Da Redação
Com Lusa
O presidente do Governo Regional da Madeira, Alberto João Jardim, admitiu em 08 de janeiro entrar na corrida para Belém, não para ser Presidente da República, mas para ter a oportunidade de apresentar as suas ideias para o país.
“Vou a jogo para apresentar ideias para o país, mas sem qualquer ambição de ser Presidente da República”, afirmou Jardim no programa “Grande Entrevista”, da RTP Informação.
O líder madeirense referiu que este cenário se colocaria apenas no caso de conseguir “reunir as assinaturas” necessárias para formalizar a candidatura, argumentando, contudo, que “só candidatos da partidocracia é que ganham eleições e conseguem reunir os meios financeiros para a campanha”.
Ainda sobre o seu futuro político, Jardim colocou também como hipótese vir a ocupar o lugar de deputado na Assembleia da Republica.
“É uma das possibilidades que admito, até por curiosidade”, declarou o responsável madeirense, acrescentando: “até por ter sido sempre eleito [deputado] e nunca ter posto lá os pés”, embora vincando que tal “não é importante para o país”.
Falando sobre política nacional, o líder madeirense adiantou que a coligação PSD/CDS no próximo mandato deve ter uma “mensagem apontada à pessoa humana e às famílias” e que a classe media “tem de ser refeita”.
Jardim disse “temer que, se não suceder qualquer coisa de novo no seio da coligação”, os portugueses possam não renovar a confiança neste projeto político.
E, se tal acontecesse, admitiu que seria favorável à formação de um Bloco Central, liderado pelo PSD, embora declare que, “pessoalmente, tem confiança em António Costa”.
No que diz respeito às eleições internas do PSD/Madeira, Alberto João Jardim rejeitou a ideia de que a “vitória de Miguel Albuquerque tenha sido a derrota do jardinismo”, argumentando que não foi candidato e que quando os dois se defrontaram, em 2012, venceu esse ato eleitoral.
“Seria hipócrita dizer que Albuquerque era o meu candidato, mas uma vez eleito é o meu líder e o PSD/M tem que ganhar próximas eleições”, destacou.
O governante insular também reconheceu que a dívida pública da Madeira, superior a 6 bilhões de euros, “é o principal problema que deixa” depois de quase 37 anos de governação, mas insistiu que o dinheiro foi para efetuar obras.
“Essa dívida não foi para fazer planos para o TGV e depois não se fez o TGV”, declarou, considerando que “foi obra feita em Portugal e não há razão para ser considerada à parte pelo Estado Português”.
Instado a comentar a política do Governo da República, o líder madeirense recusou fazer qualquer abordagem, por “respeito pessoal” para com o primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, devido a um problema de saúde de um familiar.
Outra questão abordada na entrevista foi a prisão do ex-primeiro ministro José Sócrates, tendo Jardim opinado que “até prova em contrário, toda a gente está inocente”.
Jardim disse “não ver razão para a prisão preventiva” e criticou o “espetáculo mediático que tem sido feito à volta deste caso”. Para presidente do Governo da Madeira, este caso envolve “coisas demasiado sérias”, pelo que devia ter sido “tratado com pinças”.
Na opinião de Jardim, “esgrimir esse caso nas eleições pode ser uma faca de dois gumes”, preconizando que o “PSD não deve cair nesta armadilha”.
Alberto João Jardim conclui estar “preparado para o dia seguinte”, argumentando que “o poder é efémero” e que o que mais se orgulha na sua governação foi a transformação social operada na sociedade madeirense.
História
Alberto João Jardim, considerado um político “sem papas na língua”, que há mais de 36 anos chefia o governo da Madeira e é fundador do PSD madeirense, vai cessar funções. Com 33 anos tornou-se presidente do Governo Regional da Madeira, a 17 de março de 1978, dia em que declarou que “a Madeira será o que os madeirenses quiserem”.
É o político português há mais tempo em funções e foi o líder incontestado do PSD/Madeira, partido maioritário no arquipélago com 46 vitórias eleitorais consecutivas e que conquistou sempre maiorias absolutas nas regionais. Jardim será substituído à frente do PSD/Madeira pelo ex-autarca do Funchal, Miguel Albuquerque, tido como um dos seus delfins mas que se tornou no principal rosto da contestação à sua liderança.