Mundo Lusíada
Com agencias
O escritor João Ubaldo Ribeiro faleceu durante a madrugada de 18 de julho, em decorrência de uma embolia pulmonar. Jornalista e cientista político, ele foi autor de mais de 20 livros, publicados em 16 países, e ganhador de um dos mais importantes da língua portuguesa, o Prêmio Camões.
A presidente brasileira emitiu nota de pesar pela morte do escritor: “A literatura brasileira perde um grande nome com a morte de João Ubaldo Ribeiro. Neste momento de dor, presto minha solidariedade aos familiares, amigos e leitores” divulgou Dilma Rousseff.
Parentes, amigos, escritores e admiradores passaram durante toda a tarde pelo velório do romancista, no Salão dos Poetas Românticos da Academia Brasileira de Letras (ABL), para prestar suas últimas homenagens ao escritor, no Rio de Janeiro. O corpo do acadêmico foi enterrado no Mausoléu dos Imortais da academia, no Cemitério São João Batista, em Botafogo, após uma cerimônia religiosa realizada na ABL.
Pessoas próximas ao escritor contaram que há um ano e meio ele estava trabalhando em um novo livro, que contaria histórias da vida boêmia carioca, na perspectiva de um personagem baiano. Um dos quatro filhos do escritor, Bento Ribeiro, disse que na última conversa com o pai sobre o assunto, João Ubaldo revelou que estava na metade da história.
“Ele sempre queria produzir coisas, se orgulhava da cultura brasileira, da nossa história, e é isso que vai ficar para todos. Estava no meio de um livro mas só comentou comigo que estava escrevendo sobre as histórias de bar, mas encaixando a Bahia através do narrador”, contou o filho, lamentando a morte repentina do pai. “Além do que todo mundo já falou nas muitas homenagens, ele era meu pai. Foi muito inesperado e triste. A última lembrança que tenho dele é uma conversa em que ele disse como ele queria ir à Alemanha visitar meu filho de 5 meses. Ele foi um paizão”, disse.
O governador da Bahia, Jaques Wagner, também esteve no velório e destacou a contribuição de Ubaldo, conterrâneo nascido em Itaparica, em 1941, para a literatura brasileira. “Perdemos um baiano ilustre, de uma marca muito forte na literatura e no jornalismo. Ele era apaixonado por Itaparica e vai deixar um legado importantes para nós, baianos”, declarou.
Trajetória
Ocupante da cadeira número 34 da ABL desde 1993, o escritor baiano nasceu em Itaparica (BA), no dia 23 de janeiro de 1941. Formado em direito pela Universidade Federal da Bahia, João Ubaldo Ribeiro não chegou a advogar. Mestre em administração pública e ciência política, também atuou como jornalista e roteirista. Além de romances, também escreveu contos e ensaios sobre política.
Entre suas principais obras estão Sargento Getúlio (1971), Viva o povo brasileiro (1984) e O sorriso do lagarto (1989). João Ubaldo Ribeiro recebeu, em 2008, o Prêmio Camões, concedido pelos governos de Portugal e do Brasil, para autores que contribuem para o enriquecimento da língua portuguesa.
Ribeiro também venceu, por duas vezes, o Prêmio Jabuti, da Câmara Brasileira do Livro. Em 1972, conquistou o Jabuti de Melhor Autor, por Sargento Getúlio. Em 1984, venceu na categoria Melhor Romance, com Viva o Povo Brasileiro.
João Ubaldo também foi homenageado no carnaval carioca pela Escola de Samba Império da Tijuca, que, em 1987, teve como enredo um dos seus livros mais famosos, Viva o Povo Brasileiro.