Mundo Lusíada
Com agencias
O embaixador de Portugal no Egito, António Tânger Correia, reiterou à Lusa que Portugal está em contato diário com os 35 portugueses residentes no país, por telefone e por correio eletrônico.
No Egito existem 35 portugueses residentes, no Cairo e fora da capital, disse o embaixador. “Estamos em contato por telefone ou por ‘mail’. Todos os dias mandamos ‘mail’ com recomendações e que respeitem o recolher obrigatório e não se aproximarem das manifestações”, sublinhou o diplomata.
Além dos residentes, há cinco portugueses a participar num congresso em Sharm El-Sheikh, mas que António Tânger Correia disse não haver grandes motivos de preocupações porque a região não tem tido incidentes. Na costa Norte mediterrânica do Egito estão 26 jovens portugueses a fazer animação, que o diplomata garantiu estarem “seguros” e com quem a embaixada também mantém contato.
Sobre a situação no Cairo, António Tânger Correia disse que a cidade entrou em rotina. “Agora estamos numa rotina, de manhã está calmo, a circulação está normal, e depois à tarde começam-se a juntar as manifestações” afirmou. “E depois às 19:00 entra o recolher obrigatório e a cidade volta a cair num silêncio fora do habitual”, porque o Cairo é uma cidade ruidosa, animada, acrescentou.
António Tânger Correia acrescentou ainda que há lojas que não abriram, “há algumas empresas, nomeadamente bancos, que estão fechados à cautela”. O diplomata adiantou que Portugal está em “constante contato com outros elementos da União Europeia” no que respeita aos assuntos consulares, proteção, viagens.
Tânger Correia espera que a situação no Cairo fique mais serena se o país entrar numa rotina de manifestação não violenta e a Irmandade Muçulmana renunciar à violência. A violência dos confrontos desde 14 de agosto no país provocou pelo menos 600 mortos de acordo com o governo e milhares de vítimas mortais segundo a Irmandade Muçulmana.
UE
A União Europeia anunciou que irá rever de forma urgente as suas relações com o Egito e que tomará medidas para impulsionar o processo democrático e acabar com a violência no país, que considera injustificada.
“A violência e os assassinatos dos últimos dias não podem justificar-se nem tolerar-se. Os direitos humanos devem respeitar-se. Os prisioneiros políticos devem ser libertados”, consideram, num comunicado conjunto, os presidentes do Conselho Europeu, Herman Van Rompuy, e da Comissão Europeia, Durão Barroso.
Apelando ao fim da violência e ao retorno ao processo democrático, Herman Van Rompuy e Durão Barroso referem que “para este efeito, em conjunto com os Estados-Membros, a União Europeia vai rever urgentemente nos próximos dias as suas relações com o Egito e adotar medidas que visem a prossecução destes objetivos”.
Os dirigentes europeus pedem a “máxima contenção” a todas as partes, mas atribuem “particular responsabilidade” pela situação que se vive naquele país ao Governo interino e ao Exército.
“Lamentamos profundamente que os esforços e propostas internacionais para estabelecer um processo político inclusivo, para os quais a União Europeia contribuiu ativamente, tenham sido postos de lado e se tenha optado pelo caminho dos confrontos”, acrescentam os responsáveis, no mesmo comunicado, citado pela EFE.
Os dirigentes europeus consideram que “não há alternativa ao diálogo” e que “todas as forças políticas egípcias devem voltar a comprometer-se com o futuro democrático do país e participar num processo político que leva à realização de eleições e à reposição de um governo civil”.
Desde o derrube do presidente Mohamed Mursi, a 03 de julho, Bruxelas tem tentado ser um mediador entre os diferentes grupos políticos com o objetivo de evitar confrontos, tal como aconteceu aquando da queda de Hosni Mubarak em 2011.
Árabes
Com a reunião dos chanceleres dos 28 países da União Europeia para analisar uma possível suspensão da ajuda financeira ao Egito, em resposta ao aumento da violência e da repressão no país, os países árabes declararam que vão ajudar o Egito, após a morte de 750 pessoas em três dias de confrontos entre manifestantes e forças policiais. O chefe da diplomacia da Arábia Saudita, príncipe Saud Al Faisal, disse em 19 de agosto que os árabes estão dispostos a colaborar com os egípcios para compensar a suspensão da ajuda de países do Ocidente.
Al Faisal criticou as posições dos países ocidentais. O governo da Arábia Saudita anunciou ajuda ao Egito no valor de US$ 5 bilhões de dólares, depois da destituição do poder de Mohamed Mursi, em 3 de julho. Os governos do Kuwait e dos Emirados Árabes Unidos, vizinhos e aliados da Arábia Saudita, também anunciaram apoio ao Egito. Ambos pretende repassar de US$ 3 bilhões a US$ 4 bilhões.