Crise na família Espírito Santo não compromete a estabilidade do sistema financeiro, diz Passos

Uma auditoria revelou que não foram registrados 1,2 bilhões de euros de dívidas nas contas de 2012. A ‘holding’ ainda tem capitais próprios negativos de 2,5 bilhões de euros, está em falência técnica.

 

Mundo Lusíada
Com Lusa

O primeiro-ministro português, Pedro Passos Coelho, afirmou em 11 de julho que os depositantes do Banco Espirito Santo (BES) têm razões para confiar no banco e afirmou não ter dúvidas quanto à tranquilidade do sistema financeiro português.

“Os depositantes têm razões para ter toda a confiança quanto à segurança que o Banco Espirito Santo oferece às suas poupanças”, disse Pedro Passos Coelho.

O primeiro-ministro, que falava aos jornalistas em Lisboa, relembrou a separação entre os negócios da família Espírito Santo e o BES. “Uma coisa são os negócios que a família Espirito Santo tem e outra coisa é o banco. É muito importante que os agentes portugueses e os investidores externos consigam, não apenas perceber bem esta diferença, mas estar tranquilos relativamente à situação do banco”, sublinhou.

“Não tenho nenhuma razão para pôr minimamente em dúvida a tranquilidade, que deve ser preservada ao nível do nosso sistema financeiro e bancário”, acrescentou Passos Coelho.

As ações do Banco Espírito Santo (BES) continuam suspensas por decisão do regulador, que vai avaliar “a informação prestada” na quinta-feira pela entidade financeira sobre a sua exposição ao Grupo Espírito Santo (GES).

A determinação da suspensão das ações do BES por parte da CMVM foi feita dia 10, com o regulador a explicar que aguardava por “informação relevante” por parte da instituição financeira e depois do Espírito Santo Financial Group (ESFG) ter solicitado a suspensão da negociação dos seus títulos e obrigações nas bolsas de Lisboa e do Luxemburgo ao início da manhã.

Na altura da suspensão, as ações do BES perdiam mais de 17% para 0,51 euros, enquanto as do ESFG interromperam as transações quando estavam a cair 8,9% para 1,19 euros.

Envolvida está também a Portugal Telecom (PT), devido ao investimento de 897 milhões de euros feito em papel comercial (títulos de dívida de curto prazo) da Rioforte, empresa do GES, uma operação que a brasileira Oi, que está em processo de fusão com a operadora portuguesa, disse desconhecer.

“Podem estar tranquilos” quanto ao seu dinheiro

Também o Banco de Portugal esclareceu que o BES detém um montante de capital “suficiente” para acomodar eventuais impactos negativos decorrentes da exposição ao Grupo Espírito Santo, tranquilizando os clientes em relação aos seus depósitos.

“Não existem motivos que comprometam a segurança dos fundos confiados ao BES, pelo que os seus depositantes podem estar tranquilos”, escreve a instituição liderada por Carlos Costa, em comunicado.

O Banco de Portugal (BdP) esclarece, assim, que “tendo em conta a informação reportada pelo BES e pelo seu auditor externo (KPMG), o BES detém um montante de capital suficiente para acomodar eventuais impactos negativos decorrentes da exposição assumida perante o ramo não financeiro do Grupo Espírito Santo (GES) sem pôr em causa o cumprimento dos rácios mínimos em vigor”.

De acordo com o BdP, o esclarecimento surge em face do comportamento “especialmente adverso” no mercado de capitais nacional decorrente da incerteza latente sobre a situação financeira do BES.

“Recorda-se ainda que, na sequência das conclusões extraídas dessa auditoria, foram determinadas várias medidas destinadas a salvaguardar a posição financeira do BES relativamente aos riscos emergentes do ramo não financeiro do GES”, refere.

“Importa sublinhar que esta auditoria concluiu um ciclo de quatro ações transversais de inspeção desenvolvidas pelo Banco de Portugal desde 2011 e que permitiram uma revisão aprofundada das carteiras de crédito dos principais bancos portugueses”, acrescenta.

Já perto das 00:00, o BES emitiu um comunicado no qual garantiu que as potenciais perdas resultantes da exposição ao GES “não põem em causa o cumprimento dos rácios de capital”.

No texto, o BES explica que a almofada de capital de que dispõe, no valor de cerca de 2,1 bilhões de euros, é suficiente para fazer face à exposição que tem ao GES.

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