Chegou a época em que habitualmente se fazem balanços e se ensaiam votos para o novo ano.
Depois de um 2013 que foi rico e diverso em manifestações de cultura e empreendedorismo português, como bem atestam a agenda cultural e os números do ano transacto, parece ambicioso pedir para o ano que se avizinha a mesma intensidade de iniciativas, projectos e aspirações.
Vivemos momentos que são, para a comunidade portuguesa e luso-brasileira, algo paradoxais: enquanto Portugal e a Europa se debatem para emergir de uma crise que afectou a todos, nunca o trânsito de artistas, músicos, empresários, actores, estudantes e académicos foi tão denso entre Portugal e o Brasil na sua história recente. Certamente que não é por acaso.
O Brasil vive um período de crescimento e de internacionalização progressivos que o abrem decididamente para o mundo e para a economia global; Portugal diversificou por inteiro o seu relacionamento comercial e empresarial fora da Europa, frequentemente acompanhado de importantes movimentos migratórios de profissionais qualificados que tanto enriquecem a nossa contribuição para o desenvolvimento desta terra “gigante pela própria natureza”.
Nunca tivémos tantos turistas brasileiros nem tanto investimento directo brasileiro em Portugal.
Em S.Paulo, capital económica e cultural do Brasil, esses sinais de empenho mútuo avolumam-se, com efeitos importantes sobre o próprio tecido social da nossa presença e da percepção do que somos neste extraordinário país de acolhimento.
Permito-me por isso fazer um apelo a todos os portugueses e luso-brasileiros, dirigentes associativos, agentes econômicos e culturais que aqui vivem e trabalham a participar activa e plenamente nas oportunidades que este novo ciclo de envolvimento recíproco proporcionará, pois essa será a melhor forma de honrar a forma como aqui fomos e somos recebidos e o lugar de excepção que Portugal, pela sua história, legado e contributo, legitimamente merece protagonizar no desenvolvimento da Nação brasileira.
Não vale a pena escamotear a realidade. São tempos difíceis os que se vivem em Portugal, que a comunidade luso-brasileira acompanha com cuidada atenção, mas é minha convicção que o pior já passou. Este é o momento para corresponder aos indicadores positivos de recuperação, buscando dentro e fora da comunidade lusobrasileira a unidade de propósito e de esforços necessários, procurando projectar a cultura e os valores da Nação portuguesa, mas também o que de melhor fazemos hoje.
Temos o dever histórico de revelar ao Brasil o que somos capazes de oferecer, com a capacidade de empreender e o mesmo instinto de superação que nos fez desvendar e ajudar a construir este Mundo novo. O que formos capazes de fazer em S.Paulo, terá seguramente repercussão no resto do país.
Depois de celebrar o Ano de Portugal no Brasil em 2012 e 2013, o próximo ano – fértil em realizações internacionais e abertura ao mundo – anuncia-se promissor para o fortalecimento dos laços indissolúveis que nos unem. Saibamos ter o “engenho e a arte” para construir uma aliança luso-brasileira renovada e forte. Quanto mais unidos, mais fortes seremos.
Um Feliz Natal a todos e um 2014 pleno de sucessos, são os meus sinceros votos para todos, não podendo deixar de agradecer a forma amiga e carinhosa com que tanto eu como a minha família aqui fomos acolhidos desde o primeiro instante.
Por Paulo Lourenço
Cônsul Geral de Portugal em São Paulo em artigo especial para a edição de ano do Jornal Mundo Lusíada.
