Sem funcionários, Portuguesa sofre com abandono do clube

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Por Felipe Higino e Lucas Ventura
Da LusaNews

Largado às traças. Abandonado. Pedindo socorro. Essa é a atual situação do clube da Portuguesa. A parte social, que já foi considerada a melhor de São Paulo, hoje não é nem sombra da de outrora. Sem funcionários, em greve devido aos salários atrasados, a Lusa vive o pior momento de sua história.

A grade de associados, que já bateu a marca dos cem mil inscritos, metade deles ativos, atualmente não chega a dois mil sócios patrimoniais. Seu principal atrativo, principalmente no verão, é a piscina, que, no entanto, está sem tratamento há dias por falta de funcionários.

A greve afeta a todos. O Portal Lusa News apurou que, no último final de semana, o caixa do clube recebeu apenas R$ 5 de estacionamento, valor equivalente a um carro.

A reportagem, que esteve no local no último sábado para conferir de perto a situação, encontrou diversos pontos com lixo. O mato tomou conta dos canteiros do jardim e na região das piscinas era possível sentir um forte odor de urina. Durante todo o período, o único funcionário avistado trabalhava na portaria.

Durante a estadia da equipe do LN no clube, três pessoas procuraram a secretaria para buscar informações e se tornarem sócias.

O torcedor Luis Felipe, de 32 anos, que também é colaborador do Museu da Portuguesa, criticou a diretoria rubro-verde e a situação calamitosa do clube.

“A Portuguesa é hoje o reflexo de seus anos de má administração e desinteresse por parte de seus dirigentes”, disse.

“Sem manutenção e em completo abandono por falta de funcionários e também por falta de zelo dos mesmos, o clube está com muita sujeira acumulada, equipamentos roubados e lixo espalhado. Não parece nem de longe o clube bonito e cheio de sócios do passado”, complementou.

Apesar da falta de funcionários, o clube segue aberto para as pessoas. Entretanto, a falta de condições básicas para sua utilização afasta os sócios. Animais mortos e fezes espalhadas demonstram claramente a calamidade em que se encontra a Portuguesa.

A coleta seletiva de lixo também não vem sendo realizada, segundo apurou a reportagem do LN. A dívida da Lusa com a empresa que recolhe a caçamba chega a quase R$ 30 mil. A esperança é que se faça a retirada do lixo até a próxima semana. Além da parte social, a greve também já chegou nos setores de Comunicação e Marketing do clube, que não trabalham desde o dia 5.

A situação é reflexo de uma má gestão que vem assombrando a Portuguesa no último ano. O torcedor que frequentou o clube no começo de 2014 se assustaria com a situação caso retornasse. No último dia 26, o fundo do poço parecia ter chegado quando a água foi cortada pela SABESP.

A situação só foi restabelecida após o dono do Cais do Porto – restaurante localizado dentro do Canindé – quitar os débitos em atraso para normalizar a situação.

Quando a fase não é boa, tudo pode piorar. Na noite do último sábado, após uma forte ventania, uma grande árvore caiu perto da portaria principal, quebrando a cerca e derrubando um poste. Por conta disso, o clube novamente chegou a ficar sem luz por algumas horas. A situação só foi normalizada na manhã de domingo.

Um gesto de amor

Na caravana da torcida Leões da Fabulosa para a estreia da Lusa na Copinha, o torcedor Anderson Paiva, 34 anos, conversou com alguns torcedores e sugeriu a ideia de criar um mutirão para ajudar a clube. Foi então que, na última segunda-feira, portando apenas sacolas plásticas e disposição, ele se apresentou no clube para cumprir o combinado.

“Quando cheguei lá, o Ilídio Lico não estava. Então, fui até a Marli, uma funcionária, e expliquei que queria ajudar e que nada iria me fazer mudar de ideia. Ela acabou insistindo em não deixar, mas eu esperei o Lico chegar e fui falar com ele. Na hora ele gostou da atitude e me apoiou. Foi assim que, sozinho, comecei a limpar”, explicou.

Sem ajuda, o torcedor retirou cerca de 100 sacolas de mercado de puro lixo. Latas, copos d’água e restos de comida foram o que ele mais encontrou. Seu medo é que as coisas piorassem para a Lusa caso acontecesse algum tipo de vistoria da vigilância sanitária.

“O único problema é que, como as parcelas da caçamba que recolhe o lixo estão atrasadas, ele acabaria ficando acumulado no clube. Quero ajudar sempre e vou continuar indo ao clube até quando puder. Também gostaria que outras pessoas deixassem um pouco o computador e comparecessem ao Canindé para colaborar”, completou.

Início do fim?

Além da crise dentro das quatro linhas, com o inédito rebaixamento à Série C do Campeonato Brasileiro, o definhamento da parte social começa a assustar a torcida rubro-verde.

“Posso dizer que é uma tristeza muito grande, parece um sinal do fim. Lembro-me do clube fervendo nos anos 80, exuberante, cheio de vida. Hoje, é mais uma prova da decadência irremediável”, disse Luís Alberto Nogueira, jornalista e torcedor rubro-verde.

A esperança é que a greve dos funcionários chegue ao fim no próximo dia 15. Existe a promessa de quitação dos dois meses de salários e o 13º de todos os funcionários nesta data.

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