Da Redação
Com Lusa
Um apelo para que os admiradores de Cesária Évora caminhem descalços, em 27 de agosto, dia em que a cantora faria 72 anos, foi o desafio lançado em Cabo Verde, que já encontrou adesão em França, como “Dia dos pés descalços”.
A informação foi confirmada pela representante em Portugal da editora francesa de Cesária, que explicou tratar-se de um desafio lançado pelo jornalista Moisés Évora, da Rádio Nacional de Cabo Verde, em “homenagem” à cantora nascida no Mindelo, a 27 de agosto de 1941.
O mentor da iniciativa, contatado pela Lusa, assegurou tratar-se de uma ideia “lançada ao ar”, na semana passada, no seu programa semanal, realizado em Cabo Verde, no Sal, numa edição que contou com a participação de vários nomes ligados à cultura, que aderiram “de imediato”.
“Uma forma singela e simbólica” de homenagear “Cize, a sua felicidade, a sua liberdade, e de recordar tudo aquilo que ela sabia cantar e encantar”, acrescentou Moisés Évora, que não pertence à família de Cesária.
O empresário, produtor e editor discográfico de Cesária Évora, José da Silva, aderiu de imediato à iniciativa e divulgou-a, por comunicado, para França, onde Cesária iniciara a carreira. “Recordar a Cesária é recordar tudo aquilo que de bom temos na cultura do nosso país”, sublinhou Moisés Évora. Em declarações à Lusa, José da Silva disse que Moisés “é o jornalista que mais sabe sobre Cesária”.
Entre as personalidades da cultura que se solidarizaram com a homenagem, segundo Moisés Évora, há “compositores consagrados de Cabo Verde”, como Antero Simas, autor da morna “Doce Guerra”, Alcides Brito, que compôs “Labanta braço”, um “hino” à independência (que os Tubarões celebrizaram), o guitarrista Vojinha e o jovem cantor Tio Lino, entre outros. Na área do teatro, Moisés Évora citou João Branco e Vítor Silva.
“Tem havido algum ‘feedback’ junto das pessoas e parece que, no dia 27, vamos ter muitas pessoas descalças”, disse Moisés Évora à Lusa.
Para o empresário e editor José da Silva, mentor das editoras Lusáfrica e Harmonia, a cantora de jazz brasileira Badi Assad também já lhe comunicou que ia aderir à iniciativa.
José da Silva, que se encontra em Cabo Verde até ao próximo dia 26, garantiu à Lusa que “irá descalço para o escritório”, a 27 de agosto, quando já se encontrar na capital francesa.
Músico e intérprete de piano, Moisés Évora assegurou à Lusa que não caminhará apenas de “pés no chão” no dia 27. Celebrará também a data com muita música da “diva dos pés descalços”, expressão com que Cesária foi apelidada em França, depois do primeiro disco, e que viria a dar o título ao segundo álbum.
Um copo tomado entre amigos e um brinde a “Cize” é também como Moisés Évora conta celebrar o aniversário do nascimento da cantora – um brinde que não acontecerá sem que antes da bebida ser vertida no copo se derrame parte do conteúdo da garrafa no solo. “À boa maneira cabo-verdiana e em sinal de respeito para com os mortos e antepassados”, concluiu Moisés.
Cesária Évora morreu no Mindelo, Cabo Verde, no dia 17 de dezembro de 2011.
