Da Redação
Com agencias
O carisma do papa Francisco, as falhas de planejamento e os problemas de infraestrutura do Rio de Janeiro durante a Jornada Mundial da Juventude (JMJ) foram destaques na imprensa portuguesa. Entre os pontos negativos, foram citados o engarrafamento na chegada do pontífice, o não funcionamento do metrô e a transferência do local da vigília e da missa de encerramento da jornada, de Guaratiba para a Praia de Copacabana, por causa do alagamento do terreno.
O papa mereceu atenção constante dos correspondentes e enviados especiais dos principais canais de televisão de Portugal (RTP, SIC e TVI). Fotos da visita do pontífice ao longo da semana estiveram regularmente na primeira página dos jornais Diário de Notícias e Público e também nas edições do Correio da Manhã e do Jornal de Notícias, do Porto.
Atos públicos como a encenação da Via Sacra, o discurso do papa na Praia de Copacabana e a missa na Basílica do Santuário de Aparecida, no interior paulista, mereceram transmissões ao vivo pela TV e pela internet.
No início da visita, chamava a atenção da imprensa portuguesa a preocupação das autoridades brasileiras com a segurança do papa. “Será o maior esquema de segurança para proteger uma única pessoa”, informava reportagem do site do jornal Público, fazendo menção ao efetivo de pessoas mobilizadas para proteger o pontífice.
“A segurança do papa Francisco e dos participantes da Jornada Mundial da Juventude 2013 tem no total mais de 20 mil pessoas, com 10,2 mil elementos das Forças Armadas e 10 mil entre Polícia Militar e Federal”, contabilizava a Ecclesia, agência de notícias da Igreja Católica de Portugal, que também abastece jornais, blogs e sites.
O foco na segurança do evento ganhou força depois da notícia de que uma bomba caseira havia sido encontrada em um banheiro do Santuário de Aparecida, divulgada pela Agência Lusa na noite do dia 22. A matéria dizia que entre os brasileiros havia o “receio das manifestações”, uma referência direta aos protestos iniciados em junho em diversas cidades brasileiras, pouco antes da realização da Copa das Confederações.
As manifestações que ainda ocorrem no Brasil têm servido para reatualizar a imagem do país em Portugal. A opinião pública portuguesa começa a destacar as desigualdades e as contradições que existem no Brasil, deixando de lado a visão efusiva sobre o “país emergente” e de “classe média”, a “potência econômica”, como se ouvia nas ruas às vésperas da visita da presidenta Dilma Rousseff a Lisboa, em 10 de junho.
Segundo a edição do semanário Expresso do dia 27, durante a estada do papa Francisco no Rio de Janeiro “muitos episódios” revelaram “as fragilidades de uma cidade castigada por mazelas nos transportes e por falta de infraestrutura. Fatos que, como se sabe, contribuíram para a onda de protestos destas últimas semanas”.
A atenção dos portugueses para a visita do papa ao Brasil explica-se pelas ligações históricas entre os dois países e pela importância da Igreja Católica em Portugal. Oito a cada dez portugueses se dizem católicos. O interesse pela religião levou cerca de 500 fiéis, 60 voluntários e nove bispos das dioceses de Beja, Braga, Bragança-Miranda, Coimbra, Guarda, Portalegre-Castelo Branco e Viseu a viajaram para o Brasil para participar da Jornada Mundial da Juventude.
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