Por Humberto Pinho da Silva
Existe, no centro da cidade do Porto, rua muito comercial, cujo nome varia consoante o regime político instalado em Lisboa. É a Rua de Santo António ou 31 de Janeiro, como velhos e saudosos republicanos gostam de chamar.
Logo que o regime, implantado pela Revolução de 28 de Maio, caiu, alguns democratas, apressaram-se a mudar a placa, que homenageava o santo português.
O mesmo aconteceu em Vila Nova de Gaia, na avenida principal, que sempre a conheci por Marechal Carmona, mas já fora da República, e depois rebatizada com o nome do mais popular Presidente da República do Estado Novo.
Que ditadores queiram apagar nomes de democratas, compreende-se, mas os que apregoam a liberdade, o façam, é de pasmar!
Em Lisboa, a Ponte Salazar, construída sem subsídios da Europa, ou de grandes potencias, passou, após a Revolução dos Cravos, a ser: 25 de Abril; mas como nada tinha a ver com a revolução, o povo – que é sempre mais sensato que os políticos, – resolveu chamá-la: Ponte Sobre o Tejo, e assim – penso, – ficará para sempre.
No país irmão – será o Brasil país irmão? – Creio que sim, pelo menos, a maioria da população é, também, a “dança” das placas é frequente.
Com a queda da monarquia, as ruas do Rio mudaram de nome: o Largo da Imperatriz, passou a praça Quintino Bocaiuva, e a Rua da Princesa, a Rui Barbosa.
A da Misericórdia – como se a misericórdia fosse monarquista, – passou a Batalhão Académico, e assim por diante.
É interessante saber que os republicanos, no Brasil, prometeram, em 1890, realizar referendo, para o povo legalizar o novo regime; mas, talvez, receando que preferissem a monarquia, só se realizou em 1993, quando, pelas sondagens, se sabia não haver perigo para o regime.
Em Portugal, ainda se aguarda oportunidade do povo escolher o regime que prefere; talvez, porque se considera que a população não tem, ainda, capacidade de saber o que quer, ou para não se ter que repetir, o referendo… como aconteceu com o do “aborto”
Amigo, já falecido, certa tarde de domingo disse-me: “Todos dizem ser democratas…mas muitos há, que não passam de ditadores mascarados….”
Creio que tinha razão.
Por Humberto Pinho da Silva
De Portugal