deixou a austeridade para trás”. “É um sinal importante para uma Europa em mudança”, disse Tsipras perante milhares de pessoas que se juntaram na praça em frente da Universidade de Atenas, após o resultado das eleições.

“O veredito do povo grego significa o fim da ‘troika’”, a estrutura de supervisão da economia da Grécia constituída pela Comissão Europeia, Banco Central Europeu e Fundo Monetário Internacional que desde 2010 avalia as medidas de austeridade impostas a troco de empréstimos de 240 bilhões de euros.

Tsipras, 40 anos, afirmou que “o povo deu um mandato claro” ao Syriza, “depois de cinco anos de humilhação” e assegurou que vai negociar com os credores uma “nova solução viável” para a Grécia.

O partido anti-austeridade Syriza obteve uma clara vitória nas eleições gerais na Grécia com 35,9% dos votos, quando estão contados 50% dos boletins. De acordo com estes dados, oficiais, o Syriza elege 148 deputados, menos três que os 151 necessários para a maioria absoluta.

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